População busca metrô para fugir do preço de ônibus
Mesmo sendo mais barato, sistema sofre com as críticas dos passageiros, que cobram maior rotatividade e acessibilidade
Existência de apenas um metrô, falta de acessibilidade e de manutenção regular. Estas são algumas das reclamações dos usuários do sistema ferroviário de Teresina que, apesar do contexto, é um dos aliados da população diante do aumento da passagem de ônibus.
Francisco Pereira, por exemplo, chegou à estação do metrô ontem (15) pela manhã e recebeu a notícia que o veículo estava parado no bairro Dirceu Arcoverde, na zona Sudeste da Capital. “Estou esperando aqui as duas viagens, pelo jeito só volta à tarde e não posso esperar mais”, disse.
Edisio Vila esperava o metrô ontem, quando foi avisado que o veículo não passaria. Foto: Assis Fernandes/ODIA
Já o passageiro Edisio Vila questiona a gestão do sistema. “É bom, mas está uma porcaria, muito mal gerenciado. As manutenções deveriam acessibilidadeser aos finais de semana, por exemplo, para que no meio da semana não tenham essas demoras constantes”, reclama Edisio Vila.
Mesmo diante das reclamações, os teresinenses têm usado o metrô para fugir dos altos preços dos ônibus. “Não há qualidade nos ônibus, são antigos e cobram preços absurdos. Com isso, tem muita gente que prefere o metrô, pois custa menos”, avalia a estudante Kelly Cristina Andrade.
Kelly Cristina usa o metrô desde que as passagens de ônibus subiram em janeiro. “O metrô passa em frente à minha casa, eu não vou deixar de pagar R$ 0,80 para pagar R$ 3,60”, explana. Ela ainda diz que o percurso feito pelo metrô é mais ágil que o do ônibus. “O ônibus roda bem mais que o metrô, que é bem mais rápido”, acrescenta.
Para o aposentado Edisio Vila, uma das alternativas viáveis para melhorar o metrô de Teresina é investir no setor ferroviário. “Aumentar a rotatividade, não tem metrô, só tem um. Quando quebra, acaba. Por exemplo, tem que investir em linhas, na acessibilidade. Não há meios de um cadeirante utilizar o metrô, por exemplo”, argumenta.
Problema histórico
Segundo a historiadora Michelly Alcântara, a explicação para esses problemas estruturais está na história do setor ferroviário brasileiro. “No país, os investimentos no serviço ferroviário tiveram sua época de estagnação durante o governo de Juscelino Kubitschek, em que houve maiores aplicações na priorização do transporte rodoviário, devido a exigências das empresas automotivas internacionais e como forma de aquecer e crescer a economia do fordismo no Brasil”, explica.