Feminicídio: uma mulher é assassinada a cada seis dias no Piauí
Em 2015, 63 mulheres foram assassinadas no Estado; nos primeiros meses de 2016, já foram sete vítimas de feminicídio.
Em média, uma mulher é vítima de feminicídio a cada seis dias no Piauí. Os dados de assassinatos foram apresentados ontem (07) pela Polícia Civil, na Câmara Municipal de Teresina. Em 2015, 63 mulheres foram assassinadas no Piauí, sendo 22 na capital e 41 no interior. Este ano, duas mortes já foram registradas em Teresina e cinco em outros municípios piauienses, totalizando sete casos.
A vereadora Rosário Bezerra, uma das parlamentares que propôs a discussão, destacou que é preciso chamar atenção dos órgãos e sociedade em geral para o feminicídio no Estado e ampliar o debate sobre o tema. Além disso, destacou que é preciso que o Governo do Estado atue na ampliação dos serviços votados à mulher, como a Delegacia do Feminicídio e o funcionamento da Delegacia da Mulheres 24 horas por dia.
“No Brasil, 13 mulheres sofrem algum tipo de agressão por dia, e o que falta são mais condições estruturais para recebê-las de forma adequada, dando a assistência que elas precisam. Precisamos de projetos para reeducar os homens, sobretudo os policiais, para que eles saibam como atendê-las e oferecer condições adequadas. Muito homens acreditam que bater e matar uma mulher não é crime e ele precisa saber que é sim, e a lei precisa defender essas mulheres”, disse.
Rosário Bezerra ainda destacou que, na audiência foram levantados 25 pontos importantes e que serão incluídos em um relatório, no qual o mesmo será entregue aos órgãos competentes e entidades presentes na reunião.
A promotora Amparo Paz, coordenadora do Núcleo de Promotorias de Justiça de Defesa da Mulher Vítima de Violência Doméstica e Familiar (Nupevid), acrescentou ainda que foram discutidas ações para cobrar o governo do estado sobre a Casa Abrigo, que recebe mulheres vítimas de violência. Ela explicou que o casa tem capacidade para atender 10 mulheres com seus filhos, contudo, apenas há apenas duas famílias no local.
“O descaso com a Casa Abrigo é muito grande. O Ministério Público fez um levantamento e as condições são precárias, com banheiros danificados, sem seguranças, sem cerca elétrica. A mulher, que deveria se sentir protegida no abrigo, está à mercê de ser uma vítima, porque o estado não oferece condições. Vamos fazer um encaminhamento e enviar para os órgãos responsáveis, para que sejam adotadas algumas providências, pois ainda não obtivemos êxito de forma amigável”, enfatizou a promotora.
Além disso, Amparo Paz destacou que é preciso discutir o machismo nas escolas, que está enraizado e disseminado através de uma lenda piauiense muito conhecida, ‘O Cabeça de Cuia’. “Essa lenda reflete a cultura da violência que está sendo cultivadas as escolas, de um homem que mata sua mãe e mais sete mulheres. Outra ponto que tenho discutido muito é com relação ao assédio que as mulheres que atuam na construção civil sofrem, e para que possamos evitar isso, precisamos de mais campanhas”, finalizou a promotora do Nupevid.