quinta-feira, 14 de julho de 2016

Delegacia que investiga pedofilia em Teresina só tem quatro policiais

Delegacia que investiga pedofilia em Teresina só tem quatro policiais

A Secretaria de Segurança estuda um projeto de reorganização da delegacia. Nele, a conhecida DPCA ficaria fechada a noite

Quatro policiais de “campo” (aqueles que saem para fazer investigações nas ruas, inclusive entregar intimações), três viaturas (uma delas, atualmente, está quebrada), duas delegadas e uma única delegacia, para atender a demanda de todo o município de Teresina. É essa a estrutura que a Secretaria de Segurança Pública do Piauí disponibiliza para atender os casos de estupros e violência em geral contra crianças e adolescentes do Piauí.
O que aparenta ser falta de estrutura revela na verdade o total descaso do poder público com as crianças e adolescentes do Estado, já que a Secretaria de Segurança Pública estuda um projeto de reorganização da delegacia. Nele, a conhecida DPCA ficaria fechada a noite. Os casos que, por ventura, ocorrerem depois das 18h, teriam que ser encaminhados para a Central de Flagrantes ou para a Delegacia do Menor Infrator. Essa seria apenas uma oficialização do que já ocorre na prática, já que há bastante tempo o DP fecha no período da noite.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Segurança informa que o problema da falta de estrutura é antigo na pasta, mas vem melhorando muito o atendimento a comunidade. Explica que é impossível resolver tudo da “noite para o dia”.
São tantos os casos de violência sexual contra crianças e adolescentes em Teresina que, na Promotoria da Infância e da Juventude, somente de janeiro a 11 de julho desse ano de 2016, deram entrada 138 novos casos de violência contra menores de idade. No ano passado foram 2.632 casos, como informa a promotora de Justiça Vera Lúcia Santos.
A situação de precariedade da DPCA cai como uma bomba exatamente quando a promotora Vera Lúcia manda investigar um padre, um empresário e um professor responsável ONG, apontados como pedófilos e exploradores sexuais de meninos e meninas. O padre e o responsável pela ONG estariam atuando há mais de duas décadas. Já o empresário seria mais recente na pratica criminosa.
Como tudo começou
O Ministério Público Estadual acionou a polícia depois que a reportagem do Portal AZ recebeu um pedido de socorro, de um homem que há 27 anos é educador de rua. A partir daí um reporter resolveu seguir os passos dele e traçar o mapa da pedofilia e aliciamento de meninas e meninos em Teresina.
Padres, empresários, políticos e até fundador de ONG (para tirar menores de rua) foram mapeados como aliciadores e pedófilos. O trabalho foi feito durante dois meses por jornalistas e educadores de rua na capital.
Os agenciadores já tem o perfil das vítimas: jovens da periferia que vivem em situação de risco.
O aliciador leva o escolhido para um 'banho' de loja, geralmente em shoppings. Impressionados com os presentes meninos e meninas com aproximadamente 12 anos, idade em que a criança não possui discernimento de entender o que se passa, são apresentados aos algozes.
A reportagem do Portal AZ foi até a localidade Canaã, em Caxias, Maranhão. Lá, entrevistou vizinhos da casa construída e visitada pelo padre. “Ele sempre vem ai com meninos. Alguns deles parecem ter cerca de 12 anos de idade. Um rapaz matou o outro ai (na casa), jogou dentro do poço. Depois disso, o padre passou um tempo sem andar, mas já voltou a andar por aqui novamente”, relata uma vizinha da casa, dizendo que não é segredo e que não é de hoje que o vigário mantém a casa abandonada para abusar sexualmente dos meninos. “O senhor pode perguntar para qualquer pessoa aqui da região que ela lhe conta a mesma história”, disse.
Não é só o padre, o empresário e o professor...
A pedofilia e o aliciamento de crianças e adolescentes não se resumem aos três personagens hoje investigados pela polícia. No mapa da pedofilia e abuso sexual, aparecem outros nomes de personalidades que estão sendo investigados.
Denuncie
Não fique indiferente quando se deparar com uma situação de violência sexual contra crianças e adolescentes. Denuncie! Além do disque 100 que funciona diariamente, das 8 às 22h, inclusive nos finais de semana e feriados.

fonte portal az