Militares discutem Plano de Segurança Estadual com Fábio Abreu e decidem sobre greve
Categorias cobram a implementação de uma política de reajuste salarial com recomposição das perdas inflacionárias
Policiais militares e bombeiros do Piauí participam na manhã desta quinta-feira (22/03) de uma audiência pública com o secretário Fábio Abreu na assembleia legislativa, onde será discutido o Plano de Segurança Estadual, as estruturas básicas e remuneratórias da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros. Depois da audiência, a categoria reunida deverá decidir em assembleia sobre a possiblidade de greve.
Amanhã, bombeiros e policiais irão fazer uma acampamento em frente à Secretaria de Segurança Pública por tempo indeterminado. A categoria cobra a implementação de uma política de reajuste salarial com recomposição das perdas inflacionárias (2015 e 2017, lembrando que o governo só pagou atrasado a de 2016, com 6,29%).
A decisão foi tomada durante assembleia geral realizada na terça-feira (20/03) na sede da Associação dos Oficiais Militares do Estado do Piauí (AMEPI). Estiveram presentes o vereador R.Silva e os representantes das principais entidades de representação dos Policiais e Bombeiros Militares estaduais (AMEPI, ABMEPI, ABECS, ABEMPE, ARBESSA) e dos representantes dos Clubes Sociais dos Militares.
De acordo com o capitão Anderson, presidente da Associação dos Bombeiros e Policiais Militares do Estado do Piauí (ABMEPI), medidas mais extremas estão sendo deliberadas. Segundo ele, há uma omissão por parte do governador Wellington Dias, do secretário de Segurança, Fábio Abreu e do comandante geral da PM, coronel Carlos Augusto que não teriam defendido a classe dos militares e protegido a intenção do governador em não implementar a política salarial dos militares.
“Já estamos há três anos tentando de todas as formas diplomáticas possíveis construir um campo para negociação, mas deliberadamente, o governo vem resistindo e sempre criando discursos de impossibilidade financeira, ao tempo em que vem praticando paradoxalmente ações políticas de contratação de terceirizados, criação de cargos comissionados de servidores não-efetivos/efetivos e de órgãos e coordenadorias remuneradas que fizeram com que a máquina administrativa inchasse ao ponto de neste momento atingirmos o limite prudencial estabelecido na Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirma capitão Anderson.
A assembleia geral teve como abordagem central a política de reajuste salarial dos militares. Segundo o tenente Flaubert, diretor executivo da ABMEPI. "A data base para reajuste dos nossos subsídios foi em maio de 2015 e até agora o governador Wellington Dias tem resistido em abrir um canal de diálogo para discutirmos a proposta de reajuste que permita a implementação da nossa política salarial. Já tentamos sensibilizar o secretário Fábio Abreu e o comandante geral da Polícia Militar, Coronel Carlos Augusto, mas ambos estão de costas para os 10.000 policiais e bombeiros militares do Piauí, pois não executam nenhum esforço que possibilite a negociação sobre o pleito da classe. Estamos extremamente decepcionados com o secretário de segurança e o comandante geral da PMPI", afirma tenente Flaubert.
Durante a assembleia dos militares, os representantes das entidades fizeram discursos agressivos contra o governo apontando a deliberada inércia em solucionar o problema do reajuste salarial e sobre a forma descomprometida com que vem tratando o processo de modernização e de estruturação da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar que se apresentam hoje prestando um serviço precário, insuficiente e ineficiente, afirmaram os representantes das associações.
Ainda durante a assembleia foram deliberadas pautas que foram colocadas em aprovação pelos Praças e Oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros que estavam presentes. Foram deliberadas e aprovadas unanimemente várias pautas, dentre as principais, destacam-se:
1. Instalação de assembleia geral das associações militares no plenário da Assembleia Legislativa do Estado do Piauí logo após a audiência pública que tratara sobre a política de reajuste salarial dos militares estaduais e que terá como objetivo decidir as ações a serem empregadas pela tropa com objetivo de impor o reajuste salarial dos militares.
2. Realizar um acampamento com todos os militares na sede da Secretaria de Segurança Pública por tempo indeterminado, assim como, instalar assembleia geral para decidir sobre emprego do Movimento Tolerância Zero e Polícia Legal.
A assembleia geral dos militares estaduais se encerrou por volta das 20h00 com uma carreta que seguiu destino até o Palácio do Karnak onde todos se posicionaram em frente ao portão de acesso e com mãos dadas e projetadas para cima na alusão de unidade e força executaram o seguinte grito de ordem: "Polícia Militar,Bombeiro Militar, Juntos Somos Mais Fortes".
O Capitão Anderson esclareceu ainda que todas as ações e manifestações dos militares do Piauí, embora conflitantes, sempre são planejadas para que ocorram em obediência a norma legal vigente e sem ferir qualquer regulamentação legal imposta constitucionalmente.
"Estamos mais uma vez preparados para lutar pelo reajuste salarial que temos direito. Nossos subsídios são os alimentos das nossas famílias. Só temos até o dia 07 de abril de 2018 para que o Executivo encaminhe Projeto de Lei de reajuste dos nossos subsídios para que a Assembleia Legislativa aprove e promulgue a lei e que assim nossos reajustes sejam efetivados. Não daremos um só passo atrás nesse propósito. É se para isso tivermos que lançar mão de ações de enfrentamento faremos naturalmente", finaliza.