Por plantão, PM levava 40 celulares para presos e faturava R$ 5 mil por semana
Polícia Civil e a Secretaria de Justiça deflagraram hoje (03) a Operação Conexão, para desarticular uma quadrilha que atuava dentro dos presídios do Piauí.
Um policial militar foi preso na manhã desta quinta-feira (03) durante a Operação Conexão, deflagrada pela Polícia Civil, por meio do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco), em conjunto com a Secretaria de Justiça do Piauí. A ação visa a desarticular uma organização criminosa responsável por articular a entrada e comercialização de aparelhos celulares, baterias e carregadores dentro das Unidades Prisionais do Estado.
Até o momento, seis pessoas já foram presas, sendo cinco em Teresina e uma em Timon. Os presos foram identificados como Josimar Carvalho da Silva, assaltante e apontado como o líder da organização criminosa, Cláudio Rodrigues do Nascimento, o PM que trabalhava na Casa de Custódia, Ismael Ferreira da Silva, Ivoneide Ângela Silva Ribeiro, Israel Alves da Silva e Paulo Reis Silva Ribeiro, que é filho de Ivoneide.
De acordo com a Sejus, o PM teria facilitado a fuga ocorrida na Casa de Custódia em 02 de março deste ano. A investigações apuraram ainda que o policial facilitava a entrada de celulares, baterias e carregadores no presídio, com cerca de 40 aparelhos sendo levados para dentro da unidade prisional a cada plantão seu. A Sejus informou que os detentos pagavam o PM para poderem receber os aparelhos.
Ao todo, estão sendo cumpridos seis mandados de prisão preventiva, quatro de condução coercitiva, sete mandados de busca e apreensão e dois sequestros de bens e imóveis, além de uma busca e apreensão nos pavilhões da Casa de Custódia, de Teresina. Os presos foram encaminhados para a sede do Greco, onde prestam depoimento ao delegado Charles de Holanda, que preside as investigações.
A Operação Conexão foi deflagrada com o apoio de cem policiais civis e militares. Os mandados foram expedidos pelo juiz Luiz Moura, da Central de Inquéritos de Teresina.
De acordo com o delegado Gustavo Jung, do Greco, Josimar é o elo entre criminosos na parte de fora do presídio e o sistema prisional. Ele repassava os aparelhos eletrônicos para o cabo da PM que os vendia aos presos da Custódia. Segundo informações do secretário de Segurança, Fábio Abreu, os celulares chegavam a ser repassados por até R$ 1.500,00 e esse preço variava de pavilhão para pavilhão.
A Secretaria de Segurança, até o momento, descarta o envolvimento de agentes penitenciárias no esquema criminoso. No final de junho, três agentes foram presos acusados de facilitar a entrada de drogas e celulares na Penitenciária de Parnaíba. no entanto, a polícia afirmou que não há elementos que ligue a atuação destes agentes com o grupo que atuava na Casa de Custódia.
As investigações iniciaram há cinco meses após a fuga de quatro assaltantes de banco da Casa de Custódia. O delegado Charles de Holanda, que presidiu o inquérito, informou que a quadrilha tinha seus membros atuando em funções bem definidas e que os criminosos chegavam a faturar valores em torno de R$ 5 mil por semana com a comercialização de celulares dentro do presídio.