terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Aumento de casos de sífilis congênita preocupa especialistas em Saúde

Aumento de casos de sífilis congênita preocupa especialistas em Saúde

Ministério da Saúde projeta 41.752 casos de gestantes com sífilis este ano e 22.518 casos em recém-nascidos

Em meio ao alerta dos órgãos da saúde pública sobre o zika vírus, possível causa do aumento dos casos de microcefalia, outra doença vem ganhando espaço. O aumento do número de casos de sífilis congênita (transmitida de mãe para filho) tem chamado atenção dos especialistas em Saúde. Nos últimos sete anos, a quantidade de casos notificados praticamente triplicou no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde.

Para 2016, as perspectivas não são nada agradáveis em relação a essa doença. O departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde projeta 41.752 casos de gestantes com sífilis este ano e 22.518 casos em recém-nascidos, caso a tendência de crescimento persista.

Em 2008, a taxa de incidência de sífilis em bebês com menos de um ano era de dois casos a cada mil nascidos. Em 2014, dados do Ministério da Saúde apontam que essa taxa passou para 5,6 casos da doença a cada mil recém-nascidos. Nesse mesmo período, a taxa de sífilis registrada em mulheres grávidas passou de 2,7 para 9,7 casos a cada mil gestações.

Diversas hipóteses tentam explicar o aumento no número de casos de sífilis congênita no Brasil. Alguns especialistas citam a redução no uso de preservativos e atrasos no pré-natal como fatores que contribuem para o aumento de casos registrados no país. Já para outros, o aumento de casos notificados se deve a maior facilidade de acesso ao diagnóstico da doença.

“Toda doença quando tem aumento de incidência, uma das coisas que devem ser questionadas é se a qualidade da notificação dos casos melhorou. Se há uma qualidade maior na notificação, o número vai ser mais próximo do real”, pontua o infectologista Carlos Gilvan Carvalho.

Assim como outras doenças transmitidas de forma congênita, a sífilis, se não tratada da maneira adequada, pode resultar em sérios problemas na formação do organismo do recém- -nascido. “Dependendo do período da gestação, ela pode causar alterações no sistema nervoso central, comprometer o desenvolvimento da criança, causar deformidades ósseas, alterações cardiovasculares, e uma série de outros problemas”, explica o infectologista.

Para evitar a transmissão da doença, a principal recomendação é o cuidado na hora das relações sexuais, com uso do preservativo, mesmo para gestantes que se relacionem apenas com um parceiro. Nos casos em que a gestante já foi afetada pela doença, o ideal é iniciar o tratamento o mais rápido possível. “Quando o tratamento não é feito da forma adequada, acaba tendo reflexo na saúde do recém-nascido”, alerta Carlos Gilvan Carvalho.

fonte portal o dia