Operação Forjas: PF prende onze no PI; prejuízo pode chegar a R$ 56 mi
O esquema visa, sobretudo, abastecer empresas siderúrgicas com carvão vegetal
A Polícia Federal no Piauí deflagrou na manhã desta quarta-feira (26/08) a Operação Forjas com o objetivo de reprimir a prática de crimes ambientais e fraudes contra os órgãos de fiscalização ambiental. A investigação aponta que os danos ambientais calculados podem chegar a R$ 53 milhões, levando em consideração o custo estimado para recuperação das áreas degradadas.
Estão sendo cumpridos 26 mandados de busca e apreensão, 12 mandados de prisão temporária, 11 mandados de prisão preventiva e 11 mandados de condução coercitiva nos Estados do Piauí, Bahia, Pernambuco, Ceará, Maranhão, Pará, Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso do Sul, sendo a maior parte no Estado do Piauí nos municípios de Teresina, Oeiras, Floriano, Picos e São Raimundo Nonato. Dentre as prisões decretadas estão a de dois servidores públicos federais da área de fiscalização ambiental.
Até o momento 23 prisões foram efetuadas, sendo 11 delas no Piauí. Entre os presos há um servidor do Ibama e um ex-servidor da Semar. De acordo com a PF, o dando ambiental causado pela ação do grupo criminoso, se reparado, custaria em torno de R$ 56 milhões.
De acordo com a delegada Lea Cecília Muniz, chefe da delegacia de repressão a crimes contra o meio ambiente da Polícia Federal, a Operação Forjas visa desarticular um grupo criminoso que atua principalmente na simulação, falsificação e comercialização de créditos de produtos de origem florestal a partir de licenciamentos ambientais no Estado do Piauí, com o intuito de acobertar desmatamentos ilegais geralmente em outros Estados da Federação.
Infográfico da PF mostra como funcionava esquema
“O esquema funcionava da seguinte forma, produtores rurais ou associação detinha credito de manejo florestal em áreas do Piauí. Eles cadastravam no sistema de fiscalização do Ibama chamado DOF, depois vendiam essa licença e notas de retirada de carvão mineral produzido no Piauí para siderúrgicas ou empresa de fora. Com esses documentos, os donos de siderúrgicas extraiam madeira e produziam carvão em locais mais próximos de suas empresas e usavam as licenças compradas no Piauí, para fingir a legalidade dessa extração, colocando como se fosse buscada no Piauí”, explica a delegada.
Ainda de acordo com a delegada, foram presas apenas as pessoas que seriam os produtos e interlocutores dessa negociação. “Esses produtores e pessoas que participavam da fraude foram presas, a maioria no interior do Piauí. A investigação ainda deverá explorar a participação das siderúrgicas e grande empresas, em outro momento da investigação”, destaca.
Coletiva de imprensa realizada na sede da PF em Teresina (PI)
Para conseguiram burla o sistema do DOF e a fiscalização dos órgãos ambientais, os produtores chegavam a desmatar o local em que haviam tirado a licença para exploração. “Como algumas vezes os fiscais do Ibama e de outros órgãos iam até os locais onde deveriam estar sendo explorado. Os produtores aproveitavam que tinha vendido a licença daquela área e autorizava lenhadores a desmatarem essas áreas para retirada de lenha, as revendendo ilegalmente para regiões de grande consumo como o polo de gesso no Pernambuco”, ressalta a delegada Lea Cecília.
Sobre os presos, a Polícia Federal destacou que todos ficarão sob custódia e deverão ser encaminhado para presídios de acordo com a disponibilidade de vagas. Dentre os crimes que serão autuados pelos crimes de corrupção ativa e passiva; falsidade ideológica, advocacia administrativa, participação em organização criminosa e associação criminosa; dissimulação da origem de produto florestal; comercialização e transporte clandestino de produtos florestais. Crimes inafiançáveis.
O nome da operação faz alusão ao verbo “forjar” em razão da principal prática criminosa de adulterar, manipular e simular créditos florestais. A operação contou com o apoio do Ibama e da Receita Federal, no Piauí.
Fonte: 180graus.com com informações ASCOM