Bebê com cardiopatia congênita precisa de cirurgia urgente no Piauí
Família já recorreu à Defensoria Pública (Foto: Amanda Reis de Oliveira/Arquivo Pessoal)
Sofia Maria Carvalho Reis tem apenas oito meses e precisa fazer uma operação para corrigir uma cardiopatia congênita nos próximos 34 dias. A bebê tem Síndrome de Down e também Defeito no Septo do Atrioventricular Total (DSAVT), que compromete o funcionamento do coração da criança se não houver uma operação. A cirurgia depende de um cadastro nacional, gerenciado pelo Ministério da Saúde.
Segundo o pai de Sofia, Francisco da Chagas Carvalho Rego, um pedido para participar do Tratamento Fora de Domicílio (TFD) foi solicitado desde julho. “A gente tá com processo para o TFD, mas nunca dão previsão alegando que a fila é nacional e dizem para a gente rezar e esperar”, comentou o pai da criança, que é contador e atualmente trabalha como prestador de serviços.
Problema de sofia foi constatado durante a gestação
(Foto: Amanda Reis de Oliveira/Arquivo Pessoal)
(Foto: Amanda Reis de Oliveira/Arquivo Pessoal)
Com isso, a criança está sob risco porque o prazo para fazer a cirurgia que pode corrigir o problema fica cada vez mais curto. “O cardiologista diz que o ideal é fazer a cirurgia até o novo mês de vida e ela vai completar oito meses no dia 3 de janeiro. Temos 34 dias, porque depois disso ela pode ter hipertensão pulmonar e complicar a cirurgia”, disse Francisco das Chagas.
A família recorreu à Defensoria Pública em busca de um mandado de segurança para garantir a cirurgia, mas não conseguiu uma decisão favorável por parte do plantão judiciário, já que a Justiça está em recesso. O problema de Sofia foi descoberto no quinto mês de gestação da mãe, Amanda Reis de Oliveira.
“No 5° mês foi feita a ultrassom morfológica e foi visto um problema na comunicação interatrial, mas a expectativa era que com o desenvolvimento fosse se fechar. Em um novo exame o médico descobriu novos problemas e foi pedido para terminar o pré-natal na Evangelina Rosa”, comentou o pai, que mora com a família em Barras, Norte do Piauí.
Após o nascimento de Sofia, os médicos informaram aos pais que ela tinha Síndrome de Down. “Nas primeiras vacinas a enfermeira perguntou se era Síndrome de Down e os médicos depois confirmaram. Foi aí que o médico constatou que ela tinha o Defeito no Septo do Atrioventricular Total”, enfatizou Francisco das Chagas.
Ele explicou que o problema também faz com que todos os meses a família tenha de se deslocar para Teresina. “Todo mês a gente vai para Teresina para fazer o acompanhamento. A arrecadação de fundos é inicialmente para despesas iniciais e as despesas de todo mês”, disse acrescentando que uma estimativa do cardiologista que atende Sofia é que o procedimento custe R$ 200 mil.
Como Sofia Maria tem baixa imunidade o pai da criança tem de alugar um carro para vir à capital, já que não pode viajar de ônibus. “Toda a despesa é nossa e temos feito o possível para arcar, mas eu sou prestador de serviço e a mãe, que é professora de geografia está cuidando integralmente dela”, falou.
O conselheiro tutelar, Djan Moreira, que acompanha a peregrinação da família lamentou a falta de uma decisão judicial favorável no plantão judiciário. Ele explicou que é a primeira vez que há uma negativa em uma situação como a de Sofia Maria.
“Infelizmente a burocracia falou mais alto. O plantão judicial tem exigências e a juíza entendeu que a situação não se encaixava no plantão por falta de um laudo feito no dia do pedido e pela ausência de uma negativa formal da Sesapi”, relatou o conselheiro tutelar.
Cadastro Nacional decide sobre procedimento
A Secretaria de Saúde do Piauí (Sesapi) informou que Sofia Maria foi incluída no Cadastro Nacional de Regulação em Alta Complexidade (CNRAC), que define o atendimento a pacientes na situação da menina. O cadastro é mantido e direcionado pelo Ministério da Saúde e levam em conta a idade, o peso e os procedimentos a serem realizados. A Sesapi informou ainda que atualmente três hospitais realizam o procedimento. Um fica em Recife, outro em São Paulo e o terceiro no Rio Grande do Sul.
De acordo com a Sesapi a classificação leva em conta também a gravidade do quadro dos pacientes que precisam dos serviços de cardiopatia infantil. Há no momento uma vaga em aberto, mas que depende de definição do hospital, prevista apenas para o dia 9 de janeiro.