sábado, 11 de abril de 2015

Resíduo do caju pode acabar mortalidade de ovinos e caprinos no Piauí


Resíduo do caju pode acabar mortalidade de ovinos e caprinos no Piauí

Vermelhinho ou verme da coalheira diziam grande parte dos rebanhos de caprinos e ovinos do Piauí que vivem aglomerados em espaços pequenos


Dando continuidade a série de reportagens onde irá mostrar o trabalho desenvolvido por pesquisadores científicos no Piauí, o portal foi até a Embrapa Meio-Norte para mostrar uma possível solução para os altos índices de mortalidade de ovinos e caprinos no Piauí. A Embrapa Meio-Norte através da doutora em parasitologia animal, Izabella Hassum, está desenvolvendo uma pesquisa que visa estabelecer um programa de controle de verminose em pequenos ruminantes no Piauí.
Pesquisa está em estágio inicial e é desenvolvida na Embrapa Meio-Norte, em Teresina (Foto: Manoel José/O Olho)
De acordo com a pesquisadora, que recebeu a reportagem do portal na sede da Embrapa, localizada no bairro Buenos Aires, na zona Norte de Teresina, os estudos testam o bagaço do pedúnculo do caju, que é rico em Tanino, uma substância que age contra vermes intestinais em caprinos e ovinos.
Izabella Hassum é quem comanda as pesquisas (Foto: Manoel José/O Olho)
Segundo os últimos dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Piauí possui um rebanho de 1.239.161 caprinos e 1.205.232 ovinos. Izabella ressalta que um alto percentual dos animais que morrem nos rebanhos são alvos do Haemonchus Contortos, conhecido mais popularmente como "Vermelhinho" ou verme da "coalheira", dependendo da região em que o mesmo é encontrado.
A pesquisa busca verificar se o resíduo tem Tanino Condensado é suficiente para promover o controle sobre o verme.
"Se conseguirmos um controle através de um resíduo, vamos solucionar o maior problema sanitário entre os rebanhos, e ainda conseguiremos um destino para o resíduo. Neste caso, ao invés dele ser descartado no meio ambiente ele será aproveitado. Queremos essas duas aplicações e vamos testar se é viável ou não", disse.
No Piauí a maioria dos produtores sofrem para controlarem e salvarem seus rebanhos, principalmente quando se trata de grandes quantidades. A pesquisadora informa que o problema ocorre principalmente quando os animais estão confinados, ou seja, quando são criados em maior número e em espaço menores. Esse processo é chamado de lotação animal.
Resíduo é transportado das agroindústrias de caju na região de Picos para a Embrapa (Foto: Manoel José/O Olho)
"O principal problema sanitário dos rebanhos de caprino e ovino no Piauí é a verminose. Ela produz uma série de influências negativas, desde perda pelo adoecimento do animal, até pela mortalidade que ela pode provocar no rebanho. O produtor perde de forma direta e indireta. Direta se o animal morrer e indireta se ele adoecer", afirma.
Cerca de 1kg do bagaço do pedúnculo do caju foi encaminhado ao Cena para que seja avaliado a determinação de Tanino através do método conhecido como HCL Butanol, e lá será levantado o tipo de Tanino e a quantidade presentes.
Izabella informa que parte do material é encaminhado para ser analisado em São Paulo (Foto: Manoel José/O Olho)
Parte do resíduo colhido é resultado do descarte das agroindústrias e é originário da região de Picos. “O material é fornecido por uma agroindústria de Picos. A Embrapa se responsabiliza por ir buscar no local e traz para a sede. Aqui ele é seco e será utilizado a partir do próximo mês”, destaca.
Os resultados obtidos pela pesquisa do Cena são encaminhados para a Embrapa. Todos os exames parasitários feitos com os animais serão realizados no laboratório de parasitologia animal. A parte de alimentação será feita em um galpão, localizado em uma área reservada, que abrangerá os ovinos. Já os caprinos serão avaliados na UFPI.
PARCERIA COM UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
Além da Embrapa, o Centro de Energia Nuclear na Agricultura (CENA), sediado em Piracicaba (SP), a Universidade Federal do Piauí (UFPI) e a Universidade Estadual do Piauí (UESPI) participam do projeto. Cerca de 20 profissionais das áreas de nutrição animal, produção animal e parasitologia estão envolvidos. Colaboradores das áreas de fruticultura e caju cultura também participam e colaboram no desenvolvimento das pesquisas.
Laboratório na Embrapa está comportando parte do material que será utilizado (Foto: Manoel José/O Olho)
PROJETO CUSTA MAIS DE R$ 100 MIL
Toda a pesquisa é custeada pela Embrapa, é o investimento foi de aproximadamente R$ 100 mil que deverão ser utilizados ao longo de dois anos.
“A recomendação é para que os produtores possam ter acesso a esse material e possa aplicar em seus rebanhos. A princípio não temos a intenção de comercializar. Talvez posteriormente ele possa ser comercializado, mas por enquanto não visamos fins lucrativos” finaliza.

fonte portal o olho