Líquido usado em suposto ritual de magia negra não era veneno de rato
A maioria das dúvidas sobre as causas da morte da garota Francisca Alice Silva Barreto, 10 anos, ainda não foram esclarecidas. Porém, resultado de um dos exames apontou que ela não havia ingerido veneno de rato, uma das hipóteses consideradas na investigação da Polícia Civil. Em entrevista ao Jornal do Piauí, a promotora da Infância e Juventude, Vera Lúcia Santos, destaca que- por outro lado- a tese de envenenamento ainda não foi descartada.
"O inquérito ainda está sendo instaurado. Estamos na fase de oitiva das pessoas envolvidas no caso, como a mãe da menina. Não sabemos ao certo o que aconteceu e a causa morte da menina. O resultado desse exame apontou apenas que o envenenamento não se deu por chumbinho. O papel dos peritos foi, primeiramente, descartar o envenenamento pelo veneno de rato. Isso é o que temos de concreto e aguardamos os resultados das perícias", explica Vera Lúcia Santos.
A promotora ressalta ainda que o caso é complexo por envolver questões religiosas. A menina teria sido levada a um terreiro no povoado Flor do Campo, na zona rural de Timon-MA e bebido uma garrafada para curar problemas respiratórios. Pelo ritual de purificação, a mãe da menina pagou R$ 500 dinheiro para que ela se curasse da asma.
A vítima passou quase duas semanas em coma e deu entrada no HUT com a cabeça raspada e com sinal de cruz nos braços, o que pode caracterizar tortura.
A promotora ressalta ainda que a criança pode ter morrido de causas naturais, mas é enfática ao afirmar, mais uma vez, que as causas da morte dependem da perícia.
"Por outro lado, a criança tinha sinais de maus tratos pelo corpo e a priori o responsável pela criança será punido pelo crime de maus tratos e tortura. O MP se preocupa em apurar a verdade dos fatos, porque não temos interesse em condenar pessoas inocentes. Precisamos de fatos concretos para fazer a denúncia, que só será feita quando recebermos o inquérito policial completo. Sabendo a causa morte, faremos o nosso papel", finaliza.