sábado, 9 de janeiro de 2016

Bang bang no estacionamento do Extra de Teresina: por que os policiais agiram corretamente?


Bang bang no estacionamento do Extra de Teresina: por que os policiais agiram corretamente?

Ação policial é questionada, pois senso comum pede para que bandidos fossem mortos. E se houvesse reféns? E por que não questionamos a Justiça?

Sexta-feira, final da noite, dia que caiu uma "senhora" chuva na capital do Piauí. Você está ilhadono supermercado Extra da zona Leste de Teresina (avenida Presidente Kennedy) e dá de cara com um homem com uma escopeta (a famosa 12) apontando para um carro lá no meio do estacionamento. Esse homem, que estava fardado, pede para os ocupantes do veículo não saírem. Eles não obedecem. O militar desce chumbo. Mas os tiros são de alerta. Não mortais. O policial agiu certo em não botar para matar os bandidos? O que você acha?
Cenas de bang bang na noite Teresina. Policial com uma 12 na mão. Tiros de alerta. Foto: Reprodução YouTube
A grosso modo, no senso comum, pela opinião rouca das ruas e no mundo louco de insegurança e perda de valores em que vivemos a opinião quase uníssona seria de que o policial era para atirar para matar. Neste sábado, por alguns minutos, seria tido como um herói. Impera-se, para uma maioria, a prática do “bandido bom é bandido morto”.
Mas e se ele atirasse para matar e dentro do carro tivesse um refém? E se no bagageiro do carro tivesse uma pessoa amordaçada? Esqueceram que Teresina há vários sequestros relâmpagos? Quem nunca teve uma conhecida ou um conhecido vítima desse tipo de crime? E se ele atirasse para matar e atingisse algum inocente que estivesse ali perto? Esqueceram que o bang bang foi em um estacionamento de um dos três supermercados mais movimentados do Piauí?
O policial agiu mais que correto. Pode até ser chamado de frouxo por alguns, até de covarde. Mas hoje, depois de um plantão extenuante, de ter trabalhado no meio da chuva, de ter enfrentado a bandidagem, pode dormir em hora dessas tranquilo. Se tivesse matado os bandidos estaria preso, responderia e, provavelmente perderia seu status de membro da Força Nacional de Segurança. Sim, o policial que fez os disparos sequer é do Piauí. Ele está em nosso estado como apoio às forças locais para tentar diminuir a insegurança.
Se tivesse matado os ocupantes do veículo seria tratado como herói, mas, preso, seria tão esquecido quanto mensagem de Whatsapp de horas atrás. Seria um pai de família que viraria presidiário.
Tomo as palavras de um querido amigo jornalista, um dos profissionais de imprensa que mais respeito neste estado: e por que não questionamos a Justiça e o Ministério Público? Sim, a Justiça, pois boa parte dos assaltantes hoje presos no Piauí (e, com certeza, no Brasil) é reincidente. Muitos presos há poucos meses e postos em liberdade dias ou semanas depois. Uma boa parte com mais de dez passagens em instituições policiais (há alguns deles com dezenas só no ano passado) e que continuam tão primários à luz judicial como eu e você.
Na hora de defendermos se o policial deveria atirar ou não...lembremos da Justiça, lembremos dos nossos parlamentares federais, responsáveis por mudar as leis, inclusive de propor códigos penais e processuais penais mais ágeis. Eles também teriam ajudado a matar. E lembremos da ação desastrosa no caso do assalto ao Banco do Brasil em Miguel Alves em que meteram bala nos bandidos. No meio dele estava o gerente, feito como refém.
Atitude do policial foi questionada por alguns. Mas por que tem tanto bandido solto nas ruas? Foto: Reprodução YouTube
Os bandidos do bang bang do Extra serão presos, mais cedo ou mais tarde. Só não temos a mesma certeza se em alguns dias eles não estarão nas ruas de novo, nos azucrinando.
Bang bang para as nossas caducas leis que deixam tanto bandido solto e faz a polícia, mesmo na chuva, enxugar gelo e nos fazer querer voltar aos tempos da barbárie defendendo a execução, pura e simples, de um ser humano.

fonte portal o olho