“Trabalho difícil, altamente estressante”, diz promotora ao defender capitão da PM
De um lado, OAB quer afastamento do comandante acusado de conduta abusiva. De outro, promotora e moradores manifestam-se a favor do militar
A promotora de União Gianny Viera de Carvalho elogiou o trabalho do capitão da Polícia Militar, Miguel Luz, e defendeu a permanência dele no município. A declaração foi feita durante a manifestação dos moradores, que também se posicionaram contra a transferência do militar. O ato aconteceu nesta quarta-feira (02), na Praça Filinto Rego, e reuniu centenas de populares, além de autoridades.
O pedido de afastamento do capitão Luz do município foi feito pela Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Piauí, depois de o militar efetuar a prisão do advogado Gleyson Viana de Carvalho no mês de março. O caso foi levado a OAB-PI, com denuncias de que a houve conduta abusiva por parte dos militares.
Desta forma, o presidente da Ordem, Chico Lucas, protocolou duas representações disciplinares na Corregedoria da Polícia Militar. “Quando a OAB faz pedido de afastamento de algum militar, eu não realizo o afastamento de forma imediata. Há antes uma investigação, junto à corregedoria, para comprovar a veracidade da denuncia”, firmou o coronel Carlos Augusto ao Portal AZ.
“Estamos atentos e não permitiremos excessos nem abuso de autoridades por parte de qualquer policial, seja civil ou militar. O Ministério Público também está atento, todos os dias na cidade de União. Mas, por outro lado, também não podemos deixar de reconhecer que o capitão Luz tem feito um ótimo trabalho de segurança no município. Um trabalho difícil. É uma profissão altamente estressante”, defendeu a promotora.
O coronel Carlos Augusto também defendeu o trabalho do militar, afirmando que os índices de violência diminuíram depois que ele assumiu o comando da cidade. “Ele faz um bom trabalho. O índice de criminalidade diminuiu. A cidade estava com um clima muito tenso, por conta da violência”, contou o coronel.
"Capitão Luz devolve à população o direito de se sentar à porta de casa"
Sobre o índice de violência, a promotora em seu discurso lembrou da insegurança vivida pelos moradores, e assim, defendeu a permanência do capitão na cidade. “União era uma cidade que estava jogada totalmente à violência. As pessoas não podiam sequer manter o costume cultural da cidade, que era se sentar à porta de suas casas, e hoje já podem. Hoje já temos essa tranquilidade novamente, porque as pessoas querem paz, tranquilidade”, informou.
Estremecimento entre órgãos
Caso em Avelino Lopes
Esse é o segundo caso, somente este ano, de divergências entre a Polícia Militar e a Ordem dos Advogados do Brasil secção Piauí. O primeiro aconteceu no dia 04 de março, na cidade de Avelino Lopes, quando o aspirante Miguel Raimundo Batista Júnior deu voz de prisão, algemou e conduziu o advogado Antônio Rômulo da Silva Granja à delegacia de Corrente, onde foi lavrado o Termo Circunstanciado de Ocorrência, sendo em seguida liberado o advogado.
Caso de União
O segundo caso é o da cidade de União, que teria começado no dia 17 de março deste ano, quando o advogado Gleyson Viana de Carvalho foi ao Comando de Policiamento Ostensivo do Município e, segundo a OAB, foi tratado com hostilidade pelo Capitão Luz, que teria se negado a entregar o auto de apreensão do veículo de sua cliente.
“Após uma discussão, o Capitão Luz deu voz de prisão ao advogado e chamou os policiais presentes, também representados pela OAB-PI, para algemá-lo e conduzir o causídico para uma sala do quartel. Lá Gleyson de Carvalho afirma ter permanecido por duas horas incomunicável e solicitando que fosse informado a um advogado para presenciar a ilegalidade da prisão, o que também lhe foi negado”, afirma a nota pública da Ordem.
Caso de Santa Filomena
Há ainda um possível terceiro caso, que aconteceu no município de Santa Filomena. O fato foi citado, sem detalhes, pelo coronel Carlos Augusto, porém a OAB desconhece que tenha havido algum problema no município.
O coronel completa ainda, que apesar das denuncias, não há divergências entre os órgãos. Ele afirma que mantém diálogos constantes com o presidente da Ordem, Chico Lucas e que a Corregedoria está atenta às solicitações.