sexta-feira, 14 de junho de 2019

Caso FCAMC: associação suspeita de corrupção era queridinha dos políticos

Caso FCAMC: associação suspeita de corrupção era queridinha dos políticos

Fundação de 'apoio' ao menor carente tinha agência de publicidade e portais de notícias para defender seus trabalhos suspeitos. Tudo muito bem pago


 A associação que recebeu milhões de vários políticos do Piauí realmente não tinha estrutura para o que se propunha, apontam relatórios. Muita gente já sabia, outros literalmente ignoravam
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Lima da Creche, presidente da FCAMC, falecido em novembro de 2017
_Lima da Creche, presidente da FCAMC, falecido em novembro de 2017 
A Fundação Centro de Apoio ao Menor Carente (FCAMC), aquela para a qual meio mundo de políticos no Piauí destinou milhões de reais através de emendas, convênios e subsídios, ao contrário do que dizia seu falecido presidente, Raimundo Gomes de Lima, o Lima da Creche, não tinha nenhuma estrutura para receber essa dinheirama e prestar os serviços a que se propunha. Além do que, fazia uso de notas fiscais falsas para justificar os milhões recebidos. Matérias publicadas em 2015, pelo Blog Bastidores, informavam essa situação.
Um relatório que embasa parecer do Ministério Público de Contas, em caso envolvendo a Secretaria de Trabalho, prestes a ir julgamento, assim reporta:
“(...) a FCAMC não possuía mínimo porte estrutural para fazer frente às demandas objeto do convênio, uma vez que, além de não possuir corpo técnico composto de pessoal especializado (...), vai promover locação de expressiva quantidade de equipamentos, indicando não ter suportes materiais para a execução de parcela mínima do Plano de Trabalho”.
Trecho de Relatório de Auditoria
_Trecho de Relatório de Auditoria: 'contratação' de terceiros

O documento se refere a uma auditoria para apurar possíveis irregularidades em um valor da ordem de R$ 1.200.000,00 que a Secretária de Trabalho, sem nenhum cuidado, se deu ao luxo de torrar com a FCAMC, naquilo que deveriam ser ações voltadas para a capacitação e o incentivo ao empreendedorismo feminino em Teresina e em vários municípios do Piauí.
Esse valor, no entanto, é muito pouco perto do que políticos, como deputados, vereadores e secretários de Estado teriam visto sair pelo ralo com repasses para associações de Lima da Creche.
Associações essas que, quando expostas na mídia em situações possivelmente nada republicanas, contavam com uma rede paga de portais de notícia e até de uma agência de publicidade para divulgar os supostos trabalhos e contrapor as matérias jornalísticas. 
O suposto esquema envolvia ainda empresas contratadas para terceirizar e até "quarteirizar" os supostos serviços, que não eram ofertados, segundo as autoridades, mesmo o presidente da FCAMC, que possuía uma vida simples, recebendo todo o dinheiro.
A rede de proteção em torno de Lima da Creche era enorme e ele fazia uso inclusive da polícia, sob orientação, para registrar queixas e dizer que as publicações na imprensa contra a associação à época eram calúnia e difamação.
Uma das empresas que teria ajudado Lima da Creche nesse caso específico envolvendo a Secretaria do Trabalho é a Cerqueira e Soares Ltda, localizada no Conjunto Joaquim Pedreira, em Timon, no estado do Maranhão.
Lima da Creche gostava de andar acompanhado de crianças e jovens carentes, pessoas às quais dizia defender e cuidar através da associação supostamente voltada para o trabalho com menores. 
O presidente da FCAMC sempre negou as acusações contras as práticas lhe imputadas.

fonte 180graus.com