O pedreiro Wilton da Silva Abreu, tinha 28 anos e cuidava junto com a sua mãe, dona Isabel, das duas filhas, Maria Clara de 7 anos e Maria Vitória de 5. Eles moravam na cidade de Balsas, Maranhão, e tinham uma vida simples. A pequena Vitória há três meses submeteu-se a uma cirurgia em Teresina, onde as suas amídalas foram extraídas. Todo o procedimento foi acompanhado pela irmã de Wilton, Eliene, que constantemente vinha com a criança à capital piauiense em busca de tratamento médico.
Passada a cirurgia, Vitória precisava vir novamente à Teresina fazer acompanhamento, mas dessa vez foi diferente, o próprio pai resolveu fazer a viagem no lugar da irmã, e junto com a filha embarcou no ônibus da empresa Transbrasiliana para enfrentar os quase 600km até o destino. Aqueles seriam os últimos momentos do pai com a filha.
Quando o veículo passou pela cidade de Monsenhor Gil às 9h desta segunda-feira (15/12), havia poucos passageiros, além dos dois motoristas. 3km depois, o trecho da BR-316 proibia a ultrapassagem do lado da via em que o ônibus seguia, por motivos ainda não explicados, um caminhão que transportava combustível com destino ao município de Cristino Castro, colidiu com o ônibus.
Certamente alguns passageiros foram arremessados para a parte frontal com o impacto, e os momentos a seguir foram de pânico. O ônibus virou e o combustível do caminhão começou a se espalhar, dando início a um incêndio de grandes proporções. O que aconteceu depois foi narrado pela própria Vitória após ser socorrida, onde seu pai Wilton a jogou pela janela do ônibus. “Eu te amo muito, vou te jogar e você pede socorro”. Essas palavras vão ficar para sempre na cabeça da garota que hoje chora a ausência pai.
Após conseguir escapar do ônibus Vitória seguiu desorientada para longe do fogo até ser socorrida por pessoas que passavam pelo local no momento. Ela tinha varias escoriações, algumas na boca, e em seguida foi encaminhada para o Hospital de Urgência de Teresina, depois de ter sobrevido ao acidente que matou sete pessoas, incluindo o seu pai.
24 horas após o acidente a menina apresenta quadro clínico estável, mas continuará internada. Como ela inalou muita fumaça, pode haver lesões pulmonares. Sua tia Eliene já está em Teresina acompanhando-a. Vitória não para de chorar e gritar pelo pai. Ela já está recebendo atendimento psicológico, mas mesmo que seus ferimentos cicatrizem, a dor da saudade estará sempre presente.
FAMÍLIAS SOFREM PELAS MORTES
José Bezerra Neto, 64 anos, iria para o velório da sua irmã, no município de Quiterianópolis, Ceará, que havia falecido de câncer. Ele morava em Balsas e tinha sete filhos, que moravam em São Paulo. Seu sobrinho, Miguel Bezerra Sales, foi quem compareceu ao IML realizar os procedimentos para liberação do corpo.
Antônio Francisco dos Santos era um dos motoristas, ele dirigia enquanto seu amigo descansava. Morava em Teresina, no bairro Lourival Parente, seu corpo já foi liberado para a família após reconhecimento.
Cheivan Vieira de Sousa era o motorista do caminhão que transportava combustível. Ele morava no município de Cristino Castro e vinha de Teresina. Tinha 34 anos e voltaria acompanhado de um primo, Silvio, que não viajou pois tinha que resolver algumas coisas na capital. O corpo foi liberado por familiares.
Rian de Sousa Santos tinha sete anos e morava no povoado Palitolândia. Seu corpo foi encontrado fora no ônibus, não se sabe se foi lançado com a violência da colisão, ou se tentou escapar antes de morrer. Seu corpo também já foi liberado.
O corpo de duas mulheres que foram encontrados nas cinzas deixam uma dúvida sobre as vítimas, já que Valderleia Alves Feitosa, Flaviana da Silva Sousa e Ana Silva Oliveira constam como passageiras.
Os parentes de Vanderleia não apareceram ainda no IML.
O sobrinho de Ana, 51 anos, disse que a tia vinha de Tasso Fragoso, Maranhão, visitar a filha que mora em Teresina. Ele afirma ter certeza que ela é uma das vítimas, pois a mesma ligou afirmando que embarcaria no ônibus.
O tio de Flaviana, Francisco, e a sua irmã, foram ao IML, mas os dois corpos femininos não foram liberados justamente pela dificuldade de identificação, que deve demorar mais de um mês devido ao estado dos corpos.
fonte 180graus.com