“No Piauí, 60% das famílias negam a doação de orgãos”, diz coordenadora
A doação de órgãos encontra algumas barreiras no país, entre elas a falta de informação, e principalmente a recusa familiar.
Dia Nacional de Doação de Órgãos. A data serve para conscientizar os brasileiros sobre a importância da doação e como esse ato pode salvar outras vidas. Apesar do crescente número de transplantes que são realizados Brasil, as estatísticas ainda estão bem longe do que seria considerada ideal.
O número de famílias que aceitaram doar os órgãos de um parente que morreu aumentou 58% no primeiro semestre de 2015, mas o tempo de espera ainda é grande para os pacientes que aguardam na fila de espera. Em alguns casos, dependendo da complexidade, a espera pode custar a vida do paciente.
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A doação de órgãos encontra algumas barreiras no país, entre elas a falta de informação, e a recusa familiar. No Piauí essa realidade ainda é bem presente. O estado ficou no 16º lugar no ranking nacional de doação de múltiplos órgãos, 17º em transplantes de rins, e 12º em transplantes de córnea.
A coordenadora da Central de Transplantes do Piauí, Maria de Lourdes Veras, explica que a doação de órgãos ainda é um tabu para grande parte dos piauienses. “No Piauí, 60% das famílias negam a doação de órgão. As pessoas, por conta da falta de informação, ainda não entendem como funciona todo esse processo de doação, e a importância disso”, avalia.
Todo paciente que registra morte cerebral pode ter os órgãos doados. Após o diagnóstico, as famílias são consultadas e orientadas sobre o processo de doação. “Fazemos exames para comprovar que o sangue não está mais circulando dentro do cérebro do paciente. Entender isso é algo muito difícil para a família, porque, como os outros órgãos ainda estão em funcionamento, eles mantêm a esperança”, comenta.
O número insuficiente de leitos de Terapia Intensiva no Piauí também é uma barreira encontrada para aumentar a doação de órgãos no estado. Após o diagnóstico da morte cerebral, para garantir a doação, a equipe médica precisa manter os órgãos em funcionamento.
“O paciente precisa estar com ventilação adequada para manter os tecidos vivos. Para isso precisamos de todas as condições de terapia intensiva. Nesse quesito ainda estamos deficientes”, avalia a coordenadora da Central de Transplantes.
No Brasil, para ser doador de órgãos basta comunicar a família o desejo, ainda em vida. Não é necessário nenhum documento por escrito. Maria de Lourdes Veras explica que a família tem um papel fundamental nesse momento. “No Brasil, somente a família pode fazer a doação. Para ser um doador, basta comunicar os familiares, que vão ter que respeitar o seu desejo.