Promotor discorda da Polícia e inquérito de gerente do BB indiciará 6 PMs por crime doloso
O promotor militar, Assuero Stevenson, informou nesta sexta-feira (24), ao participar do Jornal do Piauí, que discordou do inquérito da Polícia Civil sobre a morte do gerente do Banco do Brasil, Ademyston Rodrigues Alves. No inquérito policial houve o indiciamento dos policiais por crime culposo. O promotor não concorda e denunciou os seis policiais por crime doloso. Com essa decisão, os PMs não serão julgados pela justiça militar, mas pela comum.
Promotor contesta resultado do inquérito da Polícia Civil (foto: Wilson Filho/Cidade Verde)
Já se passaram dois anos desde que Ademyston Rodrigues Alves, gerente do Banco do Brasil, na cidade de Miguel Alves, a 113 quilômetros de Teresina, foi morto durante um assalto a agência. A esposa da vítima está insatisfeita e reclama da Justiça. No entanto uma denúncia do Ministério Público (MP) pode mudar essa situação.
Entre os policiais indiciados está o tenente coronel Erotildes Messias de Souza Filho, comandante da operação.
Em entrevista ao Jornal do Piauí desta sexta-feira (24), o promotor Assuero Stevenson afirmou que os quatro policiais militares - podendo chegar até seis - envolvidos na troca de tiros com os assaltantes, que resultou na morte do gerente, podem responder por crime doloso, e não por crime culposo, como havia sido cogitado no inquérito da Polícia Civil.
De acordo com o laudo da Polícia, Ademyston Alves morreu com duas lesões fatais, uma na cabeça e outra que atravessou seu coração. Os dois tiros vieram de fora do carro, em disparos feitos pela Polícia Militar. O documento concluiu ainda que foram os fragmentos dos projéteis das balas da polícia, que atingiram a lataria do carro, que mataram o gerente.
"Eu analisei todo o inquérito policial não resta dúvida de que o crime é doloso, quando se tem uma vontade deliberada de cometer o crime ou quando se assume o risco de matar. Todos tinham a consciência de que no carro vinha um refém. A partir do momento que começaram uma troca de tiros eles assumiram o risco de matar não só os bandidos como o gerente", explicou o promotor Assuero Stevenson.
A novidade no caso deu esperança a família da vítima, que espera por justiça. "O promotor dizendo que acredita em crime doloso deu uma esperança para a gente. Porque o que eu e meus filhos recebemos do Estado foi indiferença, trataram esse caso com uma banalidade absurda, como se fosse uma coisa normal matar uma pessoa", lamentou a viúva, Sandra Alves.
Para Assuero Stevenson a família tem o direito de estar indignada com o desenrolar dos fatos. "Entendo a indignação da família porque só para apurar um homicídio se passaram dois anos, e para isso não há justificativa. E eu só posso lamentar e dizer que realmente a conclusão do inquérito não foi bem feita", ressaltou.
Depois da analise feita pelo Promotor de Justiça, o inquérito foi encaminhado para Miguel Alves, onde um representante do MP deverá fazer uma denúncia. "Dessa forma, os quatro policiais que estavam na linha de frente e efetuaram a troca de tiros contra o carro onde estava a vítima deverão responder pela autoria do crime", finaliza.
Morte de Ademyston completou dois anos