quinta-feira, 14 de agosto de 2025

FEMINICÍDIO Homem é indiciado sob suspeita de agredir companheira e mentir sobre acidente em Teresina; vítima morreu no hospital

 A vítima ficou internada por um mês, mas não resistiu aos ferimentos; delegada dá detalhes do caso que sofreu uma reviravolta

A Polícia Civil do Piauí, por meio do Núcleo de Feminicídios do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), prendeu um homem identificado como Sérgio Belo de Lira Macedo, suspeito de agredir a companheira Raiane do Nascimento Sousa, de 25 anos, em Teresina. A vítima ficou internada por um mês, mas não resistiu aos vários ferimentos e morreu no hospital. O homem foi indiciado por tentativa de feminicídio. 

Em entrevista à TV Antena 10, a delegada Nathália Figueiredo contou que, em junho deste ano, o suspeito procurou atendimento em uma Unidade de Pronto Atendimento no bairro Promorar, alegando que Raiane havia sofrido um acidente em decorrência de uma queda no banheiro. 

  

Raiane Nascimento (vítima) e Sérgio Belo (agressor)Divulgação

   

Durante o atendimento, a equipe médica percebeu que a vítima não reagia aos estímulos aplicados. Após uma avaliação mais detalhada, foi verificado que as múltiplas marcas presentes no corpo de Raiane não correspondiam a lesões de um acidente, mas apresentavam indícios claros de agressão doméstica.

De imediato, os profissionais da saúde preservaram a privacidade da paciente e suspenderam o contato do agressor com a vítima. Ela foi transferida para o Hospital de Urgência de Teresina (HUT).

"A Raiane, que o autor teria dito ao chegar que se chamava Gabriele, ela deu entrada na UPA do Promorar no dia 09 de junho. Ela não respondia aos estímulos dos profissionais de saúde, apresentava lesões pelo corpo, na região da face e diversos hematomas no corpo, com colorações diferentes, o que indicava que ela sofria constantemente agressões, e de pronto os profissionais ao analisarem a situação, acionaram à época a delegacia da mulher próxima ao local", detalhou a delegada.

De acordo com a delegada, todos os sinais levavam a crer que se tratava de uma tentativa de feminicídio. O agressor, após ser impedido de ter contato com a vítima, e não ter notícias do paradeiro dela, buscou então o Núcleo de Desaparecidos do DHPP. A polícia acredita que a tentativa foi para tentar forjar uma inocência.

"Diante de tudo que foi levantado e testemunhas que foram ouvidas, ficou muito claro que ali não se tratava de um acidente e sim que Raiane tinha sido vítima de agressões. Quando ouvimos testemunhas, elas relataram como as agressões eram brutais, inclusive tacando a cabeça da vítima na parede. Os vizinhos chegaram a intervir algumas vezes, mas acontecem muitos casos a vítima alega que nada estava acontecendo", disse.

Indiciamento por tentativa de feminicídio

Na época do crime, o suspeito chegou a ser indiciado por tentativa de feminicídio, diante de todas as provas que foram colhidas pelas equipes policiais. Dias após ser internada, no entanto, a vítima faleceu no hospital. 

Vítima e companheiro eram usuários de drogas

Segundo a delegada, tanto a vítima quanto o agressor faziam uso de drogas. Além disso, Raiane era soropositiva, razão pela qual, após ser encaminhada ao HUT, foi posteriormente transferida para o Hospital de Doenças Tropicais Natan Portella.

A delegada disse, no entanto, que os fatos apontam para a morte causada pelas agressões e descartou que o óbito tenha ocorrido em decorrência da doença. "(Morreu em decorrência) Das lesões. Ela apresentava inclusive lesões sérias na região da face, o que bate com as informações que a gente tinha que uma das formas de agressões que ele fazia era justamente lançar a vítima contra a parede", completou durante entrevista.

Cronologia do caso

  • Raiane deu entrada na UPA do Promorar ainda no dia 09 de junho de 2025;
  • Um mês depois, no dia 10 de julho, o agressor foi preso pela prática de agressão e foi indiciado por tentativa de feminicídio; 
  • Cinco dias depois a polícia concluiu o inquérito, no dia 15 de julho; 
  • Três dias depois a vítima faleceu no hospital.

Após o falecimento, a delegada registrou a informação em autos complementares, encaminhando o caso ao Ministério Público do Piauí para que fosse oferecida denúncia por feminicídio consumado.

Raiane do Nascimento Sousa, natural de Caxias, no Maranhão, estava afastada da família há vários anos, conforme informou a polícia. Seus familiares só tiveram conhecimento de seu paradeiro após a notícia de sua morte.

Fonte: Portal A10+