sábado, 25 de outubro de 2014

Centro tem dificuldade de encontrar família para acolher crianças


Centro tem dificuldade de encontrar família para acolher crianças

A pessoa que tem o perfil ideal para ser uma Família Acolhedora é aquela que não quer adotar.

O I Encontro Estadual da Adoção “Toda Criança em Família” promoveu vários debates acerca da temática entre os dias 23 e 24 de outubro. A iniciativa é da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí (OAB-PI), por meio da Comissão de Direitos Difusos e Coletivos, e pelo Centro de Reintegração Familiar e Incentivo à Adoção (Cria). 
Para Francimélia Nogueira, presidente do Cria, o evento foi uma grande oportunidade de discutir a temática e pontuou o grande impasse que o Centro enfrenta, que é conseguir que essas crianças consigam uma Família Acolhedora. Segundo ela, as 28 crianças do Cria, que estão em Família Acolhedora, foram incluídas em outro contexto, no qual essas pessoas querem adotá- las, o que não é permitido. 
“O nosso maior desafio é conseguir família para fazer o acolhimento familiar como diz a legislação. A pessoa que tem o perfil ideal para ser uma Família Acolhedora é aquela que não quer adotar, que aceita criar e cuidar daquela criança provisoriamente, mas não pode adotar, sabendo que se quiser adotar não terá preferência e que terá que sair do programa para entrar com o pedido de adoção”, explica. 
Quem se interessar em oferecer um lar temporário poderá acolher a criança ou adolescente por seis meses, podendo ser prorrogado por mais três vezes, totalizando dois anos. Francimélia Nogueira pontua que está sendo feito um trabalho para que esse tempo seja o menor possível, para que essa criança encontre a família definitiva ou possa voltar para o seio familiar, se possível. 
Para a presidente do Cria, esse é um momento de desafio, para conquistar e descobrir essas pessoas que tenham esse perfil. De acordo com Francimélia Nogueira, em cinco anos de existência do Centro, das 28 famílias acolhedoras, apenas três seguem o perfil de acolher sem a intenção de adotar. 
Francimélia Nogueira salienta que promover um seminário com esse tema, no intuito de tentar encontrar atitudes concretas de mudança no código, no âmbito profissional, pode ajudar a agilizar os processos para retirar as crianças e adolescentes dos abrigos. 
“Se existe uma destituição do poder familiar, vamos fazer essa destituição. Vamos chamar a família do cadastro e colocar essa criança para adoção. Se essa criança tem condição de ser reintegrada à família, então vamos fazer isso”, pontuou, acrescentando que 188 crianças são acolhidas em seis instituições do Estado do Piauí. 
A cantora evangélica Rosélia Alves esteve no Encontro e contou um pouco da sua história. Ela, que é mãe de três filhos homens, disse que sempre teve vontade de ter uma menina, mas, por conta do trabalho agitado, não seria possível ter uma gestação longe de casa. Há um ano, ela conheceu a pequena Maria, que, na época, tinha apenas dois anos.
 “A Maria foi lá para minha casa e a gente foi se apegando. No final do ano, ficamos com ela por dois meses e quando foi para deixar ela lá [no Cria] ninguém aguentou. A partir daí, decidimos que não queríamos perdê-la”, falou, acrescentando que faz cinco meses que está com a guarda provisória da menina, que é “um anjo que Deus colocou lá em casa”.

fonte portal o dia