Promotor culpabilizou vítimas de abuso sexual em parecer contra ginecologista, diz delegada
Felizardo Batista é acusado de abusar sexualmente de pacientes
A delegada, Carla Brizzi se manifestou contra o parecer do promotor de Justiça Francisco Raulino Neto, que pediu o arquivamento do inquérito que trata sobre o caso do médico Felizardo Batista. O ginecologista/obstetra é acusado de abusar sexualmente das pacientes.
Em entrevista ao Portal AZ, a delegada afirma que o promotor Francisco Raulino culpabilizou as vítimas e omitiu uma delas no documento.
“Ele tem a possibilidade de pedir o arquivamento do inquérito, mas também de decidir pela continuação das diligências. No parecer, ele desconsiderou uma das vítimas, que representou contra o indiciado um dia depois do crime fazendo um B.O. E citou, apenas, as que perderam o prazo para formalizar a denúncia. Mas nós temos elementos importantes e que precisam ser analisados. Eu discordo do parecer, pois não podemos menosprezar elementos. O promotor as culpabilizou por ter algumas dúvidas com relação ao processo, ao invés, de pedir para que esclarecêssemos os fatos. A Polícia Civil está à disposição para isso”, afirmou a delegada Carla Brizzi.
Brizzi ressaltou ainda que as mulheres perderam o prazo de seis meses para registrarem as denúncias por terem medo. “Nós sabemos da dificuldade que é para uma mulher formalizar uma denúncia como essas. Na maioria das vezes, elas sentem medo, e também acham que o caso vai dar em nada, ou seja, o agressor não será devidamente punido. Realmente, há essa dificuldade para as vítimas adquirirem coragem para falar sobre o crime”, disse.
O parecer seguiu para a Central de Inquérito onde será analisado pelo juiz de Direito, Luiz de Moura Correa.
Entenda o caso
Uma paciente que não teve a identidade revelada procurou a Delegacia da Mulher em Teresina para denunciar o médico Felizardo Batista. Segundo a mulher, ele teria aliciado a paciente durante uma consulta médica. A mulher teria saído chorando do consultório e em seguida, a família da paciente denunciou o caso.
Ao Portal AZ, o médico negou as acusações e afirmou que está sendo vítima de uma situação embaraçosa e que irá recorrer tanto à Polícia quanto ao Conselho Regional de Medicina para provar que é inocente.
“Realizei uma consulta de rotina nela no último dia 16. Ela [paciente] veio me procurar depois que a irmã dela, que já era minha paciente, me indicou. Todo o exame foi feito na presença da minha assistente de nome Rosa Moraes. Ela é testemunha de que em momento algum eu ultrapassei o limite da consulta ou agi de maneira inadequada, seja apalpando ou olhando ela de forma diferente”, afirma o ginecologista.
Ainda segundo os relatos divulgados nas redes sociais, outras pacientes já teriam passado pela mesma situação, mas Felizardo Batista afirma desconhecer qualquer antecedente. “Em 30 anos de profissão eu nunca passei por um caso assim. Fico constrangido por que afeta não só profissional quanto o pessoal”, disse o médico.
A Clínica Santa Fé decidiu pelo afastamento do médico, até maiores esclarecimentos sobre o ocorrido.
Nota de repúdio – Maternidade Santa Fé
A Clínica Santa Fé repudia o comportamento de qualquer profissional com a atitude de aliciamento ou qualquer outra conduta que fira a dignidade do paciente. A maternidade também informa que é recomendação que seus obstetras e ginecologistas atendam ou realizem exames em pacientes apenas acompanhados pela sua atendente e com a presença de um familiar. O médico citado nas supostas denúncias teve seu atendimento médico ambulatorial suspenso até maiores esclarecimentos. A Santa Fé, reafirma seu compromisso com a missão de promover a saúde e bem-estar da mulher.