Setut quer descontar tempo que trabalhadores usam pra se alimentar
A remuneração por jornada de trabalho está embasada na reforma trabalhista, que entrou em vigor em novembro. Sintetro não aceita a proposta.
As negociações entre os trabalhadores e os patrões do setor de transporte público já tiveram início, mas, como de costume, não está havendo consenso entre os dois lados.
Um dos pontos polêmicos da proposta patronal é o que estabelece que só será remunerado o tempo em que o funcionário estiver efetivamente trabalhando. Ou seja, o tempo que for utilizado para vestir um uniforme ou fazer um lanche, por exemplo, será desconsiderado pelas empresas na contagem da jornada de trabalho.
A remuneração por jornada de trabalho está embasada na reforma trabalhista, que começou a vigorar em novembro de 2017, e é considerada um retrocesso por várias entidades que representam trabalhadores no país, inclusive pelo sindicato dos motoristas e cobradores de ônibus coletivo de Teresina, que não vai aceitar a medida.
Amanhã (19), o Sintetro realizará uma assembleia geral com a categoria para deliberar sobre a lista de reivindicações que serão apresentadas ao Setut. Francisco das Chagas, vice-presidente da entidade representativa, diz esperar que o consenso ocorra sem que seja necessário acionar a Justiça do Trabalho.
O Sindicato das Empresas de Transportes Urbanos de Passageiros de Teresina (Setut) está propondo um reajuste linear de 1,8% para os trabalhadores, que, por sua vez, exigem um aumento de 5% em seus salários.
Francisco das Chagas (Foto: Marcela Pachêco / O DIA)
O reajuste salarial dado aos trabalhadores é um dos itens apresentados pelo Setut para solicitar os aumentos no valor das tarifa do transporte público, que desde o dia 9 de janeiro passou a custar R$ 3,60 a inteira e R$ 1,15 a estudantil.
Francisco das Chagas também considera absurda a intenção das empresas de obrigar os funcionários a ressarcirem os valores que forem levados nos assaltos aos ônibus. "Eles estão querendo que a gente pague, mas nós não vamos aceitar. Inclusive, isso já acontece, mas sempre que o sindicato toma conhecimento vai atrás pra fazer a empresa devolver o dinheiro do trabalhador", denuncia Francisco das Chagas.
As empresas ainda querem cobrar dos motoristas as multas que forem aplicadas aos veículos, mas o vice-presidente do Sintetro afirma que os trabalhadores só devem arcar com o pagamento se, efetivamente, tiverem sido os responsáveis pela infração de trânsito.
Atualmente, há cerca de 1.800 trabalhadores atuando no setor do transporte coletivo, incluindo os motoristas, cobradores, fiscais e despachantes. Todos têm jornada de trabalho de 7h20min, e os salários variam de aproximadamente R$ 1.000 a pouco mais de R$ 1.800.
Votos pela reforma trabalhista
Dos três senadores piauienses, dois votaram a favor da reforma: Ciro Nogueira (PP) e Elmano Férrer (MDB); e dos dez deputados federais, nove votaram a favor da reforma: Átila Lira (PSB), Heráclito Fortes (PSB), Iracema Portella (PP), Júlio Cesar (PSD), Maia Filho (PP), Marcelo Castro (MDB), Paes Landim (PTB), Rodrigo Martins (PSB) e Silas Freire (PR).