Aumento de casos de sífilis congênita preocupa especialistas em Saúde
Ministério da Saúde projeta 41.752 casos de gestantes com sífilis este ano e 22.518 casos em recém-nascidos
Em meio ao alerta dos órgãos da saúde pública sobre o zika vírus, possível causa do aumento dos casos de microcefalia, outra doença vem ganhando espaço. O aumento do número de casos de sífilis congênita (transmitida de mãe para filho) tem chamado atenção dos especialistas em Saúde. Nos últimos sete anos, a quantidade de casos notificados praticamente triplicou no Brasil, de acordo com dados do Ministério da Saúde.
Para 2016, as perspectivas não são nada agradáveis em relação a essa doença. O departamento de DST/Aids do Ministério da Saúde projeta 41.752 casos de gestantes com sífilis este ano e 22.518 casos em recém-nascidos, caso a tendência de crescimento persista.
Em 2008, a taxa de incidência de sífilis em bebês com menos de um ano era de dois casos a cada mil nascidos. Em 2014, dados do Ministério da Saúde apontam que essa taxa passou para 5,6 casos da doença a cada mil recém-nascidos. Nesse mesmo período, a taxa de sífilis registrada em mulheres grávidas passou de 2,7 para 9,7 casos a cada mil gestações.
Diversas hipóteses tentam explicar o aumento no número de casos de sífilis congênita no Brasil. Alguns especialistas citam a redução no uso de preservativos e atrasos no pré-natal como fatores que contribuem para o aumento de casos registrados no país. Já para outros, o aumento de casos notificados se deve a maior facilidade de acesso ao diagnóstico da doença.
“Toda doença quando tem aumento de incidência, uma das coisas que devem ser questionadas é se a qualidade da notificação dos casos melhorou. Se há uma qualidade maior na notificação, o número vai ser mais próximo do real”, pontua o infectologista Carlos Gilvan Carvalho.
Assim como outras doenças transmitidas de forma congênita, a sífilis, se não tratada da maneira adequada, pode resultar em sérios problemas na formação do organismo do recém- -nascido. “Dependendo do período da gestação, ela pode causar alterações no sistema nervoso central, comprometer o desenvolvimento da criança, causar deformidades ósseas, alterações cardiovasculares, e uma série de outros problemas”, explica o infectologista.
Para evitar a transmissão da doença, a principal recomendação é o cuidado na hora das relações sexuais, com uso do preservativo, mesmo para gestantes que se relacionem apenas com um parceiro. Nos casos em que a gestante já foi afetada pela doença, o ideal é iniciar o tratamento o mais rápido possível. “Quando o tratamento não é feito da forma adequada, acaba tendo reflexo na saúde do recém-nascido”, alerta Carlos Gilvan Carvalho.