quinta-feira, 27 de novembro de 2014

'Nós não vivemos sob a Lei de Talião', diz delegado sobre linchamento


'Nós não vivemos sob a Lei de Talião', diz delegado sobre linchamento

O delegado Francisco Costa, o Baretta, diz que não permitirá que Teresina volte à 'Idade das Trevas'.

O delegado Francisco Costa, o Baretta, titular da Delegacia de Homicídios, informou na tarde desta quinta-feira (27) que já possui os nomes de alguns dos suspeitos de participação no assassinato do jovem Felipe Mendes, 22 anos, que foi linchado momentos após tentar assaltar um taxista na Avenida Gil Martins, zona Sul da capital, juntamente com um comparsa.
Baretta, contudo, informou que por enquanto não pode divulgar os nomes dos taxistas que teriam participado do linchamento de Felipe, morto a golpes de pau e a facadas, por volta das 23 horas de quarta-feira. "Nós já conseguimos obter os nomes de alguns suspeitos, mas não podemos divulgar agora porque ainda estamos em fase de investigação, colhendo depoimentos e compilando as provas testemunhais e materiais. Estamos fazendo tudo com calma para não cometer mais nenhuma injustiça, como foi o próprio assassinato. Afinal, não se pode corrigir um erro com outro erro", afirmou o delegado Baretta.
O titular da Homicídios afirma que fará o possível para não permitir que Teresina volte à "era das trevas", em que se fazia justiça com as próprias mãos.
"Eu também não gosto de ladrão, mas tenho que seguir os ditames da lei. Nós não vivemos numa sociedade regida pela Lei de Talião, em que o que vale é a vingança privada. Isso é coisa da Idade das Trevas, que foi superada no Século das Luzes. O dever da polícia é capturar os criminosos, reunir as provas contra eles e entregá-los para a Justiça", acrescenta Baretta.
O delegado Francisco Costa, Baretta, titular da Delegacia de Homicídios (Foto: Marcela Pachêco / O DIA)
Círculo vicioso de mortes
O delegado lembra que a execução de um taxista no bairro Nova Teresina, no dia 16 de agosto, foi justamente uma retaliação à categoria, depois que um assaltante foi violentamente agredido por membros de uma cooperativa de táxi.
Baretta afirma que se essa onda de vinganças continuar, mais taxistas poderão ser executados por bandidos, formando-se um círculo vicioso de assassinatos.
Além do caso do taxista Raimundo Francisco do Carmo, que teve os olhos arrancados, e cujo corpo foi encontrado no bairro Nova Teresina, outro profissional da categoria foi morto também no mês de agosto, duas semanas após o primeiro crime.
Carlos Alberto de Souza foi morto a tiros na rua Anísio de Abreu, Centro de Teresina, no dia 29 de agosto. De acordo com as investigações, o taxista foi morto por dois homens que iniciaram uma corrida no táxi da vítima nas proximidades da Ponte João Isidoro França (Estaiada). Imagens registradas por câmeras de monitoramento de um prédio situado próximo ao local do crime mostram o momento em que o taxista sai correndo do próprio veículo, tentando fugir dos suspeitos.

fonte portal o dia