A Polícia Civil apresentou hoje (26) o resultado das investigações sobre a atuação das quadrilhas que estavam promovendo explosões de caixas eletrônicos e assaltos a bancos e carros fortes no Piauí. Foram identificadas três quadrilhas, sendo uma maior com 26 membros e outras duas menores.
Ao todo, a polícia prendeu 28 pessoas nos dois últimos meses. A maioria dos presos integra a quadrilha maior, que é responsável por pelo menos 15 assaltos, incluindo o caixa eletrônico do Dom Barreto e do Detran, em Teresina, e o caixa eletrônico na praça de Luís Correia. De acordo com o secretário de segurança Fábio Abreu, cinco pessoas seguem foragidas, todas membros da quadrilha maior. Três delas são apontadas como líderes.
A organização criminosa era composta por:
- Quatro líderes, responsáveis pelo planejamento intelectual das ações, escolha dos alvos, recrutamento de pessoal, e participavam diretamente de algumas ações;
- Quatro responsáveis pela compra e transporte de armamentos e explosivos;
- Dezoito "quadrilheiros", que atuavam como soldados, e executavam as explosões aos caixas. As funções eram divididas pelos líderes, e podiam ser de levantamento de alvos, olheiros, roubo de veículos usados nas ações e pilotos de fuga.
De acordo com o delegado Willame Moraes, titular da GRECO (Grupo de Repressão ao Crime Organizado), os chefes faziam o recrutamento dos membros da quadrilha entre pessoas envolvidas em outros crimes, como homicídio ou tráfico de drogas. "Todos eles têm passagem pela justiça, alguns com até oito processos em aberto", disse.
Os membros mantinham contato entre eles. Em cada crime, apenas alguns deles eram acionados, e as equipes variavam. A grande maioria era natural de Teresina, com apenas alguns membros vindos de outras cidades do Piauí.
O secretário Fábio Abreu comentou que, dos 15 crime imputados à quadrilha, apenas 10 geraram retorno financeiro. Nas outras cinco, abriram caixas eletrônicos com pouco dinheiro. "A exemplo das ações em Luís Correia, em que eles explodiram o caixa eletrônico mas não conseguiram obter lucro. Me parece que só cerca de R$ 170 reais", disse o secretário. Das tentativas de sucesso, estima-se que os bandidos conseguiram cerca de R$ 120 mil reais de cada, totalizando mais de R$ 1 milhão em todos os crimes.
Com eles a polícia apreendeu 12 armas de fogo, entre armas longas e revólveres, além de dois quilos de entorpecentes e uma balança de precisão. "Isso também é um sinal de que o crime de tráfico de drogas gera dinheiro que é investido nessas ações", comentou o delegado Gustavo Jung, que também participou das investigações.
Um dos líderes foragidos foi identificado como Índio. Ele era responsável pela fabricação caseira dos explosivos. Segundo Fábio Abreu Índio aprendeu o ofício dentro da Casa de Custódia, através de um homem nascido em Minas Gerais, que foi preso no Piauí há alguns anos. "É um exemplo dos ensinamentos dentro dos presídios. Este homem, conhecido como 'Gigante', ficou preso na Custódia. Agora temos outras pessoas usando o mesmo tipo de explosivos", comentou o secretário.
Maior apreensão de armas longas da história do estado
A segunda quadrilha apresentada pela Polícia Civil foi desbaratada ainda em dezembro de 2016. Ela é a menor em número de membros, mas a maior em termos de organização e armamentos. Com eles foi feita a maior apreensão de armas longas da história do Piauí, de acordo com o delegado Willame Moraes.
Apreensão de armas de posse da quadrilha foi a maior da história do Piauí, segundo delegado Willame Morais
"Diferentemente dessa quadrilha maior, os membros este usavam explosivos industrializados, dinamites. Encontramos com eles sete fuzis. Eles tinham rifles AK-47, 556, 762... além de pistolas e muita munição. Para se ter uma ideia do poder de fogo dessas quadrilhas", comentou o delegado. A investigação também identificou que as armas veem da Bolívia.
Dos quatro membros desta quadrilha, dois foram presos e outros dois mortos em confronto com a polícia. O grupo era especializado num tipo de crime ainda mais arriscado: o de assalto a carros-forte.
O grupo atuava no Piauí e Maranhão, e são acusados pelos assaltos a dois carros-forte: o primeiro na estrada entre as cidades de Caxias (MA) e Coelho Neto (MA) no dia primeiro de novembro, e o segundo assalto na estrada entre Altos e Campo Maior, no dia 23 do mesmo mês.
Dois membros da quadrilha especializada em assalto a carros-forte foram mortos em confronto com a polícia.
20 dias sem roubos a instituições bancárias
A terceira quadrilha presa pelo trabalho conjunto da Polícia Militar, Civil e pelo Serviço de Inteligência da Secretaria de Segurança é acusada de apenas um assalto a uma agência do Banco do Brasil da cidade de Altos. O crime foi realizado no dia 9 de novembro, a quadrilha, composta por três homens e duas mulheres, foi presa cinco dias depois.
O secretário Fábio Abreu comentou que há 20 dias não há crimes de roubo ou assalto a estabelecimentos bancários no Piauí. "Sem sombra de dúvidas, isso é efeito da prisão desses indivíduos. Não quer dizer que estamos a salvo dos assaltos, mas que aquelas quadrilhas que estavam constantemente fazendo assaltos está fora de circulação", disse.
fonte portal o dia