“Querem calar a boca da gente, mas eu vou continuar falando até o fim”, diz mãe da jovem que foi morta dentro da instituição após calourada
A família da estudante Janaína Bezerra afirma que foi retirada da Universidade Federal do Piauí (UFPI) enquanto era realizada uma homenagem à estudante, que foi brutalmente assassinada dentro da instituição após uma calourada em janeiro desse ano. O assassino foi condenado a 18 anos e seis meses de prisão.
A mãe de Janaína, Maria do Socorro Silva, diz que gostaria de ter ficado até o final das apresentações que foram organizadas por membros do movimento estudantil. Um memorial em homenagem à Janaína Bezerra foi inaugurado no dia 30 de novembro, no Centro de Ciências da Educação (CCE), da Universidade Federal do Piauí (UFPI); ele fica no bloco do curso de Comunicação Social.
“Queria assistir a todas as apresentações, mas não deixaram. Tiraram a gente, disseram que não tinha mais a ver com a gente. Nós queríamos ter falado. Praticamente fomos arrastados. Por que eles não deixaram a gente assistir até o final? Porque querem calar a boca da gente, mas eu vou continuar falando até o fim”, disse em vídeo divulgado nas redes sociais.
As informações iniciais apontam que um carro que teria sido disponibilizado pela universidade para fazer o transporte da família estava aguardando para levá-los para casa por volta das 19h. No entanto, a solenidade ainda não havia se encerrado.
DCE esclarece
O DCE Esperança Garcia da UFPI divulgou uma nota de esclarecimentos sobre o fato. O movimento destaca que não foi o responsável pela retirada da família de Janaína do local.
"Se esperou pela Administração Superior da Universidade um espaço solene, no entanto os estudantes utilizaram do espaço para fazer manifestações e repúdio aos casos de assédio que estão acontecendo na Universidade, em menos de uma semana, 4 denúncias públicas foram feitas. Quando os estudantes começaram a se manifestar via microfone e cartazes, a família da Janaína foi retirada pela a Administração Superior, nesse momento ainda não tinha acabado o espaço, pegando a todos de surpresa, o que ficamos sem entender no momento, até que uma pessoa correu atrás da família e a mesma sem entender no momento e a mesma alegou que o carro estava de saída e precisava sair", descreveu em nota.
Veja a íntegra da publicação
O DCE Esperança Garcia da UFPI, vem a público esclarecer algumas coisas que são importante mediante aos últimos acontecimentos do caso Janaina Silva.
Primeiro reforçamos que o que queremos como Instituição é honrar o legado de Janaina, para nós a família deve fazer parte desse zelo de sua memória, por isso ressaltamos nossa total solidariedade a família e amigos, em mais um desenrolar dessa triste história.
Alguns dias os portais de noticias, noticiaram que a Administração Superior iria inaugurar um memorial para Janaína, pegando o corpo de estudantes de surpresa, pois o memorial era uma ação organizada pelos estudantes de jornalismo, aprovado em Assembleia do Curso, que logo em seguida foi relacionado a programação do JUBRA.
Essa primeira parte já foi esclarecida quando foi colocado a luz do que aconteceu em reunião dos estudantes com o CCE após toda a confusão feita, sendo a princípio apenas um pedido do espaço para a homenagem para o CCE que logo em seguida foi acordado pelo CCE uma ajuda financeira na manutenção do espaço sendo ela com as tintas destinadas a pintura, mantendo o CA do curso com toda elaboração artística e os custos, como pagamento da artista e aprovação do projeto.
Na primeira reunião sobre a parceria foi entendido pelos estudantes que o dinheiro empreitado seria destinado pelo orçamento próprio do CCE, após a repercussão foi entendido numa outra conversa que o dinheiro passou pela liberação da Administração Superior no entanto não informado anteriormente aos estudantes. No entanto ainda sim faria parte do projeto acordado entre os alunos e o CCE, tendo em vista que orçamento não é exclusivo de uso da Administração Superior mas pode ser destinado a projetos como este.
No dia da Inauguração do Memorial se esperou pela Administração Superior da Universidade um espaço solene, no entanto os estudantes utilizaram do espaço para fazer manifestações e repudio aos casos de assédio que estão acontecendo na Universidade, em menos de uma semana 4 denúncias públicas foram feitas.
Quando os estudantes começaram a se manifestar via microfone e cartazes, a família da Janaína foi retirada pela a Administração Superior, nesse momento ainda não tinha acabado o espaço, pegando a todos de surpresa, o que ficamos sem entender no momento, até que uma pessoa correu atrás da família e a mesma sem entender no momento e a mesma alegou que o carro estava de saída e precisava sair.
No mesmo momento o DCE fez a denúncia nos stories da nossa página que agora está vinculada no nosso feed sobre a situação.
A retirada da família nada tem a ver com os estudantes que se expressaram de forma enlutada e em luta por melhorias na segurança do nosso Campus.
É importante explicitar isso para que ataques ao Movimento Estudantil, não sejam tolerados, pois somos nós que nos mantemos erguidos lutando para que nenhuma Janaina morra mais dentro da UFPI, ao mesmo que repudiamos qualquer ataque aos Centros Acadêmicos em luta por seus cursos e seus estudantes.
DCE Esperança Garcia da UFPI
O que diz a UFPI
O portal procurou a Universidade Federal do Piauí para comentar o caso, mas não obteve resposta oficial até o fechamento desta matéria.
Relembre o caso
Janaína Bezerra, de apenas 22 anos, foi assassinada em uma sala da UFPI, após calourada ocorrida entre a noite de sexta-feira, 27 de janeiro, e a madrugada de sábado, dia 28. Thiago foi preso horas depois e teve a prisão preventiva decretada pela justiça no domingo, dia 29.
Em depoimento à polícia, ele contou que já conhecia a vítima e teriam “ficado” em outras ocasiões. Ele relatou que estavam em uma “calourada” na UFPI e que por volta das 2h convidou a jovem para seguirem a um corredor e em seguida se dirigiram a uma das salas de aula onde praticaram sexo consensual e que após a prática sexual a vítima teria ficado desacordada por duas ocasiões, sendo a última por volta das 4h.
Thiago Mayson da Silva Barbosa foi julgado e condenado a 18 anos e seis meses de prisão. A defesa da família da estudante Janaína Bezerra irá pedir a anulação do júri, que está sendo questionado por equívocos de jurados. A qualificadora de feminicídio não foi considerada, o que poderia aumentar significativamente a condenação do réu.
fonte a10mais.com