Foto: Renato Andrade/Cidadeverde.com
A dona de casa Iracilda Pereira Campos, de 44 anos, contou ao portal os momentos de angústia e sofrimento que passou com seu filho de 22 anos, preso injustamente durante três meses, após ser apontado como autor de um estupro contra uma menina de 12 anos em Teresina. Um casal foi preso ontem (04) suspeito de cometer o crime, depois que a criança revelou em depoimento que sofreu ameaças e teve que acusar o jovem.
O jovem, que possui retardo mental grave, foi preso no dia 2 de junho e encaminhado à Central de Flagrantes da capital. Em entrevista, Iracilda Pereira conta que ver seu filho algemado será uma memória que ela nunca irá esquecer.
“Ver meu filho algemado na Central de Flagrantes, aonde eu falei que ele não poderia ficar só e a delegada disse que ia interrogar ele mesmo sem mim e quando eu sai, meu filho ficou desesperado lá. Foi quando algemaram ele e ele ficou sem entender. Isso daí foi um momento que eu nunca vou tirar na minha cabeça, porque diante dos laudos, eu falando que ele tinha problemas mentais e ninguém acreditou nisso”, disse.
Após passar uma noite na Central de Flagrantes, o jovem foi encaminhado para uma casa de recuperação para dependentes químicos no estado do Maranhão por decisão judicial. Como o filho necessita de assistência e para não deixá-lo sozinho, a dona de casa se internou com ele.
“Meu filho não é dependente químico, meu filho não tinha nem noção do que estava se passando e a gente passou três meses lá. Eu me internei com ele, porque ele não se cuida só e a gente ficou lá durante esses três meses nesse sofrimento”, acrescentou.
O jovem foi solto no dia 29 de agosto, após passar quase três meses preso no local. Iracilda Pereira conta que o filho não entendia o motivo da prisão e mudança na sua rotina e ficava constantemente pedindo para voltar.
“Ele ficava pedindo para vir embora, chorando para vir embora e eu inventando mil desculpas que ele não entendia porque que estava lá, porque abandonou a casa dele. A gente abandonou tudo, mudou a rotina para viver a vida lá. Era um ano que era pra gente ficar lá, sem ele ter feito nada”, disse.
Suspeito não conhecia vítima
A mãe destaca que o seu filho não conhece a vítima e que o problema mental dele foi um fator que ajudou a prendê-lo injustamente.
“Ele nunca viu essa menina. Até hoje eu fico me perguntando porque que jogaram para meu filho, porque ele não tem como se defender e quem conhece sabe que não foi ele que fez uma coisa dessa. Eu não desejo isso, que eu passei, para ninguém porque foi um terror. No dia do meu aniversário a pessoa receber os policiais em casa dizendo que meu filho era estuprador, isso foi algo que eu nunca vou tirar da minha mente”, explica.
Iracilda Pereira desabafa ainda que seu filho ficou muito assustado e agitado depois do ocorrido. Sem condições financeiras para arcar com os custos da prisão injusta do jovem, ela conta que só quer tentar esquecer os últimos meses.
“Eu espero justiça, que pague! Agora eu vou tentar esquecer tudo que passou porque está sendo difícil e foi muito gasto. Fizemos rifa porque a gente não tinha nada, foi feito contas para pagar os custos de advogados por algo que não foi investigado, por uma justiça que não quis saber, só condenou e pronto. Nem os parentes quando chega na minha casa ele não quer receber, ele se tranca no quarto. Ele está de uma forma que qualquer coisa ele está todo se tremendo, se ele ver um carro ele fica assustado porque não foi fácil não”, desabafa.
A defesa da família de M.P.C. destacou que irá pedir uma indenização ao Estado sobre a prisão do jovem.
“Esse falsa acusação não atingiu só a ele, a mãe dele também foi atingida de forma direta. O que a gente for pedir de indenização em danos materiais não vão ser suficientes para suprir os traumas que eles passaram, mas nós vamos pedir uma reparação do Estado em relação a esse grave erro”, disse a advogada Pâmella Monteiro.
Renato Andrade/Cidadeverde.com
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