Demora na Central de Regulação prejudica tratamento de crianças com cardiopatia congênita
Criança faleceu devido à demora no atendimento
Mais uma criança piauiense morre vítima da cardiopatia congênita. A doença é uma anormalidade na estrutura do coração, presente desde antes do nascimento, e necessita de um tratamento rápido, adequado e de alta complexidade. No Piauí, esse tratamento não é ofertado e a regulação deste pacientes para fazer o tratamento fora do Estado tem certa demora e burocracia.
O conselheiro tutelar Djan Moreira afirma que essa demora leva a morte de muitas crianças no Estado, já que a fila de espera é muito grande. “Infelizmente aqui no Piauí não é feito esse tratamento e essas crianças têm que ser levadas para outros estados e isso demora. Muitas vezes a criança fica até cinco meses na fila de espera. Quando passa tanto tempo assim, por vezes fica até impossibilitado de fazer a cirurgia, pois já tem passado do período adequado para o tratamento”, explicou o conselheiro.
Na madrugada nesta quinta-feira (25), Ysabella Lua, de apenas dois anos, faleceu depois de esperar pelo tratamento. Ela vinha sendo atendida desde novembro do ano passado, passou pelo procedimento cirúrgico e neste mês, na reavaliação médica para a realização de novos procedimentos, não resistiu e faleceu.
“Isso acontece pela demora no atendimento. Então temos denunciado, fazendo o apelo para que esse problema seja resolvido e evite a morte de mais crianças”, afirmou Djan Moreira.
Procurada pelo Portal AZ, a Secretaria de Saúde do Estado explica que a demora acontece por conta de uma fila de espera, que contém pacientes de todo o país. Segundo o órgão, o tratamento de alta complexidade, e risco, é feito em poucos hospitais do país. Devido à grande demanda nacional, há uma regulação destes leitos, que é feito pela Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade (CNRAC), do Ministério da Saúde.
Através de nota, a Secretaria explicou o processo. Veja abaixo o documento na integra:
Sobre os pacientes que necessitam de assistência em alta complexidade fora do Piauí, a Secretaria de Estado da Saúde esclarece que a regulação dos pacientes é feita pela Central Nacional de Regulação de Alta Complexidade(CNRAC), do Ministério da Saúde.
Cabe ao Estado garantir toda assistência à paciente e a família, desde o transporte a despesa de alimentação e hospedagem, feito via pagamento de diárias. Além disso, a família recebe acompanhamento de assistente social.
Entre 2016 e 2017, tivemos um avanço significativo no agendamento e realização de cirurgias referente à cardiopatia congênita: foram 36 crianças atendidas, como o Francisco Yago e o Anielson, ambos já estão retornando para o Piauí.
Infelizmente, apesar dos esforços tanto da Secretaria de Saúde como das equipes na rede hospitalar, tivemos perdas, como da Ysabela, que teve sua primeira consulta no dia 14 de novembro de 2016, permanecendo até o dia 28 de dezembro, depois de sido submetida ao procedimento cirúrgico.
Ao receber alta no ano passado, Ysabela já tinha a data programada para reavaliação médica: 18 de abril de 2017, onde estava internada, para realização de novos procedimentos.
A Secretaria se solidariza com a família, ao tempo em que presta as condolências e suporte necessário para as despesas funerais.