quarta-feira, 9 de agosto de 2023

DHPP indicia ex-marido por tentativa de feminicídio contra influencer em Teresina

 Fotos: Renato Andrade/Cidadeverde.com

A delegada Nathalia Figueiredo, do Núcleo de Feminicídio do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), concluiu o inquérito e indiciou Anderson Figueredo pela tentativa de feminicídio contra a influencer e designer de sobrancelhas Nathalia Cantuário, com quem era casado e tinha se separado recentemente.

O crime ocorreu no dia 27 de julho, quando ele entrou na residência da vítima, que estava atendendo uma cliente, agrediu e aplicou cerca de 29 facadas na região das pernas de Nathalia Cantuário. No dia 31 de julho ele foi preso após cumprimento de mandado de prisão preventiva.

O inquérito foi concluído na terça-feira (8) e Anderson Figueiredo foi indiciado por tentativa de homicídio qualificado, com a qualificadora de feminicídio e meio ardil. O casal estava separado desde o dia 16 de julho, quando ela foi agredida e registrou um boletim de ocorrência contra ele.

“Eles estavam separados há pouco tempo e o que causou a separação, foi que no dia 16 de julho, no aniversário da própria filha, ele teria praticado condutas criminosas contra ela, oportunidade em que ela procurou a DEAM [Delegacia de Atendimento à Mulher] Sudeste e registrou a ocorrência e requereu as medidas protetivas. No entanto, o Anderson não aceitava o fim do relacionamento e mesmo com as medidas protetivas praticou o crime. Consta nos autos que ele utilizou um tom de zombaria, isso no momento que ele foi cientificado sobre a medida protetiva, ele fez pouco com a decisão judicial, então já vê que é uma pessoa com perfil de que uma decisão não faria diferença”, informou a delegada Nathalia Figueiredo.

Segundo a delegada, no dia do crime o acusado abordou um homem na rua para que ele batesse na porta da vítima, alegando que iria fazer uma surpresa para a esposa, porque sabia que ela não iria abrir a porta devido à medida protetiva. Essa atitude fez a delegada acrescentar no indiciamento que ele cometeu o crime por meio ardil.

“Ele foi indiciado, além do homicídio tentado com a qualificadora do feminicídio, nós também acrescentamos, sem chance de defesa da vítima e que ele usou de ardil, pois quando ouvimos o rapaz [que ajudou o acusado], ele nos relatou que o Anderson abordou ele de forma aleatória e disse que queria fazer um surpresa para a esposa. O rapaz, ludibriado, ajudou nesse sentido e quando ele questionou o que falava [quando estava na porta da residência da vítima], o Anderson disse que era para falar que era uma entrega. Ou seja, o Anderson sabia que como ela é profissional de beleza, recebia muitas entregas pela internet, então ali utilizou desse ardil para enganar a vítima, pois sabia que se ela escutasse a voz dele, ela não abriria o portão. Ele usou esse rapaz como um meio”, explicou a delegada que relatou que o rapaz que ajudou o acusado foi enganado e que por isso não foi indiciado.

Na residência estava uma cliente de Nathália que estava sendo atendida e a filha do casal que estava em outro cômodo. Testemunhas disseram que quando a porta foi aberta ele atacou imediatamente a vítima.

“Foi relatado pela vítima e testemunhas, que quando ele entra, vai direto no pescoço da vítima. Ou seja, ele esgana a vítima, realiza socos no corpo dela, ambos entram em luta corporal, momento em que ele puxa a faca e realiza as perfurações na região da perna. Questionaram sobre ter sido na região das pernas e se isso configuraria tentativa de feminicídio, o nosso entender sim, porque houve uma luta corporal e a vítima não se encontrava passiva em relação ao agente, então ele foi procurar locais onde tivesse mais facilidade de atingir”, destacou.

A delegada explicou que além das testemunhas, também teve ajuda na investigação de imagens de câmeras de segurança que mostraram a chegada do acusado ao local. Após a prisão, Anderson permaneceu em silêncio e segue preso. Com o indiciamento o caso será encaminhado ao Ministério Público que irá decidir se vai apresentar a denúncia a Justiça para o acusado ser levado a julgamento.

Vítima relatou medo

A vítima Nathalia Cantuário conversou com o Cidadeverde.com e relatou que eles viveram juntos por quase 11 anos, mas que nos últimos três anos ele passou a ser mais possessivo. “De três anos para cá ele vinha com um ciúme muito doentio, possessivo. Tinha ciúme de tudo, de eu vir para a casa da minha mãe só e de eu ter amizade. Sempre colocava defeito nas amizades. Ele me controlava através das redes sociais, tinha acesso ao meu celular, meu whatsapp. Meu e-mail era logado no celular dele. Isso foi desgastando nosso relacionamento, estava me sentindo muito sufocada. Acho que esse ciúme talvez tenha relação com minha independência financeira. Nós trabalhávamos juntos, mas a partir do momento que comecei a trabalhar, adquirindo minha independência financeira, meu dinheirinho, fazendo minhas coisas, acho que talvez tenha sido isso”, relatou . 

 

Após a prisão, a defesa chegou a alegar que Anderson não tinha a intenção de matar. O argumento foi criticado por Nathalia Cantuário.

“Tenho várias provas do que ele realmente é capaz de fazer comigo. São 25 facadas, precisa mais o quê para provar a tentativa de feminicídio? Ele sabia da medida protetiva e mesmo assim foi capaz de fazer isso. Ele desrespeitou a medida. E ele ficando solto? Quero ele preso. Se ele ficar preso pra mim vai ser um alívio, se ele ficar solto quem vai ficar presa sou eu. Ele vai ter que pagar pelo que fez”, disse a vítima. 


fonte cidadeverde.com