Denúncia: postos de combustíveis contaminam água
Sesapi comprovou infecções e presença de componentes tóxicos em quem bebeu a água nas cidades de Cocal e Sigefredo Pacheco
Dois postos de combustíveis foram responsáveis pela contaminação de lençóis freáticos nas cidades de Cocal, região Norte do Piauí, e Sigefredo Pacheco, no Centro-Norte do Estado. Os reservatórios, onde a gasolina e o óleo diesel são armazenados no subsolo, deixaram escapar produtos tóxicos, como benzeno, tolueno e xileno, que contaminaram o terreno e a água. Os dois postos se encontram interditados e processos foram instaurados para apurar o caso.
Segundo apurou pelo Ministério Público (MP), os postos não contam com licença ambiental junto aos órgãos responsáveis e, por conta disso, estariam impossibilitados de funcionar. Em seu argumento, durante uma audiência no MP, o proprietário do posto da cidade de Cocal afirmou que não sabia da necessidade de ter esse tipo de documento. A alegação foi analisada pelos representantes da Secretaria Estadual de Meio Ambiente, presentes na audiência.
No site da Agência Nacional de Petróleo (ANP), os postos continuam em atividade. Procurada, a ANP, que é responsável pela fiscalização da distribuição e abastecimento de combustíveis, informou que o sistema pode não ter sido atualizado e que, por conta disso, os postos permaneçam como se estivessem em atividade mesmo estando fechados.
Foto: Marcela Pachêco/O Dia
Antônio Vieira afirma que as formas de despoluir o lençol freático são caras e geram desperdício
A contaminação pelo vazamento fez com que a água dos poços localizados nos arredores dos postos ficasse inviável para o consumo. Análises feitas pela Coordenadoria de Vigilância e Saúde da Secretaria Estadual de Saúde do Piauí (Sesapi) comprovaram ainda infecções e presença de componentes tóxicos em populares que beberam ou tiveram contato com a água contaminada.
“O poço da cidade de Cocal fica bem no Centro, numa região de moradias e comércios. Eu vi gente com problemas de pele e outras doenças por conta da contaminação da água”, afirma o engenheiro químico Antônio Vieira de Sá Júnior, coordenador de Vigilância e Saúde da Sesapi.
A moradora das redondezas do posto de Sigefredo Pacheco, Plaibe Melo, conta que acabou mudando de cidade e que sofreu sequelas por conta do vazamento. Plaibe teve que fazer tratamento renal. “Eu me mudei, agora estou morando no Sul do Estado. Na época, tive cálculo renal e fiz uma cirurgia”, conta.
fonte portal o dia