segunda-feira, 20 de julho de 2015

Defesa de prefeito de Lagoa do Sítio contrata Sanguinetti e diz que laudo do Piauí é nulo


Defesa de prefeito de Lagoa do Sítio contrata Sanguinetti e diz que laudo do Piauí é nulo

Reviravolta através de provas periciais deve surgir nas investigações a respeito da morte da ex-primeira-dama da cidade de Lagoa do Sítio

Legista George Sanguinetti questiona laudo sobre morte de primeira-dama / Foto: Reprodução TV Meio Norte

Uma possível reviravolta através de provas periciais deve surgir nas investigações a respeito da morte da ex-primeira-dama Gercineide Monteiro, de 34 anos, em fevereiro de 2015. O crime aconteceu no município de Lagoa do Sítio, localizado há cerca de 200 km ao Sul de Teresina. O principal suspeito, ex-prefeito José Simão – cassado e expulso do Partido dos Trabalhadores após o crime – está detido, assim como a empregada doméstica da casa, Noemia Maria da Silva Barros, de 43 anos. Ambos tinham um relacionamento extraconjugal.
A defesa de José Simão, representada pelo advogado Nazareno Thé, contratou o alagoano George Sanguinetti, médico legista, para fazer uma análise na perícia realizada pelos técnicos piauienses.
Gercineide Monteiro foi encontrada morta em casa / Foto: Portal V1
O resultado foi apresentado nesta segunda-feira (20/07) durante o programa Agora, da Rede Meio Norte, apresentado pelos jornalistas Dânio Sousa e Shirley Evangelista.
A defesa do prefeito adianta que vai "tomar todas as providências  que a lei assegura da ampla defesa". O advogado Nazareno Thé também não descarta motivação política para o crime e diz que houve uma "incapacidade da perícia do Piauí, que foi precipitada e incapaz de dar informações ao Judiciário; ela desinformou o Judiciário. O prefeito perdeu a esposa, o cargo, a liberdade, a credibilidade. Tudo isso é prejuízo", concluiu Nazareno.
Advogado Nazareno Thé defende ex-prefeito / Imagem: Reprodução Tv Meio Norte
Fotos do laudo usadas na TV Meio Norte e prefeito José SImão/ Foto: Montagem O Olho
O QUE DIZ O PERITO CONTRATADO PELA DEFESA DO PREFEITO
TEMPERATURA DO CORPO - 
"Nas três primeiras horas após uma morte, o corpo esfria meio grau e após as 4h da morte, o corpo esfria um grau. Um termômetro custa só R$ 50. A perícia do Piauí não especificou a temperatura do corpo, disse apenas que estava frio. Tenha paciência. Esse laudo é nulo por omissão e contradição", afirma Sanguinetti.
DUAS PESSOAS NA CENA DO CRIME- "Duas pessoas participaram do fato: ela foi contida por alguém enquanto outra pessoa disparava. Podemos dizer isso pela posição das pernas. E o tiro ocorreu sem uso de travesseiro ou lençol para abafar o tiro, ao contrário do que a perícia do Piauí apontou, já que há resíduo de sangue na arma".
CRÍTICA AOS PERITOS DO PIAUÍ - "O laudo do Piauí tem muitas assinaturas de médicos, parece um abaixo-assinado, mas é totalmente inconclusivo. Esse laudo é inservível. Foi um trabalho imperfeito, incompleto, não há nexo de causalidade e o Código Penal exige isso para determinar uma condenação por homicídio".
RIGOR CADAVÉRICO- "O rigor cadavérico apontado diz que ela morreu muito depois de 1h da madrugada, como disse a acusação".
ARMA SEM ANÁLISE DE DIGITAIS - "A arma foi apreendida, por que então não foi feito um exame residuográfico (O exame residuográfico destina-se a revelar, dentre outras substâncias, a presença de micro partículas de chumbo nas mãos das pessoas que fizeram uso de arma de ou são suspeitas de tê-lo feito)? Isso é um absurdo. Não foi feita a coleta nas mãos dos que estavam na cena do crime. Os peritos do Piauí nem falam em digital".
HORÁRIO DA MORTE- "Seu José Simão foi preso porque disseram que a vítima morreu 1h da madrugada, quando ele estaria em casa. No laudo cadavérico, porém, o perito aponta a ausência de restos alimentares no estômago, fala só de suco gástrico. O suco gástrico é um produto de glândulas que protegem o estômago. Por isso, posso afirmar que o horário de falecimento foi entre 6h e 7h"
Entrevista foi concedida no programa "Agora" da Rede Meio Norte, aos jornalistas Dânio Sousa e Shirley Evangelista / Foto: Reprodução TV MN
QUEM É SANGUINETTI
O médico legista esteve envolvido em diversos casos polêmicos no  histórico criminal brasileiro das últimas décadas, entre eles a morte do tesoureiro do ex-presidente Fernando Collor, Paulo
PC Farias e a namorada foram encontrados mortos
na casa de praia, em Guaxuma / Foto: Reprodução/TV Gazeta
César Farias, o PC Farias, e sua namorada, Susana Marcolino. Também atuou na defesa do pai da menina Isabella Nardoni, Alexandre Nardoni (ele afirma a existência de uma “terceira pessoa” na cena do crime, um pedófilo que teria matado Isabella Nardoni) e na defesa do goleiro Bruno, acusado de matar a mãe de seu filho, Eliza Samudio (o laudo particular feito pelo médico e encomendado pela defesa aponta que o ex-atleta do Flamengo teria, no máximo, cometido omissão de socorro).
Formado pela Universidade Federal de Pernambuco, é especialista em Medicina Legal. É coronel-médico reformado pela Polícia Militar do Estado de Alagoas, ex-diretor do Instituto Médico Legal de Maceió, e lecionou Medicina Legal na Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Alagoas por 32 anos.
Em junho de 1996 obtiveram destaque na mídia brasileira os desentendimentos entre os pareceres profissionais de Sanguinetti e de Badan Palhares no Caso PC Farias. Palhares processou Sanguinetti, acusando-o de ter afirmado que houve falhas graves no laudo que elaborara, sem que fossem apresentadas provas. Sanguinetti foi condenado a dois anos de prisão. À época, por ser réu primário, cumpriu pena alternativa, em liberdade.
Noêmia Maria e o esposo (Foto: Arquivo pessoal)
CRIME EM LAGOA DO SÍTIO SEGUNDO A POLÍCIA
O corpo da primeira-dama Gercineide Monteiro, foi encontrado em cima da cama e sem vida na manhã do dia 10 de fevereiro de 2015. Inicialmente, o marido e então prefeito José Simão, informou que a esposa havia sido vítima de um infarto fulminante, mas após a chegada da polícia ao local, constatou-se que a vítima havia sido assassinada com um disparo no ouvido.
José Simão admitiu aos investigadores que teria um caso extraconjugal há pouco mais de dois anos com a empregada da casa, Noemia Maria da Silva Barros. Oito anos mais velha que a primeira-dama, a empregada trabalhava há pelo menos cinco anos na residência do prefeito, desde as eleições de 2010. Segundo a polícia, Noemia teria participação no assassinato por ter escondido o revólver utilizado no crime
No último dia 16 de junho, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) negou o pedido de habeas corpus de Simão. De acordo com o parecer do ministro, os dois são investigados por homicídio duplamente qualificado pelos agravantes de vítima indefesa e motivo fútil. O ex-prefeito está preso na Delegacia de Polícia Interestadual (Polinter), e Noêmia, na Penitenciária Feminina, ambos em Teresina.

fonte portal o olho