terça-feira, 1 de setembro de 2015

Engenheiro aponta ligações irregulares como causa da falta de água na Capital


Engenheiro aponta ligações irregulares como causa da falta de água na Capital

Vereadores promoveram audiência pública para discutir as causas e soluções deste problema que afeta diversos bairros da capital piauiense

Uma audiência pública, sediada na Câmara Municipal de Teresina, discutiu ontem (31) a questão da falta de água em diversos bairros da cidade. A possível privatização da Agespisa também esteve na pauta de discussões. Segundo Florentino Filho, presidente do Sindicato dos Engenheiros, o problema da falta de água em Teresina se dá pela grande quantidade de ligações clandestinas, que provocam desperdício de água. 
“Os aglomerados subnormais são locais na periferia onde houve invasão e que não há infraestrutura, mas as pessoas utilizam em busca de sobrevivência. Nessa busca, elas precisam de água e energia e, assim, 16% da água que é produzida em Teresina é desperdiçada em ligações clandestinas. Isso representa 60 milhões de litros de água por dia”, afirma. 
Por outro lado, as pessoas que vivem na região, e são regularizadas, não recebem a água porque há desvios. “Segundo o IBGE, Teresina é a única cidade com favelas no Piauí, um número três vezes maior que o número médio do Nordeste, que é 5,60% de favelas”, declarou Florentino Filho, que culpa os responsáveis pelo Plano Diretor de Teresina por não cumprirem as metas, fazendo com que a cidade cresça sem o planejamento adequado. 
Foto: Elias Fontenele/ ODIA
“Nós não podemos cortar a água nesses locais porque não temos poder de polícia. A culpa é daqueles que buscam, além de resolver as questões da cidade, resolver as questões do Estado; que só pensam nos seus benefícios eleitoreiros e esquecem o povo”, completou Florentino. 
Um dos moradores presentes na audiência, Antônio Corrêa dos Santos, presidente da Associação de Moradores do Parque Brasil III, afirmou que a comunidade precisa de água. “As crianças estão deixando de ir à escola porque não tem água em casa para tomar banho. Hoje, a água só veio por 7 minutos, e sem a pressão necessária para subir para caixa d’água”, disse. 
Segundo Antônio, os moradores não apoiam a privatização da empresa. “Temos como exemplo hoje o SUS, apesar dos pesares, está melhor do que muitos planos médicos privados, que você precisa agendar com um mês. No SUS, se acordar de madrugada, consegue falar com o médico ainda no mesmo dia. Não concordamos com a privatização de empresas públicas que são do Estado, são do povo, o que nós queremos é o funcionamento delas”, acentuou. 
Para a vereadora Teresina Medeiros, o Governo do Estado deve apresentar uma solução para resolver os problemas da Agespisa. “Encaminharemos um documento para contribuir com a resolutividade e amenizar os problemas que afligem a população de Teresina e do servidor”, afirmou. 
“Declarar que a Agespisa está falida é levar a população a votar a favor da privatização” 
Presente na audiência pública dessa segunda-feira, o presidente da Agespisa, Antônio Filho, falou sobre as dificuldades enfrentadas pela empresa, que são, principalmente, dívidas internas e inadimplência dos usuários. Segundo ele, o custeio da empresa é de R$ 28 milhões, mas a arrecadação não passa de R$ 23 milhões. A dívida da Agespisa chega a R$ 1 bilhão, enquanto que a inadimplência é de R$ 162 milhões. Antônio Filho também afirmou que, só com a folha de pagamento, a empresa gasta mais de R$ 13,5 bilhões. 
Todavia, segundo o presidente do Sindicato dos Engenheiros, Florentino Filho, o uso político da Agespisa é o fator que mais prejudica a população. “Declarar que a Agespisa está falida tem como interesse degradar a empresa e levar a população a votar a favor da privatização. Não há decisão política para que se façam os cortes necessários, para que o povo passe a pagar a dívida que tem com a empresa e, assim, os fornecedores não querem mais fornecer de forma parcelada para a Agespisa”, declara. 
Para o advogado Antônio de Deus Neto, funcionário da Agespisa desde 1988, a água é interesse coletivo, direito humano e, portanto, deve ser gerida pelo Estado. Segundo ele, esta questão deve ser analisada com mais aprofundamento. “Só podemos enxergar essa ideia da Agespisa para o capital privado como um crime. Com o governador do Estado envolvendo o prefeito de Teresina e o presidente da Agespisa, há um forte indicativo de formação de quadrilha, corrupção ativa e corrupção passiva”, finalizou.

fonte portal o dia