Advogado é inocentado no Tribunal do Júri pela morte de deputado
Na ação penal, Virgílio Bacelar era apontado como o mandante do assassinato do deputado Francisco Abraão Gomes de Oliveira, em agosto de 1989.
O advogado Virgílio Bacelar de Carvalho foi inocentado pelo Tribunal do Júri da acusação de ter encomendado a morte do deputado Francisco Abraão Gomes de Oliveira, que foi brutalmente assassinado com um tiro de escopeta na porta de sua residência, em agosto de 1989.
O veredicto ocorreu pouco antes da meia-noite, cerca de 15 horas após o início do julgamento, que foi acompanhado por familiares de Abraão Gomes. Dos sete jurados, quatro decidiram pela absolvição do réu, e três pela sua condenação.
O promotor João Malato (à esquerda na foto) apresentou a acusação contra Virgílio Bacelar (Foto: Moura Alves / O DIA)
Virgílio Bacelar, que é advogado, fez a própria defesa, juntamente com um colega, o advogado Gilberto Alves Ferreira. Em alguns momentos em que falou, Virgílio chegou a chorar, e disse que desde que virou réu teve sua vida bastante prejudicada pela acusação de ser o mandante de um assassinato.
A acusação foi feita pelo promotor de Justiça João Malato, e o juiz Antônio Reis de Jesus Nollêto conduziu o julgamento no Tribunal do Júri.
A família ficou decepcionada com a absolvição do advogado, mas adiantou que não pretende recorrer ou solicitar que o Ministério Público o faça, uma vez que o crime já vai prescrever dentro de aproximadamente um mês, no dia 27 de maio.
Quando o crime ocorreu, em 1989, Virgílio Bacelar e Francisco Abraão pertenciam a grupos políticos rivais no município de Porto, e a acusação afirmava que o advogado havia encomendado a morte do deputado justamente com o intuito de assumir a hegemonia política na região.
Uma familiar do deputado assassinado disse à reportagem d'O DIA que a sensação é de que a impunidade venceu e de que o crime vale a pena. "Depois de 28 anos do crime é difícil você convencer os jurados, embora todas as provas levem a essa confirmação de que ele é o autor intelectual. Nos autos consta, por exemplo, o comprovante de depósito dele em nome do Alcides. Tem o depoimento do contador da Prefeitura de Porto à época confirmando que fez esse depósito. Tem o depoimento do Alcides à Polícia na época dizendo que foi ele [Virgílio] quem mandou. Tem o depoimento da mulher do Alcides, também à época, confirmando toda a história, embora no julgamento ela tenha negado, tenha dito que não lembrava de nada e não sabia de nada", afirmou uma familiar.
A reportagem tentou entrar em contato com o promotor de Justiça João Malato, para saber se o Ministério Público vai recorrer da decisão. A assessoria do MP-PI, contudo, disse que não estava autorizada a fornecer o telefone do promotor, e informou, ainda, que ele não estava atendendo as ligações por estar participando de uma correição no interior do estado.