Agentes abortam fuga na Penitenciária Mista de Parnaíba
Detentos foram interceptados no momento em que se preparavam para pular muro que daria acesso à parte externa.
Uma fuga de dois detentos da Penitenciária Mista de Parnaíba foi abortada por agentes penitenciários na madrugada desta sexta-feira (24), por volta das 5 horas.
Os dois presos foram identificados como Westhefane Fernandes Correira e Juvenil Matos Carvalho. Ambos estavam encarcerados na cela coletiva 5. Segundo Kleiton Holanda, diretor administrativo do Sindicato dos Agentes Penitenciários do Piauí (Sinpoljuspi), eles quebraram uma parede, escalaram um muro, rasgaram a tela de proteção superior e já estavam quase chegando ao segundo muro, que dá acesso à parte externa, quando, enfim, foram interceptados pelos agentes penitenciários da unidade penal.
"Assim que os agentes fizeram a interceptação, os dois presos logo se agacharam e se renderam. Mas por muito pouco eles não conseguiram pular o muro para fora da penitenciária", detalha Kleiton Holanda.
O sindicalista alerta que apenas cinco agentes ficam de plantão por turno na Penitenciária Mista de Parnaíba. Em contrapartida, a unidade penal abriga quase 500 presos do sexo masculino e aproximadamente 40 detentas. Embora o presídio tenha capacidade para encarcerar apenas 157 pessoas. "No setor feminino é ainda pior, porque há apenas uma agente por plantão para cuidar de todas as presas", critica Kleiton Holanda.
Ele também relata que apenas uma parede frágil divide as alas masculina e feminina da penitenciária. Como consequência, são frequentes os casos de detentos que quebram a estrutura para ter acesso às celas das mulheres e manterem relações sexuais. "Não são casos de estupro. Elas mesmas concordam com a prática. Mas é um fato que não deveria ocorrer. Esta penitenciária foi inaugurada ainda na década de 90, num local que era um mercado público. Sua estrutura é feita com tijolos de alvenaria, e é facilmente deteriorada pelos presos. O ideal seria que a Secretaria de Justiça construísse uma nova Casa de Detenção na região norte do Estado, nos moldes da Casa de Detenção Provisória de Altos, inaugurada em maio deste ano", opina Kleiton.
O diretor do Sinpoljuspi denuncia que, enquanto os cerca de 3.600 presos do Estado ficam amontoados em celas inóspitas e submetidos a condições completamente inadequadas para o processo de ressocialização, o Governo do Estado deixa de construir uma nova Casa de Detenção que já tem R$ 17 milhões assegurados em recursos federais. "Esse montante já está disponível, na Caixa Econômica Federal, para construir uma nova unidade penal ao lado da recém-inaugurada Casa de Detenção Provisória de Altos. Seria uma unidade com capacidade para 600 presos, e sua construção tem sido adiada por conta da inércia do Governo. Duas licitações para realização da obra já foram realizadas, mas acabaram sendo sustadas, uma pela ex-secretária Ana Paula e outra pelo atual secretário Daniel Oliveira. A Secretaria de Justiça não explicou o porquê dessas sustações, mas elas devem atender aos interesses de alguém. Mas o interesse da população não está sendo atendido", critica o diretor.
'Concurso é para ontem', diz dirigente sindical
O diretor do Sinpoljuspi afirma que o Governo do Estado precisa fazer um concurso em caráter de urgência e convocar pelo menos 600 novos agentes penitenciários. "Hoje, o Estado possui apenas 700 servidores divididos entre as 15 unidades do sistema prisional. E muitos deles estão prestes a se aposentar. Portanto, o ideal seria que o Governo pelo menos dobrasse a quantidade de agentes antes que a situação piore ainda mais. Nossa categoria trabalha sob constante pressão e em condições precárias. A insegurança é constante, tanto para os presos quanto para os agentes penitenciários", denuncia Kleiton.