Jovem denuncia ameaça de morte recebida através de bilhete homofóbico
Suposto vizinho escreveu que iria arrombar a porta e tocar fogo no rapaz e nos seus amigos. Vítima registrou BO e teme voltar para casa.
O medo de entrar para a triste estatística das vítimas de crimes contra o público LGBT está fazendo o jovem Hugo Antônio da Silva Carvalho passar uns dias longe de casa, após receber um bilhete com mensagens homofóbicas. Em conversa com o Portal, ele conta que o bilhete foi deixado embaixo de sua porta um dia depois de receber uns amigos em seu apartamento. Ele procurou a Delegacia de Direitos Humanos, em Teresina mas diz que não foi recebido pelo delegado, tendo sido atendido por uma plantonista. Mesmo depois de formalizar a denúncia, Hugo ainda não recebeu ainda nenhum retorno da polícia quanto ao caso e permanece apreensivo quanto à possibilidade de voltar para casa.
Amigos do rapaz, que é maranhense e mora em Teresina há 13 anos, usaram as redes sociais para mostrar indignação quanto ao caso. Em uma foto do bilhete recebido por Hugo, é possível ver ameaças de morte explícitas e palavras de baixo calão sendo usadas para se referir a ele e a seus amigos. O recado começa pedindo “respeito e menos barulho, principalmente em altas horas, com gritarias escândalos, entre outros”. Em seguida aparece um termo pejorativo referindo-se a Hugo e seus amigos e no último trecho lê-se: “... O aviso foi dado. Da próxima vez arrombaremos sua porta e tocaremos fogo em vocês”.
Foto: Reprodução/Facebook
Em seu relato, Hugo contou que recebeu uns amigos na noite do domingo em seu apartamento e que os reuniu no salão de festas do condomínio onde mora, na Morada do Sol, justamente para não incomodar os vizinhos com as conversas. “A partir das 22 horas, é regra evitar barulho lá e em respeito a isso, eu os levei para o salão de festas, onde ficamos conversando e jogando carta. Depois de um tempo, alguns amigos foram embora e outros ficaram porque são de fora. Continuamos as conversas em casa, mas respeitando as regras do condomínio. E no dia seguinte estava lá o bilhete debaixo da minha porta me ameaçando claramente de morte”, afirma.
Quanto ao tratamento recebido na Delegacia de Direitos Humanos, Hugo diz que ficou surpreso e, ao mesmo tempo, revoltado com o fato de não ter seu depoimento formalmente colhido pelo delegado. “A mulher que nos recebeu sequer perguntou meu nome e eu ainda levei um amigo como testemunha, mas mesmo assim, alegaram que o delegado estava ocupado e que não podia sair da sala. Esperamos um tempo e nada. Então a própria mulher digitou meu relato, pegou meu nome e disse que o delegado me ligaria para dar um retorno, mas até agora não recebi nada”, explica Hugo.
O Portal ligou para a Delegacia de Direitos Humanos, mas a plantonista informou que o delegado João Paulo de Lima se encontra em reunião e não está disponível para falar no momento.