Funcionários do Hemopi acusam primo de Wilson Martins de nepotismo
Diretor teria retirado funcionários alegando excedente de pessoal, mas ao mesmo tempo nomeou três primos e um tio para o Hemopi
Atual gestor do Hemopi, Jurandir Martins
Funcionários do Centro de Hematologia e Hemoterapia do Piauí (Hemopi), organizam uma paralização de 70% do pessoal na próxima terça-feira (17/03). Os funcionários alegam falta de estrutura, material de trabalho e ainda acusam o diretor da prática de nepotismo.
Atualmente quem gere a pasta é Jurandir Martins, filho do ex-prefeito de Santa Cruz do Piauí, Jurandir Martins, primo do ex-governador Wilson Martins (PSB). Jurandir foi posto fora do cargo após ter o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PI), que comprovou a prática ilícita de compra de votos.
Os funcionários afirmam que o gestor assim que assumiu a pasta devolveu 15 funcionários para a Secretaria de Saúde do Estado, alegando excedente de pessoal, mas ao mesmo tempo, nomeou quatro parentes, entre eles, três primos e um tio, além de manter outros 11 atuando avulso, mas que recebem por produtividade no Hemopi.
Além desse pessoal, o gestor mantém mais outros 10 funcionários que são de outras pastas, mas que foram levados para o Hemopi.
Os parentes nomeados por Jurandir e suas respectivas funções desempenhadas são as seguintes: Flávio Luís Martins Rodrigues (primo) para exercer o cargo de auxiliar administrativo; Igor de Aguiar Martins Santos (primo) para exercer o cargo de fiscal de contratos; James Brito Martins dos Santos (primo) para exercer o cargo de presidente da comissão de licitações; Ubiratan Martins dos Santos Segundo (tio) para exercer o cargo de coordenador técnico de interiorização.
Destes, Ubiratan Martins aparece na folha de pagamento disponibilizada no Portal da Transparência do Estado, ainda no mês de janeiro de 2015, como lotado na Secretaria de Saúde. O médico recebia vencimentos no valor de R$ 17 mil.
De acordo com o funcionário Levy Nunes Piauilino, integrante do Sindicato dos Funcionários da Saúde do Estado do Piauí (Sindespi), a situação no órgão está insustentável. O mínimo necessário para que os funcionários possam atuar não está sendo fornecido.
"Hemocentro vive numa situação alarmante, falta material para trabalhar. Na última vez em que o Hemopi fechou por falta de material passou quase um dia sem atendimento, e as bolsas de sangue tiveram que vir de Fortaleza, todas emprestadas. Atualmente só temos 760 em estoque, o que durará somente uns 15 dias", revela.
Os funcionários reclamam ainda que nem mesmo o material de assepsia está sendo fornecido, e que faltam luvas, água sanitária, sabonete, desinfetante, detergente, hipoclorito, papel toalha e todos os outros itens básicos.
O sindicato diz ainda que o gestor tem alegado que uma dívida de mais de R$ 3 milhões, deixada pela gestão passada, não permite a atualização do quadro de profissionais, mas os funcionários não aceitaram a resposta.
"O Hemopi tem uma receita mensal de R$ 1,53 milhões e ele já está no cargo faz três meses. Se ainda não conseguiu pagar é porque é muito incompetente. Não justifica ele tirar funcionários de lá alegando excedente e ao mesmo tempo nomear parentes", denunciou.