Ex-vendedor conta como conseguiu ser promotor de justiça no Piauí
Francisco de Jesus de Lima, que foi promotor de justiça em São Miguel do Tapuio, contou a sua trajetória de vida para a reportagem do G1.
promotor francisco de jesus
As brincadeiras de infância foram trocadas pelo trabalho de vendedor ambulante no Centro de Teresina. Aos sete anos de idade, Francisco de Jesus de Lima perdeu o pai e teve que cuidar dos sete irmãos. Em entrevista ao G1, o ex-vendedor contou como conseguiu se formar em Direito e ser aprovado para concurso de Promotor de Justiça do Ministério Público do Estado do Piauí.
De origem humilde, Francisco de Jesus Lima disse que encontrou dificuldades para estudar, mas através da persistência conseguiu chegar ao curso que tanto queria.
“Assim que meu pai faleceu, minha mãe foi obrigada a trabalhar para sustentar seus filhos. Como eu era o mais velho deles, cuidava dos seis em casa enquanto ela trabalhava. Com o passar do tempo esta função ficou para meu outro irmão e eu tive que trabalhar no Mercado Central de Teresina. Lá vendíamos confecção e para arrecadar mais dinheiro, eu usava forminhas para vender cubos de gelo para os camelôs”, relembra Francisco de Jesus.
A família aproveitava os produtos que estavam em alta para comercializá-los, pois segundo Francisco de Jesus, assim eles não teriam prejuízos.
O promotor lembra que o sonho de se formar em Direito teve que ser adiado porque familiares não apoiaram sua escolha quando ele foi prestar vestibular. “Diziam que filho de pobre tinha que se formar em pedagogia ou alguma licenciatura. Por isso, eu desisti de Direito e fiz vestibular para pedagogia. Fui aprovado em primeiro lugar”, conta.
Francisco de Jesus Lima teve que administrar bem o tempo para conciliar as aulas particulares que dava com os estudos da universidade. Ao longo de dois anos, esta foi a rotina do jovem.
Ele revela ainda que a tão sonhada aprovação no curso de Direito aconteceu no mesmo ano em que o irmão também conquistou a vaga para o mesmo curso, em 1989. Para a família, e principalmente para os irmãos, aquele foi um momento ímpar, já que não era fácil ter dois jovens de família humilde e oriundos de escola pública aprovados para o curso de Direito da Universidade Federal do Piauí (UFPI).
“Fui considerado um estudante carente pelo serviço de assistência social da universidade. Com esta carteirinha, eu tinha acesso ao Restaurante Universitário (RU) sem pagar as refeições. Muitas vezes, a comida que eu comia na UFPI era a única refeição que eu fazia”, relembra.
Caminhada que valeu a pena
Para o Promotor Francisco de Jesus, caminhar durante uma hora e meia para chegar até a UFPI valeu a pena. A recompensa em passar horas sem uma refeição também chegou.
As dificuldades que enfrentou não foram motivos para abandonar o objetivo no meio do caminho. Assim, Francisco de Jesus conseguiu forma-se em Direito ao lado do irmão Francelino Lima.
Enquanto um continuou estudando para ser promotor, o outro se preparou para ser aprovado em concurso público de delegado da Polícia Civil.
“O concurso do Ministério Público do Piauí aconteceu em 1992, mas somente quatro anos depois assumi a vaga de promotor, isso porque muitos candidatos entraram com recursos na justiça pedindo a ilegalidade do processo. Hoje estou no juizado de Causas por Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher em Teresina”, disse Francisco de Jesus.
O Promotor recorda com muito orgulho a sua trajetória de vida.
“Acho que tudo valeu à pena. Eu penso com entusiasmo, e quanto mais eu penso, mas eu me empolgo pra continuar trabalhando com seriedade e dando a sociedade aquilo que ela me proporcionou. Muitas pessoas desistem no primeiro obstáculo, mas quando se tem um objetivo na vida é preciso focar nele e passar por cima das dificuldades”, finalizou o promotor.
Fonte:http://www.portalsamita.com/ Com informações do G1/PI