O Hospital de Urgência de Teresina Professor Zenon Rocha (HUT) deve começar, nos próximos meses, a restringir o atendimento a pacientes vindos do interior do Estado, e de outras unidades federativas.
A intenção da Prefeitura de Teresina é que o Pronto Socorro do município passe a receber apenas pacientes referenciados, ou seja, que forem encaminhados formalmente por médicos de outras unidades de saúde, havendo ainda a necessidade de se realizar uma comunicação prévia ao HUT.
Atualmente, qualquer pessoa que chega à unidade necessitando de atendimento pode dar entrada sem qualquer tipo de formalidade.
Hospital de Urgência de Teresina Professor Zenon Rocha (Foto: Elias Fontinele / O DIA)
Segundo o médico Gilberto Albuquerque, esse sistema de triagem dos pacientes já é adotado por todos os hospitais públicos do Estado e do município, e agora a Prefeitura decidiu implantá-lo também no HUT para permitir que a unidade ofereça um atendimento mais eficiente à população. "O HUT vai receber apenas pacientes referenciados, igual a qualquer outro hospital. Todos os hospitais públicos de Teresina têm portas fechadas, com exceção do HUT. Então, agora o HUT também vai trabalhar da mesma forma, como todos os hospitais do Brasil. O último que vai fazer isso é o HUT. Qualquer paciente terá que ser referenciado, seja de onde for. Do mesmo jeito que um hospital tem que ligar para o HGV, para o HU [Hospital Universitário], para qualquer lugar, é assim que vai funcionar no HUT. Qualquer paciente que precise mandar, [o hospital] liga, passa o caso e aí depois é que é liberado para mandar [o paciente ao HUT]", esclarece Gilberto Albuquerque.
Questionado pela reportagem se este novo método, que exige o prévio referenciamento, pode provocar uma morosidade no atendimento aos pacientes em estado grave, o diretor do HUT assegurou que a intenção é justamente oposta: melhorar a qualidade do atendimento.
"Paciente só pode ser removido se estiver estável. Mas nós ainda estamos discutindo com todos os outros envolvidos. Nós já conversamos com os hospitais do município, depois vamos discutir com os do Estado, com o Maranhão na próxima semana, e assim por diante. Nossa intenção é melhorar a assistência dentro de Teresina", afirma Gilberto Albuquerque.
Em áudios, suposto médico do HUT diz que portas do hospital estarão 'fechadas' para pacientes do interior
Em áudios enviados via whatsapp, um suposto médico que trabalha no HUT afirma que a partir de agora o hospital estaria com as "portas fechadas" para pacientes do interior do Piauí e de outros Estados, mesmo aqueles que chegassem aos hospital apresentando quadros de urgência ou emergência.
"As portas vão se fechar dia 1º de novembro. Podem avisar aí, quem trabalha em interior, que as portas do HUT vão ser fechadas para o interior a partir do dia 1º de novembro. Assim como as portas do HGV, do HU e do Hospital da PM - que são hospitais do Estado - são fechadas pra gente, entendeu? A gente, pra conseguir uma vaga nesses hospitais, é dez, vinte, trinta dias. Então, eles também vão segurar os pacientes deles dez, vinte, trinta dias pra mandar pros hospitais [do município]. O HGV, o HU e o HPM têm UTI, têm todos os especialistas. No Buenos Aires [hospital] só tem clínico, pediatra, cirurgião, neo, obstetra e anestesista. Nesses outros tem todas as especialidades da clínica médica. Só tem médico supercapacitado e inteligente. Então, eles têm que receber os pacientes de alta complexidade", afirma o suposto médico, num dos áudios compartilhados por meio do aplicativo de troca de mensagens instantâneas.
Em outra gravação, o mesmo homem afirma que a decisão de se restringir a entrada de pacientes no HUT teria sido tomada durante uma reunião, da qual ele não informa quais gestores teriam participado. "A reunião foi pesada. Se chegar paciente do interior pode mandar voltar. Só é pra receber se quiser, mediante a ligação do médico do interior. Entendeu?", afirma o suposto médico.
Em um terceiro áudio, ele diz, ainda, que os pacientes oriundos do interior deverão ser encaminhados para o Hospital Getúlio Vargas, para o Hospital Universitário e para o Hospital da PM, pois o município de Teresina não tem mais como manter a saúde de todo o Estado. "HUT com portas fechadas 100% para o interior, agora. Bateu, voltou. Nem com regulação. Interior agora só entra se for no HGV, no HU ou no HPM. A Prefeitura de Teresina não tem mais condições de manter o Estado do Piauí todo não", conclui.
Por meio de nota, o HUT comentou a divulgação dos áudios informando que o novo sistema de atendimento que está em fase de implantação no hospital tem como objetivo "reestruturar a rede de saúde da capital". O hospital, contudo, não refutou a informação de que a voz que aparece nos áudios seria de um médico do seu quadro, tampouco negou as afirmações que ele fez por meio das gravações.
"Na última avaliação que fizemos do hospital, nós percebemos que há muitos pacientes encaminhados para o HUT, por exemplo, com coceira no corpo, dor de ouvido, frieira - coisas que não fazem sentido. Com isso, a gente permite um movimento muito grande no hospital. E aí não tem como a gente diminuir infecções hospitalares nem melhorar o atendimento. Por isso nós vamos dar uma selecionada melhor [nos pacientes]", afirma Gilberto Albuquerque.
Confira a íntegra da nota divulgada pelo HUT:
Por conta da grande repercussão dada aos áudios divulgados na rede social Whatsapp, nesta quinta-feira (27), sobre possíveis mudanças no atendimento do Hospital de Urgência de Teresina (HUT), a direção vem a público esclarecer que a Fundação Hospitalar de Teresina (FHT) em parceria com todos os hospitais do município está elaborando um projeto para construir uma reestruturação da rede de saúde da capital. Após a conclusão, ele será apresentado para todos os parceiros e instituições de controle para as devidas adequações. Deste modo, o HUT permanece com suas rotinas mantidas no que concerne ao atendimento de pacientes de urgência e emergência.
fonte portal o dia