Promotor admite que ainda é possível identificar o matador da estudante Fernanda Lages
Ubiraci Rocha não revela detalhes
Apesar de transcorridos mais de cinco anos, o promotor de Justiça Ubiraci Rocha admitiu que ainda é possível indicar o assassino da estudante Fernanda Lages, morta em 25 de agosto de 2011 em Teresina. Há elementos que ainda não foram descartados no bojo dos inquéritos feitos pelas polícias civil e federal. O promotor não quis dar detalhes.
“Nunca esqueço de um ensinamento do perito Antônio Lunard (do MP-DF), o tempo vai dificultando as provas, mas um bilhete encontrado, alguém insatisfeito, podem levar ao autor de um fato criminoso”, frisa o promotor ao lembrar do caso do então poderoso diretor do Orçamento do Senado, José Carlos, nos anos 90, que matou e enterrou sua própria mulher e o crime só foi descoberto muitos anos depois, quando a investigação policial já estava praticamente concluída.
As polícias civil e federal concluíram seus inquéritos apenas informando que Fernanda Lages teve morte violenta, acidental ou teria praticado suicídio. Essas conclusões não convenceram os dois promotores do caso, Ubiraci Rocha e Eliardo Cabral, este último já aposentado. Ubiraci sustenta que a garota foi assassinada.
Ubiraci Rocha ainda tem requerido diligências à policia civil para investigar pontos que ele considera não explicados pela extinta Cico (Comissão de Investigação do Crime Organizado), que era comandada pelo delegado Paulo Nogueira.
O promotor espera também do Instituto Médico Legal (IML) respostas para algumas questões relacionadas a conturbada perícia feita no local, a antiga obra da sede do Ministério Público Federal, onde o corpo da estudante foi encontrado.
O promotor quer trazer a público o nome do homem que se encontrava com Fernanda Lages e Naira Veloso em frente ao prédio do MPF momentos antes da morte da estudante. A Polícia nunca se interessou em fazer uma investigação mais aprofundada sobre esse fato, apesar do testemunho do vigilante Jeison, segundo o qual, tinha essa figura masculina na companhia de Fernanda e de Nayra.
Além dos promotores de Justiça acreditarem nas informações passadas por Jeison, o delegado da Polícia Federal, Francisco Freitas, disse para Ubiraci, dentro da sede da PF, em Teresina, com veemência, que o depoimento do vigilante era cem por cento confiável, dada a segurança com que Jeison repetiu por diversas vezes a mesma versão, sem mudar nada.
“Freitas não só falou isso para mim como chegou a marcar um novo depoimento de Jeison, com a minha presença e lá pude constatar que tinha total procedência a afirmação do delegado federal”, lembrou Ubiraci. A referida testemunha também foi ouvida no âmbito do Ministério Público.
O promotor Ubiraci Rocha não considera relevante o trabalho feito sob coordenação da perita Conceição Krauser, que resultou no perfil psicológico de Fernanda Lages. Segundo o promotor, Krause procurou mais denegrir a imagem da vítima.
A perita Maria da Conceição Krause concluiu e divulgou o relatório com a autópsia psicológica da estudante Fernanda Lages, concluindo que a estudante tinha perfil suicida. De acordo com a conclusão da autópsia de Krause, antes de morrer, a jovem estava com “decadência biopsicossocial”, que consiste no comportamento depressivo que Fernanda estava apresentando nos últimos meses de vida.
Para Ubiraci Rocha se fosse levado em consideração o trabalho de Conceição Krause significaria dizer que Fernanda Lages teria sido responsável pela sua própria morte, “o que seria inadmissível. A Polícia tem que produzir provas para buscar o esclarecimento e a autoria do delito e não macular a imagem da vitima”, concluiu.
Defesa de engenheiro pede cópia do Inquérito
O Portal AZ apurou que o advogado do engenheiro Jivago Castro, Cleanto Jalles, tentou, por três vias, conseguir uma cópia do inquérito que apura a morte da estudante Fernanda Lages.
Ele se dirigiu, em ofício, ao delegado geral Riedel Batista que consultou o Ministério Público e foi negado.
Insatisfeito, Jales protocolou pedido junto à Promotoria que acompanha o caso. Novamente negado. Posteriormente, ele recorreu à Corregedoria do MP, que emitiu parecer negando. Por fim, Cleanto Jales apelou ao juiz da 1ª Vara do Tribunal do Juri, Antônio Noleto, que também negou.