terça-feira, 5 de maio de 2020

MPPI realiza evento online sobre o cenário de propagação da covid-19 no Estado

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A Procuradoria-Geral de Justiça promoveu hoje (05) um evento online com o tema “Análise do cenário da covid-19 no Piauí”. Cinco profissionais foram convidados para conduzir apresentações: o professor Jefferson Leite, doutor em Matemática Aplicada; o médico infectologista Kelsen Eulálio, membro do Centro de Operações de Emergência (COE/FMS/PMT); o médico intensivista Bruno Almeida, assessor técnico da SESAPI; o médico intensivista Marcelo Martins, membro do Comitê Gestor de Medidas para Enfrentamento da Pandemia do Coronavírus em Teresina; e o médico infectologista José Noronha, membro do Comitê de Operações de Emergência da SESAPI.

Mais de 70 pessoas participaram da videoconferência, entre membros e servidores do Ministério Público, além de representantes do Poder Judiciário, do Ministério Público Federal, da Defensoria Pública, do Conselho Regional de Enfermagem e de outras instituições e órgãos. A procuradora-geral de Justiça, Carmelina Moura, fez a abertura oficial. “Nosso objetivo é contribuir para a disseminação de informações confiáveis, que efetivamente subsidiem a atuação do Poder Público na tomada de providências rápidas e assertivas para contenção da covid-19. Neste momento, precisamos desenvolver um trabalho sistêmico que considere aspectos diversificados da propagação do novo coronavírus, com o objetivo final de atender às reais demandas de estruturação do sistema de saúde”, declarou a chefe do MPPI. O evento virtual foi organizado pelo Centro de Apoio Operacional de Defesa da Saúde (CAODS), coordenado pela promotora de Justiça Cláudia Seabra, e pelo Centro de Apoio Operacional de Combate à Corrupção e Defesa do Patrimônio Público, coordenado pelo promotor de Justiça Sinobilino Pinheiro.

O professor Jefferson Leite falou sobre um estudo realizado pelo Comitê de Crise da Universidade Federal do Piauí, em parceria com a Secretaria de Estado da Saúde (SESAPI) e com a Prefeitura Municipal de Teresina. A pesquisa resultou no desenvolvimento de um modelo matemático para análise de disseminação da doença. De acordo com o matemático, a taxa de mortalidade nominal no Brasil, de 6,96%, se confrontada com o que já se sabe sobre o vírus, indica uma alta subnotificação de casos. Ele ressaltou que o país é um dos que menos realizaram testes no mundo. No Piauí, essa taxa é de 3,8%, o que indica uma subnotificação média.

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A projeção é de que, com a manutenção do isolamento social entre 50 e 55%, o número de casos notificados chegue a 8 mil em Teresina, com pico entre os dias 8 e 12 de junho; e a 70 mil no Piauí, com pico de 26 a 30 de julho. Estima-se que o número real de infectados seja de 15 a 20 vezes maior. O professor Jefferson Leite destacou que foi decisiva a tomada precoce de medidas de isolamento social, o que deixou o Piauí com taxas menores, em comparação com outros estados do Nordeste. Porém, o crescimento do número de casos tem um padrão exponencial, e por isso devem ser intensificadas as providências para prevenção ao contágio.

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O médico Kelsen Eulálio falou sobre as medidas para disponibilização de leitos na capital, chamando atenção para o fato de que 15% dos doentes devem chegar a ser internados e que 5% precisarão de cuidados de unidade de terapia intensiva (UTI). O intensivista Bruno Almeida destacou os aspectos biológicos do novo coronavírus, um microorganismo que desenvolveu uma estratégia de sucesso para perpetuação: resistência a variados climas, propagação pelo mundo inteiro e taxa de mortalidade relativamente baixa, o que permite a sobrevivência de número suficiente de hospedeiros para sua multiplicação. “Não adianta pensar que o clima quente ou a faixa etária vão nos proteger. A ameaça só será bloqueada quando for criado tratamento que elimine o vírus do corpo ou uma vacina para imunização prévia”, explicou.

Já o médico Marcelo Martins frisou que, quando se fala em combate à covid-19, é necessário pensar numa medicina de alta complexidade, com profissionais altamente especializados e qualificados, cenário que não é realidade no Piauí. O Estado dispõe de apenas 35 médicos intensivistas em atividade. De acordo com ele, o isolamento social contribui para que a demanda seja diluída. O aumento da necessidade de leitos de tratamento intensivo pode provocar um colapso, porque, antes da pandemia, a taxa de ocupação das UTIs da capital chegava a 78%, em decorrência de outras patologias graves.

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Martins informou também que o Brasil pode ser responsável pela diminuição da média de idade das vítimas fatais da covid-19, porque o sistema de saúde não presta efetiva assistência aos doentes crônicos, como hipertensos e diabéticos. Apesar de ser um dos países que menos realiza testes (cerca de 1.600 exames por milhão de habitantes), o Brasil já é o nono colocado em número de casos confirmados, e o segundo em número de casos graves – sendo que aumentaram significativamente as mortes por síndrome respiratória aguda grave, sem que as vítimas fossem submetidas a testes conclusivos para o novo coronavírus.

Já o infectologista José Noronha, diretor do Instituto Natan Portela – o hospital de referência para tratamento da covid-19 no Piauí –, falou sobre os desafios enfrentados pelos profissionais de saúde. Reforçou a importância do isolamento, destacando que o melhor que a população tem a fazer para evitar a rápida propagação da doença é ficar em casa. O médico falou também sobre a necessidade de combate à disseminação de informações falsas ou sem embasamento científico.

Os participantes puderam tirar dúvidas sobre diversas questões, como o uso das máscaras, o real incremento promovido pela gestão pública na quantidade de leitos reservados aos pacientes com covid-19, a realização de lockdown, protocolos de tratamento e outros temas.

A procuradora-geral encerrou o evento parabenizando os expositores. “Agradeço aos profissionais convidados pela disponibilidade, e sobretudo por terem lançado muitas luzes sobre o assunto. Destaco o notório conhecimento técnico de todos, e principalmente a postura humana, de real preocupação com a saúde e a vida da população piauiense”, pontuou Carmelina Moura.

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fonte www.mppi.mp.br

Coordenadoria de Comunicação Social
Ministério Público do Estado do Piauí MP-PI