Estado comemora a marca de quase 200 mil atendimentos do Ceir em 2017
Dados registram crescimento de aproximadamente 25% em relação ao ano anterior.
Reconhecer objetos, brincar, interagir com outras pessoas e responder a estímulos são conquistas que a pequena Sofia Moura só obteve aos 2 anos e 6 meses de idade. A atenção dada a Sofia faz parte dos 195.792 atendimentos realizados pelo Centro Integrado de Reabilitação (Ceir), em 2017. Os dados são do balanço de atividades divulgado pelo centro que revela um crescimento percentual de mais de 25% em relação ao ano de 2016, que teve um total de 153.034 atendimentos, conforme as metas pactuadas com a Secretaria de Estado da Saúde (Sesapi).
Para o pai de Sofia, Carlos Paulino Lima da Silva, o que pode parecer atividade comum do cotidiano de qualquer criança é uma coleção de grandes vitórias para a filha, nascida com uma lesão cerebral, que compromete seu desenvolvimento intelectual, físico-motor, fala e visão.
“Há seis meses ela frequenta o Ceir, e a há seis meses nos surpreendemos dia a dia com o desenvolvimento de suas habilidades. Hoje ela está mais relaxada, melhorou a visão, consegue brincar, reconhece as pessoas, entende quando a gente fala e até sorri”, relata Carlos.
Sofia, assim como Iara Maria de Freitas, de 3 anos, faz natação, fisioterapia, musicoterapia, tem sessões com a fonoaudióloga e terapia auditiva, entre as várias atividades oferecidas no centro.
“A Iara foi diagnosticada com traços de autismo e deficiência intelectual. Há três anos ela faz tratamento e percebemos todos os avanços que ela tem tido, tanto aqui quanto em casa. Essa melhora acontece graças à dedicação dos profissionais, que se preocupam sempre em saber se a criança está evoluindo, se está bem e nos orientam como agir e como nos comunicar com ela. Também há por trás disso toda a estrutura de atendimento que é oferecida para minha filha”, conta Izabel Catarina Lustosa.
Tratamento humanizado
Com uma média de 2.412 pacientes atendidos, mensalmente, em 2017, o número de atendimentos vem crescendo anualmente. Em 2008, ano em que o Ceir foi criado, o somatório dos atendimentos foi de 14.302 e a média chegava a 149 pacientes atendidos por mês.
O centro oferece reabilitação físico-motora com um atendimento multiprofissional que inclui áreas como terapia, fisioterapia, fonoaudiologia, serviço social, psicologia, pedagogia, arte-reabilitação, musicoterapia, terapia ocupacional, hidroterapia, hidroginástica e reabilitação desportiva – com natação, capoeira, futebol para amputados e basquete em cadeiras de rodas.
A instituição também conta com a reabilitação intelectual, Programa de Saúde Auditiva, Oficina Ortopédica, Centro de Diagnóstico e Clínica de Microcefalia. Todos os serviços do centro são realizados por meio do Sistema Único de Saúde (SUS).
De acordo com a fonoaudióloga Lizard Batista, o Ceir oferece tratamento humanizado e personalizado no processo de reabilitação, um diferencial para o sucesso da adaptação à condição de pessoa com deficiência física e/ou motora.
“Muitos pacientes chegam com pouca evolução e com o tratamento conseguem grandes avanços. Aqui, acompanhamos o desenvolvimento de cada um e garantimos o suporte para que evoluam cada vez mais. Para isso, contamos com toda estrutura, que nos permite trabalhar em conjunto dentro das necessidades específicas de cada um”, destaca a fonoaudióloga.
Um passo à frente para a autonomia
Entre os serviços que ganharam destaque em 2017 e contribuíram para a ampliação do número de pacientes cobertos pelos Ceir está o projeto “Passo à Frente”. A iniciativa funciona por meio de uma oficina itinerante que descentraliza os serviços oferecidos pela Oficina Ortopédica e, com um micro-ônibus e um caminhão adaptado, leva os produtos ortopédicos aos pacientes com deficiência motora, devolvendo autonomia para muitas pessoas com deficiência do interior do Piauí.
O projeto “Passo à Frente” é realizado a partir da parceria entre o Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado da Saúde do Piauí (Sesapi), Ministério da Saúde, e com administração da Associação Reabilitar, organização social sem fins lucrativos que administra o Ceir.
Na Oficina Ortopédica Itinerante há produção de órteses e próteses, além de coletes, botas, palmilhas, sapatos para pé diabético e pé congênito; um micro-ônibus para o transporte de uma equipe técnica do Ceir (formada por uma terapeuta ocupacional, dois sapateiros, um projetista e um técnico em ortopedia) e um caminhão para o transporte de meios auxiliares de locomoção, como cadeiras de rodas e de banho, muletas, bengalas e andadores, entregues pelo serviço por meio do Sistema Único de Saúde (SUS). A unidade móvel tem capacidade para realizar 100 atendimentos por dia, que consistem em prescrição, medida e confecção de moldes, provas e entregas.
De acordo com a programação de 2018, o primeiro município a receber a oficina itinerante será Corrente; em seguida, José de Freitas e Uruçuí receberão os produtos ortopédicos.
“Em cada mês estaremos em uma região diferente do nosso estado. Dessa forma, com a colaboração dos agentes de saúde de cada município, estaremos mais próximos da população e conseguiremos alcançar mais pessoas, atendendo 100% da população com deficiência motora”, frisa o superintende Multiprofissional do Ceir, Aderson Luz.
Mais de 1 milhão de atendimentos
Em maio de 2017, o Ceir bateu a marca de 1 milhão de atendimentos. Ao final de 2017, já foram contabilizados 1.184.059 atendimentos, que transformam vidas por meio da dedicação de colaboradores e voluntários, que, com esforço conjunto, boas ideias e serviços de excelência, ajudam a melhorar a qualidade de vida de quem tinha poucas perspectivas de ter uma vida independente ou mesmo dar o que, para muitos, é um simples passo.
“2017 foi um ano muito gratificante para a instituição. Nossa meta para o ano passado era de 153 mil atendimentos e conseguimos ampliar esse número em mais de 25%. Foi um crescimento que deixou todos os colaboradores satisfeitos e, em 2017, quando completamos 9 anos de Ceir, passamos de 1,1 milhão de atendimentos”, diz Aderson Luz.
Em relação ao crescimento do centro, o superintendente destaca a qualificação dos profissionais do Ceir como responsável por dar visibilidade e respaldo à instituição, que, perto de completar 10 anos de existência, já se consolidou como referência na reabilitação de pessoas com deficiência.
“É um fato que se deve à qualificação da equipe. A cada ano que passa, a experiência adquirida pelos nossos profissionais vem propiciando ganhos em volume e qualidade. Hoje, o Ceir mostra que a saúde pública pode dar certo. Temos uma fila de espera considerável, pois mesmo os pacientes da rede privada procuram a instituição pela qualidade dos nossos serviços”, destaca Aderson.
Para o gestor, o Ceir se destaca em todo o país pelo pioneirismo em suas ações. “Isso é motivo de responsabilidade e de orgulho e mostra que estamos no caminho certo. Principalmente porque cada pessoa que a gente consegue transformar a vida, transformamos também a dignidade e a sua família”, conclui Luz.