"Queria pedir perdão pelo que meu filho fez", diz mãe de réu
Os sentimentos de angústia e revolta tomam conta dos familiares do jovem Elias Gomes dos Santos Júnior, 14 anos, assassinado em novembro do ano passado, por um celular. O réu Matheus Henrique Ferreira da Silva, 18 anos, chegou algemado e permaneceu o tempo todo de cabeça baixa.
Em lados opostos estão as mães de vítima e reú. De um lado, Marilene Gonçalves [mãe da vítima], pede Justiça. Do outro, a mãe do réu [que não quis se identificar] desabafa e diz que "se pudesse, abraçava a mãe da vítima e pedia perdão pelo que meu filho fez".
"Creio que ele fez isso, mas não entendo o por quê? Penso na mãe da vítima 24 horas e se pudesse dava um abraço e pedia perdão pelo que meu filho fez. Sou mãe, também estou sofrendo...não queria isso. Que Deus tenha misericordia de nós duas.. Mas o sofrimento dela é muito grande. Eu estou com meu filho vivo, apesar de temer pela vida dele. Acredito no fundo do coração, ele está arrependido, mas ele não fala", disse a mãe do réu que chorou ao lembrar do crime do qual seu filho é acusado.
Acusado chega ao julgamento
Já Marilene Gonçalves, bastante abalada, diz que seu filho foi vítima de um crime bárbaro e espera Justiça.
"Foi um crime bárbaro. Tiraram a vida do meu filho por um celular. Tô angustiada... não é fácil estar aqui, mas Deus está me dando forças. Perdoar, só Deus. O perdão está com o Senhor. Nesse momento só quero que Justiça", diz a mãe do estudante.
Fotos: Wilson Filho/ Cidadeverde.com
Mãe da vítima
Elias Gomes foi vítima de um latrocínio (roubo seguido de morte). O crime ocorreu no Parque da Cidade, na zona Norte de Teresina.
"Um pedaço da gente que foi tirado", desabafa pai da vítima
O pai da vítima também crê que a condenação, de certa forma, alivia a dor da família.
"Meu filho não vai voltar, mas quero que a morte dele não fique impune. Ele era apenas uma criança que não devia nada a ninguém. De repente, chegou uma pessoa que se sentiu no direito de tomar o celular e disse que meu filho reagiu e pegou e deu uma facada. Se ele for condenado, ele não vai fazer mal a outra pessoa. O que ele fez com meu filho foi muita maldade", disse Elias Gomes dos Santos, pai do estudante.
Fotos: Wilson Filho/ Cidadeverde.com
Pai da vítima acompanha o julgamento
Ele conta ainda que os sentimentos de solidão e saudades tomam de conta da família.
"Ele só tinha 14 anos...lutamos para criá-lo e de repente alguém vem e nos dá uma rasteira. Minha outra filha está grávida e o Elias só falava em ver o sobrinho, mas não teve a oportunidade...A gente está sem chão, apenas sobrevivendo", disse o pai que acompanhou o julgamento ao lado da esposa e parentes.
O julgamento teve início ao meio-dia. Três testemunhas de acusação e duas de defesa estão sendo ouvidas pelo juiz Carlos Hamilton, da 1ª Vara Criminal. O defensor público, Sílvio César Queiroz, assiste o réu. O promotor de Justiça, Antônio Rodrigues de Moura, e um assistente de acusação defendem a condenação do acusado.
A sentença será anunciada após alegações finais de ambas as partes.
Fotos: Wilson Filho/ Cidadeverde.com
Julgamento presidido pelo juiz Carlos Hamilton