sexta-feira, 27 de maio de 2016

Elba e Geraldo Azevedo viram lenda aos olhos de multidão na primeira noite do Festival de Inverno de Pedro II 2016


Elba e Geraldo Azevedo viram lenda aos olhos de multidão na primeira noite do Festival de Inverno de Pedro II 2016

A dupla, que dá continuidade ao projeto Grande Encontro surgido em 1996 e que reuniu Elba, Geraldo Azevedo e Zé Ramalho, toca grandes clássicos da música do Nordeste, sem esquecer a importância do artista e da cultura

(Foto: Diego Noleto/O Olho)

O que me parece é que os jornalistas estão muito mais ansiosos para a chegada de Elba e Geraldo do que o próprio público. Estamos na sala de imprensa (na verdade, uma sala de aula adaptada com cadeiras, mesas e um enorme painel com a marca do evento em uma das paredes) com câmeras ligadas, microfones a postos, gravadores ligados, blocos nas mãos etc, etc… O que queremos: a coletiva e ver, com exclusividade e antecedência, esse encontro lindo entre dois dos maiores artistas do nosso Nordeste.
De repente, alguém dá o aviso: os músicos ainda não chegaram. A massa de jornalistas de desfaz, e enquanto alguns bem poucos, vão acompanhar o show do Xico Barroso, que mostra seu trabalho nesse exato momento no mesmo palco onde minutos mais tarde subirá Elba e Geraldo, a grande maioria consulta seus produtores, seus editores, suas TVs e seus Whatsapp (Por que não?).
Xico Barroso sobe ao palco e promete ser, também, uma noite de encontros. Leva aos palcos, amigos músicos de Teresina, como Mário Araújo, Kerolaine Santos, Iago Dayvidson. “Xico, qual a importância de tocar para um grande público e no mesmo palco de artistas tão consagrados, como Elba e Geraldo?”, pergunto logo depois do músico e instrumentista se despedir de alguns fãs bem cativos.
(Foto: Maria Aparecida Vieira/O Olho)

“A importância é dar estrutura para um artista que está começando, que não tem a visibilidade desses grandes e por mais que as pessoas tenham vindo assistir só Elba, por exemplo, acabam conhecendo outros artistas, ou seja, você acaba agregando esse público”, diz Xico Barroso.
Novamente, um rumor: os artistas chegaram. É um frisson… Novamente um pânico, a maioria corre sem saber bem para onde ir. A dupla aparece seguida de uma comitiva e segue direto para a sala de imprensa onde nos amontoamos.
POLÍTICA
Na oportunidade, bummm… “O que vocês acham dos artistas que se engajam e que lutam por uma política melhor para o país?”, pergunto.
Elba, muito simpática, se esquiva e diz que prefere falar da política no sentindo de relacionamento, da sua relação com a sociedade através da sua arte e da cultura popular do seu país, mas ela esclarece: é que está abominando e detestando a palavra política.
“Eu prefiro que esse redemoinho passe, que a gente faça essa travessia e que mais adiante a gente seja capaz de fazer um diálogo com mais respeito, sem ninguém ferir o outro. O que acho, é que a gente tem que caminhar pensando no país, mas vejo que ultimamente não é assim, então prefiro não falar de política, prefiro dizer que a arte está acima disso tudo” diz.
Geraldo, bem consciente da importância da participação de artistas e da população nas questões que envolvem política e cultura, diz: “Eu acho que estamos passando um momento bem difícil, delicado. A própria população já se envolveu. O que eu acho, concordando com Elba, é que a cultura está acima de tudo. Hoje, nós já temos o Ministério da Cultura novamente e isso é muito importante”.
A verdade é que mesmo que artistas tão bem conhecidos no país não queiram se envolver, eu tenho treze minutos de resposta dos dois, sobre suas opiniões e sobre o que eles querem para seu país, na cultura e política, isso é muito, acreditem. Depois da rápida coletiva, a dupla segue para o Palco Opala, onde muitas pessoas – a estimativa de público é de 40 mil pessoas – esperam ansiosas.
(Foto: Diego Noleto/O Olho)

Claro que clássicos não podiam faltar. Músicas como “Bicho de sete cabeças”, “Dia Branco”, “Moça bonita”, “Qualquer maneira de amor valerá”, “Frisson”, “Quando fevereiro chegar”, “Ai que saudade d’ocê” entre outros estavam lá. Teve também homenagem a Dominguinhos, Luiz Gonzaga, Zé Ramalho.
Cantam muitas músicas de quadrilha, para cansar mesmo o público. Mulheres e homens dançam bem juntos; alguns, de mais idade, assistem sentados ao show e muitas crianças são carregadas no colo, mas ninguém arreda o pé, apenas para dar mais um passo. Para quem não viu e só ouviu falar, saiba que vai virar uma lenda.
(Foto: Diego Noleto/O Olho)

fonte portaloolho.com.br