segunda-feira, 21 de março de 2016

Ministério Público repudia atos de policial no Café Del Mar


Ministério Público repudia atos de policial no Café Del Mar

Promotora diz que tomará as medidas cabíveis para coibir atos considerados machistas

O Ministério Público Estadual, através de nota do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar, se manifestou nesta segunda-feira (21/03) sobre o incidente ocorrido no último dia 19 no “Café Del Mar”, envolvendo um policial e mulheres que frequentavam o pub localizado na zona Leste de Teresina.
Os relatos postados em redes sociais dão conta de que, após investidas com várias mulheres, seguidas de negativas, o policial sacou a arma que portava dentro do estabelecimento e ameaçou um grupo, e teria agredido uma das mulheres.
As testemunhas do ocorrido relatam que, mesmo após ter sacado a arma, foi permitida a permanência do policial dentro do estabelecimento. “O agressor não foi expulso do local da festa (as meninas da recepção me disseram que ele n foi expulso pois estava armado, era policial e poderia atirar e atingir um inocente) [sic]”, postou uma jovem que estava na festa e disse ter presenciado tudo. Ela conta ainda que chegou a acionar o gerente da casa, mas nada foi feito.
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No dia seguinte, através de seu perfil no Instagram, a casa se manifestou sobre o ocorrido, dando a versão dos fatos pela ótica da administração. Dizendo repudiar todo e qualquer tipo de agressão, o Café Del Mar anunciou que tomará todas as medidas cabíveis contra o policial militar, que “estava armado e alcoolizado”. A administração diz que o melhor a fazer foi “acalmar os ânimos, chamar a polícia e cuidar para que não houvesse mais nenhum incidente”.
Prometeu ainda que “qualquer pessoa que venha a cometer atos de violência contra qualquer um dos nossos clientes, sobretudo com mulheres, será sempre retirado da casa”. Os comentários, porém não foram suficientes para o público, nem mesmo para as mulheres que se sentiram agredidas.
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E foi em nome das mulheres agredidas que o MP decidiu se manifestar. “Mais uma vez a sociedade teresinense assistiu a culpabilização da vítima, pois, de acordo com o relato das testemunhas em diversas redes sociais, o acusado de agredir o grupo de mulheres não foi retirado do local. E, por medo, as vítimas se retiraram do local, já que não se sentiram mais seguras e não tiveram apoio dos responsáveis pelo espaço”, abre a nota assinada pela promotora Amparo Sousa Paz.
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Ela reforça que o “lamentável ocorrido” só reforça o “sexismo e o machismo exacerbado existente na sociedade”, ainda carregado de “características patriarcais e enxerga a mulher como mero objeto sexual”. “A busca pela efetivação dos direitos humanos das mulheres tem como imperativo o enfrentamento a todas as manifestações que legitimam, naturalizam ou justificam a violência de gênero. Assim, assediar e agredir uma mulher que se nega a manter qualquer tipo de contato é um desrespeito incalculável e transmite a toda a sociedade que a mulher não é sujeito de direitos, mas sim um objeto que existe para satisfazer as vontades masculinas”, segue a promotora.
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Amparo Sousa cita a Convenção de Belém do Pará, que em seu artigo 6º, indica que “é direito de toda mulher ser valorizada e educada, livre de padrões estereotipados de comportamento e costumes sociais e culturais baseados em conceitos de inferioridade e subordinação”, princípios estes feridos no ocorrido na casa de shows em Teresina, desvalorizando a figura da mulher.
O Ministério Público então repudia o ocorrido no “Café Del Mar”, prometendo tomar as medidas administrativas e judiciais cabíveis para coibir atitudes machistas.

fonte 180graus.com