Quando se fala na região central de uma cidade, a primeira coisa que vem à mente, do ponto de vista da urbanização, são prédios comerciais e sedes de órgãos públicos. Fator de atração de pessoas, isso acaba valorizando a área, em termos imobiliários, e contribui para o aumento do custo de vida na região. Consequência direta desse fenômeno é que o Centro de Teresina foi sendo deixado de lado pelas pessoas quando se trata de moradia. Não se enxerga mais a região central da cidade como um local barato para se viver, mas apenas como um espaço de trânsito, com intenso fluxo populacional durante o dia e ruas vazias durante a noite.
Pensando nisso a Prefeitura Municipal de Teresina lançou o Plano de Reabilitação do Centro, que estuda a viabilização do resgaste do Centro de Teresina. O objetivo é torná-lo um espaço de uso misto entre pedestres e veículos, além de promover a integração entre comércio e moradias. O plano é baseado em diretrizes trazidas pela obra “Cidades Caminháveis”, incluindo adaptações para a realidade local.
Segundo coordenadora da área central de Teresina, Constance Jacob, da Superintendência de Desenvolvimento Urbano Centro/ Norte (SDU Centro/Norte), o centro da cidade possui uma das melhores infraestruturas para se morar, com fios de telefone e redes de internet, esgotamento e praças, porém, é uma região que só funciona em horário comercial.
O centro da cidade possui uma das melhores infraestruturas para se morar. (Foto: Moura Alves/Jornal O DIA)
Ela explica que, pelo fato de as cidades favorecem o uso do carro, o projeto visa dar protagonismo ao pedestre, mas sem perder de vista o favorecimento ao transporte público e a potencialização da função do comércio, função social e função cultural da região.
“Viadutos e asfaltamento das vias contribuem para o carro ser protagonista da cidade. Queremos as pessoas como protagonistas. Nós queremos fazer com que essa estrutura ociosa no Centro atenda mais pessoas e não só os servidores municipais e comerciantes. A função social de uma cidade é trazer habitação e queremos levar isso ao Centro, com políticas que estimulem o retorno das pessoas para lá”, afirma Constance.
A coordenadora da SDU Centro/Norte acrescenta ainda que, por conta da aglomeração de prédios públicos e comerciais, o Centro há muito tempo perdeu a característica de bairro residencial. Para ela, o que deve ser pensado em primeiro plano é o que tornaria a região mais atraente, para o cidadão morar próximo aos locais de onde geralmente trabalha. Entre as intervenções propostas estão a expansão do uso das vias de forma compartilhada entre veículos e pedestres nas ruas Simplício Mendes, Areolino de Abreu e Álvaro Mendes.
A contadora Cleide Coelho mora no centro de Teresina. Residente no bairro há 34 anos, ela comenta que todas as suas necessidades são atendidas porque mora próximo de tudo o que precisa: escola do filho e comércios. Para ela, um projeto de revitalização do Centro é uma maneira de tornar o local menos perigoso.
Cleide Coelho vê vantagens em morar no Centro e acredita que mudanças irão tornar a região menos perigosa. (Foto: Moura Alves/Jornal O DIA)
A contadora trabalha em casa e conta que já teve a oportunidade de se mudar, mas preferiu permanecer no mesmo local. Para Cleide, um dos problemas do Centro da cidade é o trânsito, que ela considera caótico. Isso, de acordo com a contadora, é intensificado ainda mais por conta do grande número de escolas concentradas naquela região.
“Eu acho que não tem como diminuir o trânsito. O comércio e as escolas não vão sair daqui e acredito que não vai haver uma diminuição de fato. Mas, para nós que moramos aqui, vai ser muito bom ter o centro vivo”, ressalta.
fonte portal o dia