“Falta responsabilidade governamental no Piauí”
Segundo Neto Sambaíba (PPL), o Piauí tem sérios problemas financeiros como gastos excessivos na folha de pagamento
Por que o senhor acredita que nesse momento é o melhor nome para governar o Piauí?
Foto: Assis/ODIA
O senhor já foi aliado do candidato e ex-senador Mão Santa (PSC) e diz que ele lhe deve três eleições. O que ocorreu nesse percurso para cada um seguisse um lado diferente?
É natural que cada um tenha um pensamento diferente. Eu participei do governo Mão Santa (PSC). Importante seria a imprensa ir até a COMEPI- Companhia Editorial do Piauí, onde eu fui diretor, e perguntar do vigia aos técnicos qualificados, que todo mundo sabe que eu fui um diretor que deu conta do recado. Depois eu saí do PMDB porque quis ser candidato a governador em 2010. O partido me tratou como se eu fosse um inferior, só me queria como eleitor e eu resolvi sair do partido e criei o PPLPartido Pátria Livre e recolhemos mais de 1 milhão de assinaturas para criar o partido que está em 26 Estados e no Distrito Federal. Agora eu sou presidente do PPL no Piauí e membro da executiva nacional. A partir daí eu criei meu rumo político e o ex-senador Mão Santa também. Ele saiu do PMDB e se filiou ao PSC. Foi de uma forma natural, cada um seguindo seu caminho. O Mão Santa me convidou para ser candidato a senador na chapa dele, não aceitei porque meu partido já havia decidido que teríamos candidato a governador. Eu já tinha me programado há muito tempo para ser candidato a governador do Piaui. Hoje ele é candidato de um lado e eu de outro. Somos amigos pessoais, mas temos nossas diferenças ideológicas que estão registradas em nossos programas de governo.
O senhor é poeta e professor. Que propostas possui para a valorização da cultura do nosso Estado e a melhoria da educação?
Começo pela educação. Tem que pagar bem os professores porque sem isso não é possível melhorar a educação. Depois iremos elaborar um programa psicopedagógico para que as professoras se adaptem a essa reforma e possam levar o melhor conhecimento para o aluno. Eu acredito que instalando laboratórios de informática, requalificando de forma correta os professores, com a entrega de tabletes para os professores e alunos, ambos irão mergulhar na era tecnológica como inovação do processo de educação. Iremos climatizar as salas de aula porque em qualquer lugar do Piauí, durante a tarde, chegamos a 50 graus. Isso fadiga o professor que bloqueia a capacidade de ensinar, o mesmo ocorre com o aluno que perde a capacidade de aprender. Temos que colocar quadras nas 756 escolas públicas do Estado do Piauí para que a população pratique esporte. Instalaremos palcos para a manifestação de cultura em todos os municípios do Piauí. Iremos fazer uma educação diferente da realizada hoje. O aluno vai se sentir motivado para aprender e o professor motivado para ensinar. Na área da cultura, nossa proposta é substituir a Fundação de Cultura por uma Secretaria de Cultura, que terá custeio para ajudar a bancar toda a produção cultural.
O Estado passa por problemas financeiros e já ultrapassou o limite prudencial da Lei de Responsabilidade Fiscal. Se eleito como pretende resolver esse problema?
Falta mais responsabilidade governamental no Piauí por isso o limite da Lei de Responsabilidade Fiscal foi ultrapassado. O Piauí tem R$ 8,5 bilhões de orçamento para 2014, os que chegam no governo sedinheiro ao ponto de não elaborarem projetos para buscar mais recursos. No nosso planejamento econômico propomos que dos R$ 8, 5 bilhões do orçamento para 2014, aproximadamente R$ 5 bilhões que representa 60% da receita líquida do Estado, para pessoal e os outros 3, 5 bilhões, é muito pouco para administrar o Estado, que tem 254 mil km². É um Estado territorialmente maior que muitos países de expressão mundial como Cuba e o Vietnã. Como aumentar esse capital? Primeiro, a Constituição Federal permite uma capacidade de endividamento do Estado até em 200% sobre o valor desse orçamento de R$ 8,5 milhões. Nós chegaremos aos R$ 17 bilhões somados com os R$ 3,5 bilhões, que sobram da conta dos R$ 5 bilhões para pessoal, nós teremos um montante de 20,5 bilhões. Como nós dobaríamos isso a R$ 41 bilhões? Através de parcerias inteligentes. Vamos dizer que o meu governo queira salvar o Rio Parnaíba, reflorestando desde a Serra da Mangabeira na divisa do Piauí com a Bahia e o Tocantins até os 66 km de litoral do Piauí, nós entraríamos com a contrapartida de 20 a 30% desse dinheiro de capacidade de endividamento. Certamente nós encontraremos parceiros privados, públicos nacionais e internacionais, porque o mundo quer salvar a natureza. Basta uma equipe técnica competente e uma orientação de governo correta para elaborar projetos e buscar recursos onde existem, seja na parceria pública ou privada. Além disso, nós temos 10 deputados federais e três senadores e um escritório do Piauí em Brasília para fazer o quê? É para distribuir os protocolos desses projetos. Vamos colocar esse pessoal para ajudar o Piauí a trazer esses recursos para a gente bem aplicar e gerar emprego.
O senhor é um crítico dos governos anteriores como a administração do senador Wellington Dias (PT) e do atual governador Zé Filho (PMDB). Se eleito, o que pretende fazer de diferente em relação ao que esses outros governadores já fizeram?
Como o senhor encara os críticos que acusam partidos como o seu de serem apenas legendas de aluguel?
Eu não considero o nosso partido pequeno porque é a primeira eleição estadual e federal que estamos disputando. Mas, a partir da hora que o TSE- Tribunal Superior Eleitoral registra um partido político, ele fica igual a qualquer outro. Os direitos de participação nas campanhas eleitorais são iguais. O único desrespeito é a propaganda eleitoral gratuita, que eu ainda vou lutar para regularizar a situação. Segundo, não temos nenhum filiado corrupto, o que mostra que somos grandes. E terceiro, nós erámos do G-12, grupo formado por 16 partidos pequenos. Deste total, cinco foram para o PT e nove foram para o PMDB. Não sei o motivo. Não foi simpatia e nem proposta de governo porque proposta melhor é a nossa. Agora o PPL decidiu que onde houvesse um filiado com desejo de ser candidato a governador, a executiva nacional determinou que esse candidato aparecesse de público. Eu coloquei nosso nome e o partido tanto nacional como estadual aceitou. Porque não nos alugamos e nem nos vendemos. E seguimos firme batendo de frente com os candidatos poderosos.
O PPL é um partido de direita ou de esquerda?
Essa pseudoesquerda e direita apareceu no parlamento francês há cerca de 240 anos atrás, quando os parlamentares mais rejeitados sentavam do lado esquerdo. Depois se consolidou com a criação da União Soviética na disputa pelo domínio mundial com os Estados Unidos. Isso virou um pseudoideológico, mas é uma questão muito mais geopolítica do que ideológica. No entanto, nosso partido é tão avançado quanto qualquer partido de esquerda. O PPL é de esquerda avançada e o moderna e defendemos a empresa privada e pública genuinamente nacional, em detrimento do capital estrangeiro. Somos radicalmente contra o capital especulativo. Iremos fazer que o povo participe da distribuição de riquezas. O partido é eminentemente de esquerda, mas somos genuinamente defensores de um projeto nacional desenvolvimentista.
No segundo turno se Zé Filho e Wellington Dias forem para a disputa, como apontam as pesquisas de intenção de votos, o PPL segue apoiando um dos dois?
Porque só eles dois podem ir para o segundo turno? Eu vou para o segundo turno. Estou viajando, em contato com o povo, não tenho rejeição. Sou preparado. O povo está calado. É o mesmo processo que o Firmino Filho com 2% venceu Alberto Silva com 60%. O Mão Santa com 4% venceu o Átila Lira com 67% em 1994. E o Wellington Dias saiu de 4% e venceu o Hugo Napoleão, que era o mito político da época em 2002. O Piauí é avançado do ponto de vista político e cultural. Agora chegou a vez de uma pessoa que tem o cheiro do povo como eu.