"Não temos mais clima de trabalho", diz deputado Assis Carvalho
Parlamentar piauiense relata tensão em Brasília e diz que o Congresso Nacional está sitiado. Sessão foi suspensa por 30 minutos.
A sessão da tarde de hoje (24) no Congresso Nacional foi suspensa por 30 minutos por conta dos conflitos na Esplanada dos Ministérios e pelo fato dos ânimos entre alguns parlamentares terem se acirrado após o anúncio do decreto assinado por Temer, autorizando as Forças Armadas a irem para a rua. A informação é do deputado Assis Carvalho (PT). Em conversa com o PortalODia.com, o parlamentar afirmou "não haver mais clima para continuar uma sessão diante do estado de tensão que está instalado na Capital Federal".
Deputado Assis Carvalho (Foto: Arquivo O Dia)
"O Brasil está vivendo um estado de exceção onde até o direito de se expressar livremente está sendo tirado do povo. Nós temos gente ferida do lado de fora, um clima de total instabilidade e tensão e o Congresso, que tecnicamente é a Casa do Povo, encontra-se sitiado. Então não tem clima de trabalho mais. Estamos em meio a uma Democracia e o povo não pode se aproximar do local que os representa. Isso é no mínimo contraditório e inaceitável", diz o deputado, avaliando os protestos e a reação das Forças de Segurança à ação de alguns grupos.
Quem também se manifestou acerca dos protestos em Brasília foi a senadora Regina Sousa (PT). Em suas redes sociais, a parlamentar disse estar "estarrecida com o que está acontecendo no Brasil" e criticou a ação da polícia que usa spray de pimenta e gás lacrimogênio para dispersar a multidão. A senadora piauiense mencionou ainda o decreto do presidente Michel Temer, que autorizou as Forças Armadas a intervirem nos protestos "para garantir a lei e a ordem". Para Regina Sousa, "quem está precisando de ordem é o Palácio do Planalto".
O decreto assinado por Michel Temer autoriza a intervenção das Forças Armadas durante o período de uma semana, ou seja, a partir de hoje até o próximo dia 31.
Já o deputado Heráclito Fortes (PSB) afirmou que a crise política no Brasil está sendo potencializada dentro do próprio Congresso e que os parlamentares não estão assumindo a responsabilidade deste momento.
Iniciada às 15h58min
Entidades sindicais representantes de diversas categorias estão reunidas hoje (24) em Brasília em uma manifestação contra as reformas do Governo Federal e pedindo a saída do presidente da Michel Temer. Reunidos na Esplanada dos Ministérios, os grupos entoam gritos de guerra como “Não adianta me reprimir. Este governo vai cair” e alguns acabaram entrando em conflito com a Polícia Militar e a Força Nacional, que tentam dispersar a multidão.
Entre os manifestantes estão quatro comitivas de trabalhadores piauienses: representantes dos Policiais Civis, representantes dos agentes penitenciários, dos professores estaduais e dos policiais rodoviários federais, que se uniram aos cerca de 150 mil manifestantes para impedir que o Congresso Nacional vote a Reforma da Previdência, cujo texto é considerado pelos profissionais como “uma afronta ao trabalhador brasileiro”. A comitiva do Sindicatos dos Policiais Civis é formada por 12 pessoas, já a do Sinpoljuspi (Agentes Penitenciários) conta com o vice-presidente do Sindicado, Kleiton Holanda, e com o diretor de assuntos sindicais, Natanael Carvalho.
De acordo com Kleiton Holanda, a mobilização reflete os anseios e as insatisfações dos trabalhadores de todo o Brasil para com o atual governo e chama atenção para o fato de que as pessoas “não mais aceitam os mandos e desmandos de uma classe de políticos corruptos que votam medidas à revelia da vontade popular”. Kleiton destacou que o clima em Brasília é de conflito, mas mais por conta da ação das Forças de Segurança, que investem contra os manifestantes com bombas de gás lacrimogênios e balas de borracha.
Já o vice-presidente do Sinpolpi, Constantino Júnior, relata a truculência da ação da Polícia Militar de Brasília para com os manifestantes na Esplanada dos Ministérios: “Nós estamos daqui desde as 13 horas nos concentrando, e a PM investindo contra a gente alegando que está protegendo o patrimônio da União, os prédios dos Ministérios e do Congresso”, diz.
Ainda segundo Constantino, alguns grupos mais radicais soltaram foguetes em direção ao prédio do Ministério do Planejamento, estilhaçando vidraças, um refletor e causando um princípio de incêndio. O ato foi suficiente para que os policiais militares avançassem sobre os trabalhadores, disparando balas de borracha, usando spray de pimenta e gás lacrimogênio. Além do Ministério do Planejamento, os manifestantes também tentaram invadir os prédios do Ministério da Fazenda, Transportes, Minas e Energia, Cultura e Turismo.
Um grupo de policiais militares montam guarda em frente à rampa do Palácio do Planalto, sede do Governo Federal, enquanto os manifestantes armam barricadas próximas ao Ministério do Meio Ambiente. De acordo com Constantino Júnior, há um princípio de incêndio dentro do Ministério da Agricultura, mas os bombeiros já foram acionados para controlar as chamas.
Além dos policiais civis e agentes penitenciários do Piauí, também participam do protesto em Brasília representantes da Educação estadual e da Polícia Rodoviária Federal piauiense.