quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Aluna do Piauí nota mil no Enem cita Machado de Assis e recomenda: "leia"

Aluna do Piauí nota mil no Enem cita Machado de Assis e recomenda: "leia"


Citando personagem do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas" - Eugênia, garota que era coxa - e criticando a sociedade que não respeita as diferenças, a estudante Isabella Barros Castelo Branco, 17 anos, foi uma das 53 candidatas no País que tirou nota mil na redação do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) de 2017. 
Ao conversar com o Cidadeverde.com, Isabella falou sobre o seu dia a dia, deu dicas e revelou que ter "bagagem de leitura" ajuda no conhecimento de mundo.
Segundo a estudante, a persistência em treinar escrita, estudar, ter leituras variadas e disciplinar seu tempo são caminhos para alcançar notas boas na redação.
Ela conta que se dedicava das 15h até às 23h para estudar, sempre alterando com lanches ou uma rápida conversa com amigos ou familiares.
"Às vezes ficava até meia noite estudando, fazendo exercícios, treinando a redação. Não tive carnaval e estudei até nos feriados", conta.
Para Isabella, o estudante não teve se preocupar em decorar, mas de compreender os assuntos e levar isso para a vida. "O importante é saber argumentar em qualquer tema que aparecer. É preciso ter consciência, ter bagagem. Isso ajuda a ter consciência de mundo".
Uma média de três a quatro redações por semana praticava em casa e na escola. 
"Tinha descanso, mas o importante é nunca dispensar um dia. Nunca deixar a cabeça esfriar. Leia e pratique", recomendou.
Filme
Um dos prazeres da Isabella é assistir filmes e séries. Ela é estudante do colégio CEV e é filha do jornalista Paulo Oliveira, o Pincel, com a pedagoga Patrícia Rodrigues Castelo Branco. 
No Facebook, a foto destaque é sobre uma comédia romântica - "10 coisas que eu odeio em você" - ilustra a rede social da estudante Isabella  sinalizando o gosto pelo cinema, que preza pelo lazer, mesmo dedicando mais de 8 horas ao estudo. 
Tema da redação
Isabella elogiou o tema da redação do ano passado que trouxe o debate "Desafios para a formação educacional de surdos no Brasil".
"Argumentei que a sociedade não sabe lidar com as diferenças e que as pessoas não cobram políticas públicas para as pessoas com deficiência".
Ela disse que lembrou de uma personagem  do livro "Memórias Póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis e incluiu na redação. "O livro aborda a deficiência da personagem de Eugênia que era coxa e também associei a esse fato". Ela disse que trouxe também teorias do filosofo francês Arthur de Gobineau. 
Segundo ela, o segredo é praticar a escrita. "Mesmo tirando mil na redação da escola, eu queria melhorar mais e mais. A pratica realmente leva a perfeição, além de dar confiança. Por isso, pratique, faça, refaça".
Ela ressaltou ainda que ano passado conseguiu ler cinco livros inteiros e que só não lia mais porque estava focada nas disciplinas. Ela contou que mesmo assim leu muitos trechos de livros, teorias de filósofos e sociólogos e literatura brasileira. 
"Desde de pequena gosto de ler. No meu aniversário o que pedia de presente era livros. Agradeço meus pais por sempre me incentivarem a leitura". Ela pretende cursar Medicina na Universidade Federal do Piauí (Ufpi). 

fonte cidadeverde.com