MÉDICOS fantasmas ganhavam até R$ 15 mil em 'Fartura'

TINHA PAGAMENTO DE SAÚDE bucal sem dentista e médico que trabalhava em São Paulo

Da esquerda para direita, o atual e o ex-prefeito de Fartura do Piauí

Auditores do Ministério da Saúde analisaram os repasses dos recursos para o município de Fartura do Piauíreferentes às gestões do ex-prefeito Miguel Antônio Braga Neto (2009-2012) e do atua prefeito Permino Pereira de Santana (desde janeiro de 2013). As conclusões dos auditores foram as piores possíveis para uma população que já sofre tanto com a seca. Além da falta d’água, sem estrutura básica, a população ainda tem que pagar pela corrupção dos gestores.

O relatório aponta pagamento de até R$ 15 mil médicos fantasmas, postos de saúde que não funcionam, abandonados e muitas outras irregularidades.

Atualmente, o município de Fartura está prestes a sofrer intervenção. O pedido já foi aprovado pelo Tribunal de Contas do Estado. Desde o início do ano passado que o atual prefeito Permino Pereira não presta contas e todos os recursos estão bloqueados.

Segundo os técnicos que foram a Fartura do Piauí, há muito tempo a Prefeitura adota a prática de deixar nos cadastros do SUS médicos que não trabalham no Programa Saúde da Família do município. O esquema funcionava em todas as Unidades Básicas de Saúde. Uma médica esteve cadastrada durante mais de um ano, mas a auditoria não encontrou nenhum atendimento realizado por ela. A prática se repetia com outros postos de saúde e profissionais.

Na verdade quem ganhava o salário eram outros profissionais que não apareciam nos cadastros do Ministério da Saúde. Já na atual gestão, o Ministério constatou que o esquema continuava sendo praticado. Os dados não eram atualizados com o objetivo de continuarem os repasses dos recursos federais para o Programa Saúde da Família e o Programa de Saúde Bucal.

A Prefeitura de Fartura deixava os cadastros desatualizados de propósito para dificultar a fiscalização. De julho de 2013, um médico que não estava cadastrado no sistema tinha contrato de R$ 15 mil. Porém, o mesmo profissional estava cadastrado em uma carga horária de 40 horas semanais a mais de 200 km dali, na cidade Capitão Gervásio.

Os técnicos do ministério também descobriram que tinha um médico ganhando dinheiro da Prefeitura de Fartura com uma carga horária de 86 horas por semana. Esse profissional aparecia também como médico em dois estabelecimentos de saúde em São Paulo. Um deles era no Hospital Beneficência Portuguesa.

Quanto aos postos de saúde de Fartura do Piauí, não possuem a mínima condição de funcionar. Nem alvará sanitário eles possuem. Muitos continuam em situação precária, sem funcionar e pondo em risco a saúde da população.

As fotos que os auditores tiraram estão anexadas ao relatório. O documento deve ser encaminhado ao Ministério Público Federal e para a Polícia Federal apurarem e punirem os responsáveis pelas suspeitas de fraudes contra o Sistema Único de Saúde.

“Durante visita in loco identificou-se que a Unidade Básica de Saúde de Fartura do Piauí, localizada na zona urbana apresenta equipamentos e insumos com irregularidades e/ou insuficientes para atender aos pacientes cadastrados e acompanhados nos programas de saúde, conforme fotos”, diz o relatório. As unidades da Zona Rural também estão todas com irregularidades.

fonte 180graus.com