Incêndio em União já dura três dias e ameaça residências em comunidades
Pelo menos quatro regiões do município estão debaixo de muita fumaça. Ministério Público vai apurar civil e criminalmente responsabilidades pelas queimadas.
O fogo que há três dias atinge o município de União, a 40 Km de Teresina, está se alastrando rapidamente e começa a ameaçar residências em pelo menos cinco comunidades do município. Desde as nove horas da segunda-feira (10) até o começo da tarde de hoje (13), as chamas já haviam chegado a quatro comunidades, sendo necessário o auxílio de carros-pipa para ajudar os bombeiros no combate.
Moradores das comunidades São Felipe, Pedra Branca, Buriti Alegre e Taboca temem a aproximação do fogo, que encontra na mata seca o combustível ideal para que se espalhar. Segundo a assistente social de União, Cristiane Sales, na região de Buriti Alegre as chamas já estão mais sob controle, com a cortina de fumaça tendo reduzido um pouco em relação aos outros dias da semana.
Já em Pedra Branca, São Felipe e Taboca, as chamas seguem altas. “Está seguindo pela estrada na direção de José de Freitas desde ontem e os Bombeiros, as vezes não conseguem dar conta por causa do vento”, relata Cristiane Sales. Os moradores ajudam como podem, mas mesmo assim, em algumas comunidades, os animais já sentiram os efeitos do fogo. Um novilho teve boa parte do corpo queimado pelo fogo e foi socorrido por populares.
MPE vai apurar responsabilidades civis e criminais
Após analisar os dados dos estragos que o fogo já causou no Piauí nas últimas semanas, o Ministério Público Estadual vai apurar responsabilidades civis e criminais nos casos das queimadas e exigir que o Governo do Estado tome providências emergenciais quanto ao assunto.
A informação é do promotor Sávio Carvalho, que se reuniu na tarde de hoje (13) com o procurador-geral Cleandro Moura, para planejar a ação do Ministério Público. Segundo o promotor, a grande quantidade de queimadas que se observa é um problema de saúde pública, de cunho patrimonial e também de segurança pública, porque a maioria dos focos são resultados de ação humana, numa ação, que Sávio Carvalho classifica, como dolosa ou culposamente irresponsável.
“A Procuradoria-Geral, de forma institucional, tomou as rédeas e vamos nos reunir amanhã com o governador para tratar dessa questão e exigir a apresentação de um plano emergencial de contenção dessas queimadas. Infelizmente os dados colhidos mostram que é uma situação que não se restringe apenas a Teresina, mas que está presente em todo o Estado”, diz o promotor.
O relatório entregue ao MP pelas forças de combate aponta que há focos de incêndio em toda a extensão da BR-343, que leva ao litoral, na região de São Raimundo Nonato e na região do cerrado piauiense.
Com relação à investigação criminal das causas das queimadas, o Ministério Público informou que está fazendo valer o que determina a Legislação brasileira e que serão apuradas ainda eventuais omissões com relação aos casos. O promotor Sávio Carvalho lembra que provocar queimadas é considerado prática criminosa aos olhos da lei, podendo ser punida com até seis anos de reclusão por crime contra o meio ambiente e atentado à segurança e à saúde pública.
“Há uma necessidade de uma força tarefa do Estado no sentido de atacar de frente esse problema. Há igual necessidade de um combate repressivo a essas queimadas porque a maioria não são causas naturais, e sim atos. Tem-se que verificar as ações dos órgãos competentes e apurar o que fato está sendo feito para acabar com essa situação ou o que vai ser plano em curto prazo, porque o fogo está se espalhando e nós não temos tempo de espera”, finaliza o promotor.