Militares se valiam da condição de PM’s para roubar cargas
Eles mantinham contato com funcionários de distribuidoras para saber onde e quando fazerem o roubo. Um deles é acusado de desviar dinheiro do roubo do BNB.
Os dois policiais militares envolvidos no esquema de roubo de cargas no Piauí e Maranhão se usavam da condição de PM’s para poderem interceptar as cargas e roubá-las e passar por barreiras sem serem parados. Identificados como Wanderley Rodrigues da Silva – o soldado W. Silva, e Bruno Costa de Oliveira Vieira – o soldado Bruno, eles mantinham contato com funcionários de distribuidoras para serem informados sobre onde e quando deveriam abordar os motoristas e roubarem a carga.
Ação foi deflagrada pelo Greco - Foto: Poliana Oliveira/O Dia
Os dois foram presos hoje em uma operação do Grupo de Repressão ao Crime Organizado (Greco). Como soldado W. Silva, a policia apreendeu uma pistola, uma balança de precisão e uma caderneta com anotações referentes ao grupo criminoso e planejamento de futuras ações; e com o soldado Bruno foi apreendida uma pistola. O pai do soldado Bruno, Francisco Félix de Oliveira Júnior, também acabou sendo autuado, mas por porte ilegal de arma. Ele portava um revólver quando os policiais chegaram até sua residência, local que Bruno costumava frequentar e que foi um dos pontos de diligência.
Material apreendido em poder dos presos - Foto: Poliana Oliveira/O Dia
Além de W. Silva e do soldado Bruno, também foram presos Josué Oliveira Santos e Adolfo Cícero Alencar Neto. Josué era funcionário de transportadora, era quem passava informações para o restante do grupo criminoso como notas fiscais discriminando as cargas, valores e rotas que elas seguiriam. Já foi detido ontem em Fortaleza, também era funcionário de uma transportadora, mas acusado de fazer o acompanhamento da carga e informar aos policiais o local exato para a realização da abordagem.
“Os soldados da PM, eles eram os responsáveis por articular os roubos nas regiões de Caxias e de Santa Inês, no Maranhão. O que chama atenção é justamente isso, essa organização interna da quadrilha: havia os que informavam sobre a carga, os que pegavam a carga nas estradas, os que guardavam as cargas em locais marcados, os que retiravam essa carga aos poucos dos depósitos, para não chamar atenção, e quem revendia esses produtos a terceiros. A divisão do lucro era feita de acordo com o valor dos produtos roubados e segundo a participação de cada um”, explicou o delegado Gustavo Jung, coordenador da operação.
Delegado Gustavo Jung, coordenador da operação - Foto: Poliana Oliveira/O Dia
A operação de hoje do Greco é resultado de ações anteriores da própria delegacia, como a prisão de duas pessoas, em janeiro, acusadas de participarem de roubos de cargas em depósitos de Teresina. Na ocasião, foram detidos Abimael Pereira da Silva e um outro soldado da PM, identificado como Rafael dos Santos Leal. As investigações anteriores do Greco apontaram também que o soldado W. Silva, preso hoje, é um dos acusados de ter subtraído dinheiro do roubo ao Banco do Nordeste (BNB), ocorrido em dezembro de 2017.
“O W. Silva, ele já era alvo de vários processos tanto na Justiça Militar quanto na Justiça comum. Importante ressaltar que toda a investigação que culminou nas prisões foi acompanhada pela Corregedoria e pelo Comando da Polícia Militar, na pessoa do coronel Lindomar Castilho”, explicou o delegado Tales Gomes, coordenador do Greco.
Delegado Tales Gomes, coordenador do Greco - Foto: Poliana Oliveira/O Dia
Os presos foram encaminhados ao Greco e serão conduzidos para o sistema prisional. O delegado-geral Lucci Keikko informou que a Polícia Militar está devidamente a par dos andamentos das investigações para que sejam tomadas as providências necessárias quanto ao processo de expulsão dos militares envolvidos no esquema criminoso.