População culpa obra da PMT por morte de policial militar
Mais do que comoção, a morte do policial militar Paulo Sérgio Pereira da Silva, de 45 anos, vem causando revolta entre familiares e amigos. O fato chamou atenção para o descaso com obras realizadas pela Prefeitura de Teresina na Avenida Zequinha Freire, que há meses causam transtornos, e agora chega ao limite de provocar a morte de um pai de família.
O acidente ocorreu na noite deste domingo, 13 de novembro. Paulo seguia de moto e devido à pouca sinalização acabou batendo em entulhos de uma obra mal sinalizada. O militar caiu num buraco e sofreu ferimentos graves na cabeça. Ele foi socorrido pelo SAMU, mas morreu pouco depois de dar entrada no Hospital de Urgência de Teresina.
A obra tem intuito de diminuir o transtorno dos motoristas que passam pelo trecho da Zequinha Freire, que em esquinas cortadas pela rede de esgoto, precisam reduzir a velocidade por conta de pequenas valas formadas com o tempo, diante das recorrentes obras de recapeamento da via. Mas o que deveria melhorar a vida dos moradores da região, vem causando ainda mais problemas.
- O PM Paulo Sérgio, e ao lado a moto que ele pilotava no momento do acidente
- O PM Paulo Sérgio, e ao lado a moto que ele pilotava no momento do acidente
Além do trânsito lento, já que no local é intenso o fluxo de comerciantes e ônibus, a demora na finalização das obras vem dando prejuízos. Donos de comércios confirmaram que os trabalhos estão parados há quase 15 dias. O risco de acidentes no local é emitente, e muitos já previam que o pior poderia acontecer por conta da falta de sinalização devida do local.
- De dia, obras inacabadas causam transtornos. À noite, são verdadeiras armadilhas. Foto: Maelson ventura/180graus
A comerciante Leda afirma que as obras da prefeitura estão 'espantando os fregueses', pois o esgoto acaba ficando acumulado e o mau cheiro toma conta das imediações. Para ela, as obras são uma demonstração de irresponsabilidade da gestão pública. Ainda segundo denúncia dos moradores da Vila Maria, o local só foi parcialmente sinalizado, após a morte do PM. Mesmo assim, apenas uma placa, algumas estacas de madeira e uma pequena cerca de plástico fazem a segurança do local. À noite os moradores apontam que o trecho é mal iluminado, fazendo da obra uma verdadeira armadilha.
- Obras são feitas em ao menos três pontos da avenida Zequinha Freire
Maria Joseneide, cunhada da vítima, foi a primeira familiar a chegar ao local do acidente. Ao portal ela afirmou que havia um bloco de concreto no meio da rua, e que os moradores que passavam pelo local o retiraram após o acidente para que outras pessoas não se envolvessem em novos acidentes.
- Fotos feitas logo após o acidente que matou o policial militar. Local não tem sinalização luminosa à noite. Reprodução/WhatsApp
Mesmo aos prantos, Maria falou com a equipe do portal, e afirma que “as obras estão paradas e a falta de sinalização é uma falta de responsabilidade. Meu cunhado não foi o primeiro a sofrer um acidente no local. Se houvesse a sinalização, talvez isso não tivesse acontecido. Ele era a única fonte de renda da família e a mulher dele ainda está grávida”.
O velório de Paulo aconteceu nesta manhã, em uma casa simples, com poucos móveis e estruturas ainda inacabadas, localizada no bairro Cabral, zona norte de Teresina. Para a família, o sentimento de revolta acabou misturado entre as lágrimas pela perda do PM.
A casa onde o militar morava também é simplória, situada em uma rua de difícil acesso no bairro Vila Bandeirantes III, na zona leste de Teresina, de onde ele tinha saído na noite de ontem, minutos antes do acidente fatal. Era onde ele vivia com a mulher e um filho de sete anos, se preparando para a chegada do segundo filho.
Com sentimentos aflorados, a família ainda não sabe que providências irá tomar. De certo, é que buscarão por justiça.
O corpo do PM foi enterrado no cemitério do bairro Buenos Aires no final da tarde.