quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Em julgamento do Velho Zeza, promotor chama pivô de homicídio de "musa do tráfico"

Em julgamento do Velho Zeza, promotor chama pivô de homicídio de "musa do tráfico"

Adriana Siqueira é considerada a pivô do assassinato do empresário Daniel Barbosa (Fotos: Wilson Filho)

A suposta pivô do assassinato do empresário Daniel Barbosa da Silva, em abril de 2013, Adriana Siqueira Neres, prestou depoimento na manhã desta quarta-feira (26), durante o julgamento de João Alves, conhecido como Velho Zeza, acusado de ser o mentor do homicídio. O promotor João Malato questionou Adriana quanto aos seus depoimentos à Polícia Federal, à época da Operação Pioneiros, que prendeu João Alves. Malato citou ainda que Adriana é chamada de "musa do tráfico" e assumiu funções de chefia quando Velho Zeza foi preso.
Segundo o promotor, Adriana disse à PF que logo após a morte de Daniel, ligou para Velho Zeza. Desligado, ela ligou para Odair e quem atendeu foi o Velho Zeza. "A senhora então teria reagido com ofensas, palavras de baixo calão, porque nesse momento sabia que ele era o mandante do crime". Questionada, ela disse apenas não lembrar-se desse depoimento.       
                 
Sobre outros depoimentos, à Polícia Civil, ela afirmou no julgamento que foi coagida a depor, acusando Velho Zeza de ser o mandante. A motivação para o crime teria sido passional, uma vez que, o empresário tinha uma relação com Adriana Siqueira Neto, que também mantinha um relacionamento amoroso com Velho Zeza.
"Ele [Velho Zeza] me pagava e eu saía com ele", disse Adriana. O juiz Antônio Noleto questionou se ela mantinha relacionamento concomitante com Daniel, a vítima. "Tive com ele [Daniel] e com outros também. Eles me pagavam, ia para o motel, e acabava ali".
O juiz questionou ainda se João Alves, suspeito de ser o mandante, tinha ciúmes de Adriana. "Nos autos constam que ele tinha ciúme da senhora e por isso mandou matar Daniel", disse o juiz. Ela disse que Velho Zeza nunca demonstrou sentir ciúmes. Com ele, ela afirmou ter mantido uma relação por cerca de 2 anos. Com Daniel, durante sete meses.
"Ele não tinha ciúme de mim, minha relação com ele era de ir para o motel e só isso mesmo", disse Adriana.

Por medo, testemunha pede que Velho Zeza deixe julgamento para prestar depoimento mais tranquilo
Defesa
Bruno Martins, advogado de João Alves, nega a autoria do crime. Marcelo Lima, advogado de Odair, também alega inocência de seu cliente. Em depoimento, Velho Zeza negou qualquer envolvimento no crime, disse não sentir ciúmes de Adriana e declarou sequer conhecer Daniel. 
"Deus está ouvindo e vendo, que nunca na minha vida eu nem pensei em fazer uma coisas dessas, eu nem conhecia esse rapaz, não tenho nada a ver com isso. Não matei, não mandei matar ninguém", disse em depoimento. 
O promotor destacou que há ligações telefônicas entre João Alves e Odair, em que João questiona, logo após o crime, quantos tiros foram disparados e se Daniel havia "viajado" - termo utilizado para se referir à morte de alguém. 
Além disso, a acusação destacou que João é apontado também como mandante do assassinato de Jorgiano de Araújo, que foi morto dois meses antes de Daniel. Jorgiano é pai de um dos filhos de Adriana e morou com ela durante cerca de sete anos. Em depoimento, João preferiu não se pronunciar sobre a acusação. 
Embora tenha dito que mantinha apenas uma relação de encontros esporádicos com Adriana, o promotor apresentou no julgamento a informação de que quando foi preso, João deixou sob os cuidados de Adriana a quantia de R$ 30 mil.
"Eu não era íntimo dela, apenas confiava nela, porque a mãe dela trabalhava para mim", explicou ele no julgamento. A mãe dela 
Ele teria ainda pago R$ 20 mil de honorários advocatícios para que ela fosse solta, quando foi presa por tráfico meses antes de Daniel ser morto. Conta ainda nos autos que Adriana possui uma caminhonete e uma motocicleta que seriam presentes de João. 
Família da vítima
Os familiares de Daniel afirmam estar confiantes da condenação de João e Odair, porque acreditam que as provas que constam no processo são capazes de esclarecer o caso. A mãe de Daniel, Irami Silva, falou sobre o sofrimento de esperar tanto tempo por justiça.
"Estou revivendo toda a dor, como se estivesse perdendo meu filho novamente. Mas creio que será feita a justiça, há áudios e gravações telefônicas relacionando eles com o crime", disse. 
Francisco Lima, tio de Daniel, afirmou ainda que acredita que Adriana tem participação no crime. "Logo após o crime, liguei para o telefone dele e quem atendeu foi ela. Ela sabia pelo menos que havia a ameaça, acho sim que ela tem envolvimento nisso", disse. 
Primeira testemunha
O autônomo Claudio Roberto Alves, que mora no bairro Lourival Parente, na zona Sul de Teresina, conta que no dia do crime, 08 de abril de 2013, a vitima foi até o seu local de trabalho, uma barraca de venda de cachorro-quente, consumiu alguns produtos e, minutos depois de Daniel deixar a barraca, Cláudio ouviu disparos de arma de fogo. Ao se aproximar do local de aglomeração de pessoas, reconheceu Daniel - já morto - como a mesma pessoa que havia estado em seu estabelecimento. 
Cláudio conta que  também reconheceu Adriana, considerada o pivô do crime, no local da morte. Durante o depoimento, ele, que está bastante nervoso no julgamento, contou que após ver o rapaz morto, recolheu o seu material de trabalho e foi para casa com a esposa. 
Ele também revelou que está temeroso pela sua segurança e pediu que o Velho Zeza se retirasse do local para que pudesse terminar o seu depoimento com mais tranquilidade.
Cláudio disse não saber da "fama" do Velho Zeza como mandante de crimes na região e nem o suspeito de atirar efetivamente em Daniel, identificado com Odair.
O Ministério Público foi bastante incisivo nos questionamentos para a testemunha na tentativa de relacionar Velho Zeza ao crime, mas a testemunha foi bastante evasiva e disse não conhecer os dois. Ele disse somente que no dia do crime chegou apenas a ir até o local e olhou pro rosto da vítima, lembrando que ele havia estado no seu local de trabalho. 
Durante julgamento, a defesa questionou o motivo do promotor Benigno Filho ter abandonado a acusação do caso. O promotor João Malato disse que o motivo do abandono é de foro íntimo.

fonte cidadeverde.com